quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ana Cláudia Peixoto IPCE-2006 


Este artigo traz informações sobre as inteligências múltiplas como hipótese reencarnacionista. Ou seja, vamos fazer uma ponte entre o que o homem adquiriu como inteligência em vidas passadas e como isso se manifesta hoje no presente. Compartilho também com vocês através do artigo, uma entrevista que fizemos com os pais de uma criança em que ela se mostra como tendo uma inteligência corporal sinestésica riquíssima. A criança só tem dois anos e meio, tem movimentos corporais desenvolvidos e joga basquete de uma forma bastante rara. Um fato dito como extraordinário se nos basearmos apenas na condição cognitiva atual.

A teoria das Inteligências Múltiplas

“E de repente
o resumo de tudo é uma chave.
A chave de uma porta que não abre
Para o interior desabitado
no solo que inexiste,
mas a chave existe”
(Carlos Drummond de Andrade )

A Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. Sua insatisfação com a idéia de QI e com visões unitárias de inteligência, e que focalizam sobretudo as habilidades importantes para o sucesso escolar, o levou  a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas.
Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada vez maior de entender e expressar significado em vários sistemas simbólicos utilizados num contexto cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre a capacidade ou estágio de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades ou estágios em outras áreas ou domínios (Malkus e col., 1988).
Na sua pesquisa supracitado o autor estudou entre outras coisas:

- O desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças superdotadas;
- Adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades sejam sequer atingidas; populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades intelectuais.
-  E como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.

As inteligências múltiplas

Howard Gardner identificou as inteligências lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Ressalta ainda que, embora estas inteligências sejam até certo ponto independentes uma das outras, elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem a necessidade de uma combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência espacial combinada com a destreza da cinestésica para ser bem sucedido.

O desenvolvimento das inteligências 

Gardner em sua teoria propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos possuem como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência no entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto por condições ambientais. Cada uma destas inteligências tem sua forma própria de pensamento ou de processamento de informações, além de seu sistema simbólico. Estes sistemas simbólicos estabelecem o contato entre os aspectos básicos da cognição e a variedade de papéis e funções culturais.
E finalmente, durante a adolescência e a idade adulta as inteligências se revelam através de ocupações vocacionais ou não-vocacionais, adotando o indivíduo um campo específico e focalizado no qual se realiza em papéis que são significativos em sua cultura.

