sábado, 28 de fevereiro de 2009

A Hipótese Socio-psicológica Explica Casos do Tipo Reencarnação?

Ian Stevenson,1998 (Universidade de Virgínia)
(Traduzido por Vitor Moura)

Desde 1960, um de nós (IS) e seus colaboradores sistematicamente colecionaram e investigaram centenas de experiências de crianças que alegam lembrar acontecimentos de uma vida prévia como outra pessoa (Stevenson, 1974, 1975, 1997). Parece que estas experiências, chamadas “casos do tipo de reencarnação” (freqüentemente encurtada para “CORT”), mostra um número de características recorrentes (Cook et al., 1983) e que estes características permanece bastante estáveis com o tempo (Pasricha e Stevenson, 1987). Portanto, a ocorrência de CORT pode ser considerada como um fenômeno distinto e estabelecido?CORTs são mais prontamente achados em culturas em que a crença em reencarnação é aceita por muitos. (Exemplos também ocorrem, menos freqüentemente, em outras partes do mundo.) Embora as pessoas envolvidas em CORTs normalmente considere a experiência como um caso de reencarnação, é plausível pensar que a natureza e os relatórios destes casos sejam influenciados, ou talvez...

...inteiramente pode ser explicados, por processos culturais psicológicos. Os exemplos de hipóteses baseadas em tais processos são a hipótese “socio-psicológica” (Brody, 1979; Chart, 1962, 1987; Stevenson e Samararatne 1988) e a “construção de uma personalidade alternada”, hipótese de Mills (1989).Stevenson e Samararatne (1988, p. 237) expressaram a explicação baseada na hipótese “socio-psicológica” como se segue: Numa cultura tendo uma crença em reencarnação uma criança que parece falar sobre uma vida prévia será encorajada a dizer mais. O que ela diz então leva seus pais de alegum modo a achar outra família cujos membros vêm acreditar que a criança falou sobre um membro morto da sua família. As duas famílias trocam informação sobre detalhes, e elas acabam por fornecer o indivíduo com ter muito mais conhecimento sobre a pessoa morta identificada do que ele realmente tinha.Porque esta explicação cai dentro de processos socio-psicológicos estabelecidos, oferece uma das melhores explicações para CORTs em termos de processos não paranormais conhecidos. O estudo presente foi voltado para achar evidência para a validez desta explicação.A hipótese socio-psicológica de casos do tipo reencarnação sugere que os pais de uma criança podem elaborar, por interrogar, guiar, e posterior modificação, as declarações de sua criança feita sobre uma pessoa morta. Quando ninguém fez um registro escrito das declarações da criança antes delas serem verificadas, os pais podem assim acreditar que ela fez mais declarações, e mais corretas, do que de fato fez. O que se esperaria disso seriam menos declarações e menos corretas nos casos com registros escritos feito antes de verificação (casos B) do que nesses com registros escritos feito depois (casos A). Para testar esta hipótese, nós comparamos um grupo de casos B e um grupo de casos A da Índia e do Sri Lanka.Casos B são relativamente raros e principalmente da Índia e Sri Lanka.Exemplos de casos B podem ser achados em Stevenson (1975), Stevenson e Samararatne (1988), Haraldsson (1991), e Mills et al. (1994). Este tipo de caso é raro porque, se a criança dá bastantes detalhes específicos sobre a alegada vida prévia e se as distâncias envolvidas não são grandes, os pais normalmente tentarão verificar-se por si mesmos suas declarações. Eles raramente fazem um registro escrito do que a criança disse antes deles fazerem isto. Os investigadores assim tomam conhecimento da maioria destes casos só depois que as famílias em questão encontraram e misturaram suas memórias do que a criança disse e o que estava correto para a presumida pessoa morta cuja vida a criança pareceu se referir.MétodosPredições: A hipótese socio-psicológica supõe que depois que as famílias se encontram as interações terão três efeitos. Primeiro, podem estar dando às declarações erradas uma nova interpretação para fazê-las se encaixar com nova informação obtida sobre a suposta personalidade prévia. Segundo, as declarações pela criança inicialmente não atribuídas como sendo relacionadas à personalidade prévia poderiam ser interpretadas para se encaixar detalhes aprendidos sobre essa pessoa e subseqüentemente serem adicionadas à série de declarações, em que a criança é suposta ter feito sobre sua vida prévia. Terceiro, depois que as famílias se encontram, os informantes podem atribuir às declarações da criança que ela fez só depois que conhecem a informação normalmente. Portanto, baseado na hipótese socio-psicológica, se esperaria uma porcentagem mais baixa de declarações corretas em casos em que as declarações foram registradas antes das famílias terem se encontrado (o “antes” [“before”, em inglês], ou B casos) que em casos em que declarações foram registradas depois que as famílias tinham encontrado (o “depois” [“after”, em inglês] ou casos A). Além do mais, se esperaria o número total de declarações — corretas, incorretas, e não verificadas — fossem, em média, mais altas para os casos A do que para os casos B.Seleção de Casos: Todos os casos completamente investigados da Índia e do Sri Lanka, para os quais o número de declarações corretas e incorretas foram contadas e registradas, foram escolhidas. Isto deu 9 casos B e 57 casos A da Índia e 12 casos B e 25 casos A do Sri Lanka, para um total de 21casos B e 82 casos A.Estatística: Os dois grupos foram comparados usando testes t de Student.Embora as culturas da Índia (principalmente