quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O Caso “Perfeito” de Reencarnaçao

Ian Stevenson,1972 (Universidade de Virgínia)
(Traduzido por Vitor Moura)

A maioria dos parapsicólogos hoje acredita que a percepção extra-sensorial na parte de uma pessoa viva, mesmo a de um tipo altamente complexo, seja suficiente para explicar a evidência que algum de nossos predecessores, embora não todos eles, usaram para apoiar a crença na sobrevivência depois da morte. Porém estes julgamentos normalmente são feitos considerando apenas as características informacionais pelas quais pensa-se que uma pessoa morta forneceu evidência de sua sobrevivência. Existem, no entanto, outros tipos de dados cognitivos que podem indicar a sobrevivência e que tão prontamente não pode ser explicado pela hipótese de percepção extra-sensorial da parte de uma pessoa viva. Refiro-me a correspondências entre os aspectos comportamentais de uma pessoa morta, especialmente habilidades, e os de uma pessoa viva; e a aspectos do corpo físico da pessoa morta, tais como uma ferida, e a marcas ou deformidades de nascimento correspondentes na pessoa viva. Muitos casos de reencarnação têm características de uma destas espécies ou ambas. Tais casos todos têm fraquezas devido à sua dependência em testemunho humano, mas penso que em princípio eles podem fornecer evidência importante de sobrevivência. Para ilustrar descreverei o que eu considero o “caso perfeito” do tipo reencarnação. (descreverei o caso no passado, mas deve ser lembrado que eu não achei ainda o “caso perfeito.”)
O indivíduo era um rapaz nascido numa aldeia da França que teve várias marcas de nascimentos distintas. Quando começou a falar indicou que em sua vida prévia ele tinha sido atingido e morto com balas que os atingiram nos locais destas marcas de nascimentos. Como desenvolveu sua capacidade de falar ele deu mais detalhes. Nomeou os assassinos, e disse que um deles o acusou de fraudar nas cartas logo antes de atirar. Deu o próprio nome, e os nomes de seus pais, seus irmãos, e o de uma menina amiga. Ele também declarou onde tinha vivido e onde tinha sido baleado, assim como muitos outros pormenores da sua vida anterior.
Durante este período o rapaz mostrou várias características comportamentais que fizeram-no diferente entre as outras crianças da família. Resistiu a aprender o francês e preferiu conversar com uma linguagem incompreensível a seus pais. Levou o alimento à sua boca com as suas mãos em vez de usar os talheres; rejeitou as refeições da sua família e pediu arroz e caris quentes; exigiu um pedaço de pano que ele usou como um sarongue do Ceilão em vez da calça curta que seus pais lhe ofereceram. Mostrou agilidade em subir os troncos de árvores altas e disse que costumava pegar cocos. Quando ele não pôde subir nas árvores ele quis jogar cartas. Ele também pedia uma bebida que ele chamou “arack” e disse que era sua bebida favorita.
Seus pais fizeram um registro escrito das declarações da criança e de seu comportamento incomum. Eles não tiveram nenhuma conexão com o Ceilão e não sabiam nada sobre a pessoa que seu filho tinha descrito nem a linguagem estranha que ele falava.
Quando a criança tinha entre três e quatro anos de idade ela tinha mencionado detalhes suficientes da vida prévia de modo que seu pai chamou num investigador experiente. Este investigador fez notas adicionais próprias sobre as declarações e o comportamento da criança e identificou a língua que ele falava como Sinhalese. Ele então viajou à aldeia do Ceilão que o rapaz tinha nomeado e aí descobriu que um recolhedor de coco com o nome que o rapaz tinha dito existiu, foi assassinado por tiro vários anos antes do nascimento do rapaz na França. O corpo do homem assassinado foi examinado por um médico que tinha registrado os locais dos ferimentos no seu corpo. Estes correspondiam exatamente com os locais e com a aparência das marcas de nascimento no corpo do rapaz. Descobriu-se que as declarações do rapaz estavam corretas concernente aos fatos da vida e morte do homem morto no Ceilão. Além do mais, este homem teve exatamente os hábitos mostrados pelo rapaz francês, incluindo um afeto para arack e um entusiasmo para jogar cartas.
Este caso assim pareceria mostrar a reprodução numa pessoa viva de três características distintas de uma pessoa morta: memórias dos acontecimentos da vida da pessoa morta; características comportamentais, incluindo habilidades, tais como falar uma linguagem não normalmente aprendida pelo indivíduo e a capacidade de escalar troncos de árvore facilmente; e correspondências entre os ferimentos no corpo físico da pessoa morta e as marcas de nascimento. Não poderia ser dito então que em uma considerável extensão o indivíduo tinha reproduzido características importantes do homem morto que ele alegou ter sido? E que nesse caso, não seria a interpretação que este homem morto, de fato, renasceu, parecer mais provável que qualquer outra interpretação do caso? Alguém pensa que todas essas características poderiam ser plenamente explicadas por percepção extra-sensorial da parte do indivíduo vivo? Concluindo, desejo realçar outra vez que eu não tenho tal “caso perfeito” e que tenho mais esperança que expectativa que eu ache um.Eu posso dizer, no entanto, que achei casos reais que têm características semelhantes a este embora não iguais em todos os aspectos.
Artigo publicado na Research in Parapsychology, 1972.

Um comentário:

  1. "Este caso assim pareceria mostrar a reprodução numa pessoa viva de três características distintas de uma pessoa morta: memórias dos acontecimentos da vida da pessoa morta; características comportamentais, incluindo habilidades, tais como falar uma linguagem não normalmente aprendida pelo indivíduo e a capacidade de escalar troncos de árvore facilmente; e correspondências entre os ferimentos no corpo físico da pessoa morta e as marcas de nascimento."

    Impressionante...

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