O Caso Felipe e suas implicações com a teoria espírita
Compartilharemos com vocês o caso de um garoto chamado Felipe, que demonstra grande habilidade ligada ao esporte. Colocaremos suas habilidades de maneira especial como uma das expressões da inteligência e suas implicações diretas com a teoria espírita.
Em Fortaleza um garoto de apenas 2 anos e oito meses vem impressionando muita gente, com a sua incrível habilidade de jogar basquete. Jovem prodígio, Felipe Macedo possui a desenvoltura que, segundo especialistas no esporte, jogadores passam a ter apenas a partir dos sete ou oito anos.
A ligação de Felipe com o esporte começou segundo o pai Romelito Macedo, quando o garoto possuía ainda 1 ano e dois meses.”Ele pegou minha bola de basquete e deu já na primeira vez, três toques no chão. Com o tempo, ele já estava dando seis, sete, oito toques” conta Romelito, jogador de basquete em fins de semana como hobby. Felipe ainda não estuda, passando assim boa parte do tempo jogando basquete. Em sua casa, o pai do garoto fez uma cesta fixada na parede da garagem para que Felipe possa treinar e apesar do peso da bola usada por adultos e da altura da cesta desproporcional para seus 92 centímetros, Felipe consegue arremessar brilhantemente. Felipe quando perguntado sobre o que quer ser quando crescer suas palavras são bastante significativas ”NBA”.
O tipo de inteligência que o garoto Felipe apresenta, podemos dizer que seria a corporal cinestésica. Esta inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais e demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada.
Falando agora das aptidões, ela se torna bem significativa no estudo da reencarnação e sugere apreciações interessantes quando observado à luz das diversas doutrinas religiosas ou filosóficas. Casos como esse de crianças precoces sempre despertam atenções. A Ciência Acadêmica ainda não possui uma explicação consistente sobre o tema, atribuindo a tais casos uma "miraculosa" predisposição  biogenética potencializada por estímulos de ordem externa.
Uma grande dificuldade encontrada na Academia é a não concordância na definição do termo "superdotação". Alguns pesquisadores distinguem superdotado de talentoso, sendo o primeiro considerado como aquele indivíduo de alta capacidade intelectual ou acadêmica e o segundo como possuindo habilidades superiores nas áreas das artes, música, teatro.
O debate sobre o que é realmente a inteligência nunca foi tão promissor como atualmente. Muitas teorias têm ampliado o conceito de inteligência fugindo ao esquema ultrapassado de medição dela pelo Quociente intelectual o Q. I, mediante aplicação do teste de Binet.
O grande embaraço dessas teses é desconsiderar o fato de a inteligência ser atributo ou conquista do próprio indivíduo resultante da soma de conhecimentos e vivências de existências anteriores. Nesse sentido, admitindo-se a reencarnação, as idéias inatas são apenas lembranças espontâneas do patrimônio cultural do ser em diferentes esferas de expressão, alguns em estado mais latente como no caso de crianças-prodígio. Desse modo, ficaria bem mais fácil compreender toda essa complexidade da mente humana.
Só a pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a desproporção das qualidades morais, enfim, todas as desigualdades que alcançam a nossa vista. Fora dessa lei, indagar-se-ia inutilmente por que certos homens possuem talento, sentimentos nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só tiveram paixões e instintos grosseiros.
A influência do meio, a hereditariedade, as diferenças de educação não bastam, obviamente para explicar esses fenômenos. Vemos os membros de uma mesma família, semelhantes pela carne e pelo sangue, pelo histórico genético e educado nos mesmos princípios, diferençarem-se em muitos pontos.
Mais recentemente, o Doutor Richard Wolman de Harvard, incorporou às demais teorias em voga o conceito de Inteligência Espiritual, que seria a capacidade humana de fazer perguntas fundamentais sobre o significado da vida e de experimentar simultaneamente a conexão perfeita entre cada um de nós e o mundo em que vivemos. Não é exatamente o que define a Doutrina Espírita, mas já é um avanço no entendimento integral do indivíduo.

“Não haverá existência humana sem a
abertura de nosso ser ao mundo,
sem a transitividade de
nossa consciência”
Paulo Freire

Conclusão 

As implicações da teoria de Gardner para a teoria da reencarnação são claras quando se analisa a importância dada às diversas formas de pensamento, aos estágios de desenvolvimento das várias inteligências e à relação existente entre estes estágios. Howard Gardner fala de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. Para a teoria espírita se compara à individualidade que tem cada em suas diferenças ao se expressar e ao se desenvolver, imprimindo ritmos próprios ao aprendizado de acordo com sua evolução. Um indivíduo pode ter um desempenho precoce em uma área e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra. Na visão espírita, o individuo desenvolve em cada encarnação uma habilidade e conhecimentos que são necessários para sua evolução. A partir das vidas sucessivas, cada aptidão se desenvolve em maior ou menor grau, levando em consideração o fator “necessidade” para o espírito naquele momento. O que se considera hoje para a ciência como aprendizagem e desenvolvimento precoce, para a teoria espírita é tão somente habilidade espiritual já conquistada pelo espírito. E que de uma certa forma está apenas se aprimorando.
Percebo que a interação existente entre essas duas teorias necessita ser cada vez mais revisitada e que, somente assim, poderemos avançar na busca de um olhar mais aprofundado sobre a questão do conhecimento espiritual. Diferentes autores e diferentes pesquisas nos chegam como possibilidade de interlocução com esse novo pensar. Embarque nessa viagem e descubra o mundo das inteligências!!

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