Hindu) e Sri Lanka (principalmente budista) tenham diferenças importantes, nós acreditamos que elas sejam suficientemente semelhantes para garantir nossa composição, inicialmente, de uma análise dos casos dos dois países. A porcentagem média de declarações corretas é 76,7% para os casos B e 78,4% para os casos A. Não obstante, porque cultura talvez tenha um efeito na porcentagem de declarações corretas, a análise foi repetida para os dois países separadamente. Para Índia, a porcentagem de declarações corretas é 80,7% (N = 9; SD = 12,9, mediana = 80) para o B casos e 80,3% (N = 57, SD = 16,8, mediana = 83,5) para os casos A. Para o Sri Lanka , estes valores são 73,8% (N = 12, SD = 17,8. mediana = 77) e 74,2% (N = 25, SD = 24,8, mediana = 84,5). respectivamente.O número médio de todas declarações revelou-se ser 18,5 para os casos A (SD = 12,0, mediana = 15) e 25,5 para os casos B (SD = 9,9, mediana = 24,5), uma diferença significativa (t = 2,44, df = 101, p Consideramos a possibilidade que se as famílias envolvidas nos casos A tiveram algum conhecimento uma da outra, contudo leve, antes do caso ser desenvolvido, a criança, ou pais, poderiam ter usado qualquer conhecimento normal que eles têm para aumentar o número de declarações corretas atribuídas à criança. Nós portanto fizemos uma análise separada para examinar tal contaminação. Para 79 dos 82 casos A, nós tivemos informação sobre conhecimento prévio (ou sua ausência) da parte da família do indivíduo sobre a família da pessoa morta em questão. Achamos que quando a família do indivíduo teve tal conhecimento prévio (N = 35), o número médio das declarações do indivíduo era 21,0 (SD = 14,9, mediana = 16); a porcentagem média de declarações corretas para este subgrupo era 76,1 (SD = 19,5, mediana = 83). Quando a família do indivíduo não teve nenhum conhecimento prévio da outra família (N = 24), o número médio das declarações do indivíduo era 16,6 (SD = 8,7, mediana = 14); a porcentagem de declarações corretas para este grupo era 78,9 (SD = 20,4, mediana = 85). Estas diferenças não eram significativas. Embora o subgrupo com algum conhecimento prévio da outra família teve um número total levemente mais alto de declarações, a porcentagem de declarações corretas neste subgrupo era mais baixa que no grupo em que a família do indivíduo não teve nenhum conhecimento prévio da outra família.DiscussãoContrário à expectativa, casos A e B da Índia e Sri Lanka todos forneceram porcentagens aproximadamente iguais de declarações corretas e o número total médio de declarações era mais baixos para os casos A. Estes resultados sugerem que o processo socio-psicológico de “criar” mais declarações, e mais corretas, depois que as famílias se encontram não acontecem nem influenciam os dados a um grau mensurável. A existência do mesmo fato para os casos B casos indicam que um encontro entre as famílias não é uma condição necessária para a ocorrência de CORT. Porque os dados parecem não confirmar as predições essenciais derivadas da hipótese socio-psicológica, esta hipótese parece incapaz de explicar CORT.ConclusãoNenhuma evidência foi obtida para apoiar a hipótese que as circunstâncias socio-psicológicas promovem uma elaboração falsa de memórias aparentes de vidas prévias.ReferênciasBrody EB (1979) Review of cases of the reincarnation type. Vol II. Ten cases in Sri Lanka by I. Stevenson. J Nerv Ment Dis 167:769-774.Chan CTK (1962) Paramnesia and reincarnation. Proc Soc Psy­chical Res 53:264-286.Chart CTK (1987) Correspondence. J Soc Psychical Res 54:226-228.Cook EW, Pasricha S, Samararatne G, Win Maung, Stevenson I (1983) A review and analysis of “unsolved” cases of the re­incarnation type: II. Comparison of features of solved and un­solved cases. JAm Soc Psychical Res 77:115-135.Haraldsson E (1991) Children claiming past-life memories: Four cases in Sri Lanka. J Sci Expl 5:233-261.Mills A (1989) A replication study: Three cases of children in northern India who are said to remember a previous life. J Sci Expl 3:133-184.Mills A, Haraldsson E, Keil HHJ (1994) Replication studies of cases suggestive of reincarnation by three independent inves­tigators. JAm Soc Psychical Res 88:207-219.Pasricha S, Stevenson I (1987) Indian cases of the reincarnation type two generations apart. J Soc Psychical Res 54:239-246.Stevenson I (1974) Twenty cases suggestive of reincarnation (2nd rev ed). Charlottesville, VA University Press of VirginiaStevenson I (1975) Cases of the reincarnation type (Vol I): Ten cases in India. Charlottesville, VA: University Press of Vir­ginia.Stevenson I (1997) Reincarnation and biology: A contribution to the etiology ofbirthmarks and birth defects. Westport, CT: Praeger.Stevenson I, Samararatne G (1988) Three new cases of the re­incarnation type in Sri Lanka with written records made be­fore verifications. J Nerv Ment Dis176:741.Sybo A. Schouten, Ph.D.1Ian Stevenson, M.D.[1] Psychology Laboratory, Utrecht University, Utrecht, The Netherlands.Division of Personality Studies, Box 152 HSC, University of Virginia, Charlottesville, Virginia 22908.Enviem petições de reimpressão ao Dr. Stevenson.A investigação e análise dos casos informados aqui foram apoiadas pelo Nagamasa Azuma Fund, The Lifebridge Foundation, a Bernstein Brothers Foundation, Richard Adams, e um doador anônimo. Agradecimentos são devidos a Erlendur Haraldsson e Satwant Pasricha por contribuir com casos incluídos na análise ou participar de sua investigação. Emily Cook e Dawn Hunt ofereceram comentários úteis para a melhoria deste relatório.

J Nerv Ment Dis 1998 186(8) pags. 504-506 / Schouten SA, Stevenson I

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O Universo como Realidade Virtual

por Mauricio Mendonça, 2005

Essa linha de pensamento é realmente intrigante. Selecionei parte do texto para uma analise; na verdade mais uma especie de elocubração mental de minha parte. Vejam:

<< realidade na qual vive o ser humano seria de fato "real" na acepção do termo? Como explicar a percepção de certas culturas antigas que afirmavam ser a vida "maya", isto é, uma ilusão? Significaria, então, que o ser humano vive numa realidade apenas aparente? Haveria uma outra vida paralela, ou pseudo-material?... Os pesquisadores dizem o contrário. Isto, porque foi descoberta uma forma de atestar que a vida é mesmo ilusória: o holograma, que é mais um mistério que intriga e fustiga. O holograma seria uma cópia tridimensional, ou seja, uma fotografia fidelíssima de um objeto original... ..... Em resumo, a vida seria virtual, funcionando igual a um "vídeo-game", onde tudo poderia acontecer, dependendo da "programação" feita pelo seu autor.>> Andre Soares

<>

MM: Não tenho conhecimento da Fisica suficiente para argumentar contra a teoria do Universo Holografico. A grosso modo meu bom-senso me diz, que não é possivel subdividir infinitamente uma parte e essa continuar contendo todas as informações do objeto original. Contudo copactuo com a ideia de que todas as coisas estão interligadas entre si e mesmo interdependentes.

O espirito Andre Luiz (Evolução em 2 mundos) fala que estamos mergulhados no 'halito do criador' e eu entendo isso como 'a mente de Deus' - seria algo muito parecido com o sistema Matrix (do filme) - em ultima analise o que chamamos de realidade, seria uma grande REALIDADE VIRTUAL, cujo ambiente mantenedor (Deus?) pertenceria a um outro tipo de realidade atemporal e imaterial.
[ Ver meu artigo - Logos, a origem de tudo.
http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo1399.html ]

**Suspeito** que em ultima analise, que a NOSSA realidade seja formada (construida) somente por algo que chamarei de INFORMAÇÃO. Nada seria menos material que isso !!!

Abraços Fraternos
Mauricio Mendona

From: Eduardo Lima
Tronconi e todos,

Eu estava conversando com o Mauricio, e pelo que eu entendi (e acho q nao entendi), ele pensa que no final, depois de todas as divisões de uma particula nao resta "nada material". Esta conclusão leva a outra: nada material nao pode formar nada material..... antes que eu continue, acho melhor que ele mesmo se explique.....
Pois ele esta muito afim de debater este tema, e eu de ler .... os debates... naturalmente, faço questão de expor que de minha parte, acredito que saber que existem outras realidades, nao siginifica que nenhuma seja verdadeira...

E com relação a questão da divisão da coisas ate o nao material.... prefiro que ele e vc se manifestem primeiro e depois eu vejo se comento... este que é, para mim, um dos mais nebulosos assuntos que ja correram nesta lista...

PS Tambem oremos para que o(a)s psiquiatras da lista nao nos declarem insanos durante os debates...

From: Mauricio
Todas essas possibilidades postas aqui por nós, mostram quanto terreno
a ciencia ainda precisa caminhar. Estamos conversando mais na base da
intuição do que propriamente das conclusões, isso nos deixa num
terreno pantanoso, mas extramamente estimulante para mentes ferteis e
criativas.

Pois bem, sobre a questão da(s) 'particula(s)' básicas, foi dito...

Edu:
"> ... o Mauricio pensa que no final, depois de todas as divisões de
uma particula nao resta "nada material"."

MM:
Intimamente suspeito que seja isso realmente, mas tenho a meu favor
algumas informações provinientes do fisico Stephen Hawking, que
apontam para essa conclusao:

"A fisica classica pressupoe que a materia é um meio continuo...nas
recentes pesquisas em fisica nuclear nos levaram a escalas de 1 bilhao
de vezes menos que o atomo. Pode parecer que isso levaria a uma serie
infinita de divisões...na fisica a menor 'particula' é limitada pela
constante de Planck."

"Na teoria das supercordas... as cordas como suas homonimas do
dia-a-dia, são objetos com extensão unidimensional. Elas possuem
apenas comprimento.... ONDULAÇOES nas cordas são INTERPRETADAS como
particulas...."

Ou seja diferentes VIBRAÇÕES em/de uma corda provoca um surgimento de
APARENTES particulas diferentes. Ou por outra particulas pontuais
efetivamente nao tem existencia real - pontual e uniforme.

Daí surge uma nova pergunta: O que efetivamente seria uma CORDA? Qual
seria a sua natureza intrinsica? -- Estou cada vez mais convencido que
'corda' é somente uma informação (de novo). Parece que o Prof. Troconi
tem um pensamento semelhante quando diz:

TRC:
"... devemos parar em algum desses pontos e tentar entender a questão
da informação ou talvez da inteligência
armazenada em algumas dessas partículas."

MM:
Prof. muito interessante o texto postado sobre a lider do movimento
teosofico. Com relação a pergunta final:

TRC:
"Uma pergunta: o átomo é inteligente?"

MM: Pra mim, isso vai depender do conceito que dermos a inteligencia.
Pra mim um atomo (e qualquer outra coisa) é basicamente informação...
e informação é uma dos atributos da inteligencia. Ele vibra e tem
movimento, e transforma-se... então, dentro dessa visão, eu diria que
SIM.

Abraços Fraternos
Mauricio Mendonca

From: Eduardo

Sim, eu acho acho q vcs dois estão trilhando o mesmo caminho ou raciocinio..... mas O QUE É UMA INFORMAÇÃO? essa tal particula final da matéria? e outra pergunta "mais fácil", se no final so existe essa tal informação quais as consequencias disso para o "nosso conceito" de realidade?

Quero insistir, que desconfio, que, como o tempo (parafraseando Eistein), a
realidade é um incomodo que persiste..
From: Mauricio

Como disse o Prof. Troconi:

"...informação é um "algo" que ao interagir desempenha uma função que vai do simples, muito fácil de entender, ao complexo mais difícil de entender."

Como bem disse o Prof. ele 'pulou' a propria definição de informação, e fez talvez por respeito a formalidade academica que sua formação exige, creio. Ou seja, foi até onde dava pra ir com uma certa segurança teorica.

Eu proprio que não tenho essa formação (nem responsabilidade), vacilo ante o desafio apresentado, mas vou tentar delinear o meu surreal pensamento:

Nesse contexto, o que eu entendo o que seja INFORMAÇÃO?

Vou começar dizendo o que não é: Algo material (como conhecemos)! Daí vem aquela conclusão... Se as coisas são "formadas" por algo não material, a realidade percebida pelos nossos sentidos pode não ser assim tão real (material) quanto percebemos. Até aqui, as coisas tem um certo respaldo na fisica. Daqui pra frente, segue uma arroubo da imaginação... quase(?) uma ficção:

O Nosso universo (com suas possiveis dimensoes extras) seria uma gigantesca RV realidade virtual (no melhor estilo Matrix). Nem quero pensar no tamanho do "computador" para processar isso tudo. Nesse ambiente virtual de n-dimensões a "paisagem", as coisas palpaveis, são resultados, em ultima analise de formulas matematicas, probalisticas, factoriais, etc.

INFORMAÇÃO nesse contexto seria essas formulas, esses dados, que 'produziriam' essas imagens 3D (ou nD) - a RV.

O algoritimo da programação desse ambiente de RV, foi desenvolvido de tal forma, que propociona o ordenamento das coisas tal qual nós vemos (sistemas galaticos, estelares, nucleares, etc), são as LEIS DA FISICA. Ele tb propociona o surgimento de EVP - entidades virtuais "pensantes" capazes de "evoluirem", tornando-se autoconsciente e chegam mesmo a especular se são de fato reais!!! A Psiquê.

Ponha-se no lugar de um desses EVP´s de ordem superior auto-consciente.... como voce interpretaria esses dados/informaçoes computacionais? Lembre-se que voce os "vê", os "toca", etc. Ou seja para um EVP essa RV é muito real (material mesmo). Mas para o "programador" tudo isso seria bem irreal, virtual seria mais acertado. Pra tudo desaparecer, bastaria puxar o plug da tomada. Espero que "ele" tenha um bom nobreak!


Abraços Fraternos
Mauricio Mendonça

Notas:
O Principio Holografico
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O Princípio Holográfico, ainda não provado, estabelece que há um máximo de quantidade de conteúdo de informação suportada por regiões adjacentes a qualquer superfície. Portanto, contra a intuição, o conteúdo da informação dentro de uma sala depende não do volume da sala, mas da área das paredes que a limitam. O princípio deriva da idéia que o comprimento de Planck, a escala de comprimento onde a mecânica quântica começa a dominar a gravidade clássica, é uma superfície com uma área que pode suportar apenas um bit de informação. O limite foi primeiro postulado pelo físico Gerard 't Hooft em 1993. Ele pode originar gerações de especulações similarmente distantes de que a informação suportada por um buraco negro é determinada não pelo volume que encerra, mas pela área superficial de seu horizonte de eventos. O termo "holográfico" surgiu de uma analogia com um holograma, onde as imagens em três dimensões são criadas pela projeção da luz através de uma tela plana.

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Esse artigo é uma compilação de um debate (O universo holográfico) que aconteceu na lista de discursao do IPCE.


2009/1/29 Mauricio Mendonca
Alo Andre,

Respondendo após MM5#

2009/1/29 André Luís
Maurício,

Acho que você ainda está um tanto indeciso sobre suas postulações metafísicas: um dilema de abraçar a visão espírita ou de se alinhar ao idealismo. Não seria isso? Seja como for, penso que as duas posições são extremamente difíceis de serem sustentadas cientificamente.


MM5# Não considero a hipotese de "a realidade" ser gerada por apenas por um cerebro (ou mente) humana. Então nao me enquadro no idealismo. Não penso que minha posição seja conflitante com a espirita, acho mesmo que é complementar. Entretanto, mesmo que fosse, eu não tenho que obrigatoriamente escolher entre uma e outra.

Abaixo, vou de azul...

Abs,
André Luís.


MM4# Quase exatamente. Seria uma especie de "idealismo radical"... :-) Seria mais ou menos como no Filme Matrix ... só que ao inves de "cerebros conectados" teriamos "mentes conectadas"...isso a meu ver essa ideia resolve todos os problemas mostrados no artigo - porem surge um enorme 1 enorme: "O que é a Matrix?"

[AL 29/01/2009]: Então na sua posição você não postularia mais uma base física para as "mentes conectadas"?


MM5# Em ultima instancia, não.


MM4# Acho que estamos discutindo em bases teoricas diferentes...Para o espiritismo temos dois dominios distintos propriamente ditos: O Material e Espiritual (LE P.27) ou Inteligente (P.79), a interface entre um e outro é FCU (Fluido Cosmico Universal(LE P.27) que hoje em dia pode ser entendido como Energia ('..combinações do FCU: Fluido eletrico, fluido magnetico, etc...)...


[AL 29/01/2009]: Mas do que é composto esse mundo espiritual? Matéria sui generis? Apenas "mentes conectadas"? Do que afinal?


MM5# Nao sei se percebeu, que esse dominio espiritual é diferente do mundo do afterlife. No mundo afterlife ainda teriamos materia com propriedades parecidas com o mundo normal. No dominio espiritual não. Então, perguntaria voce, de que seria feito afinal esse mundo espiritual? No LE:

P.88: Os espiritos (dominio espiritual ou inteligente) tem uma forma determinada, limitada e constante?
-- Para vos, nao. Para nós, sim. O espirito é se quiserdes (por analogia), uma chama, um clarao ou uma centelha eterea.

P.23: Qual a natureza intima do espirito?
-- ... o espirito nao é uma coisa palpavel, para vós ele não é nada; mas para nós é alguma coisa.

MM5# Suponho eu, que esse mundo seja da mesma natureza da "mente".




MM4# Sendo mais explicito, apos a morte ainda estariamos no dominio material, ainda teriamos um cerebro, mas é uma situação transitoria até chegarmos ao estado de "espirito puro" - em um dominio puramente espiritual.
Sei que cientificamente é dificil de sustentar essa posição, mas podemos ver até onde vai dar


[AL 29/01/2009]: Teríamos um cérebro perispiritual? É isso?

MM5# Isso. Mas não só o cerebro, claro.

E o que é um "domínio puramente espiritual"?

MM5# Vide acima. Seria como um dominio mental.

Neste domínio a mente ainda precisaria de um suporte físico/material?

MM5# Não. Pelo menos, não materia como a definimos.

Se não, penso ser incoerente exigir um suporte físico sui generis para a mente continuar após a morte corporal, isso porque, se em última instância, a mente viveria independente da matéria, tanto o cérebro físico-biológico e o perispiritual transmitiriam a mente, no lugar de produzi-la,

MM5# A existencia dos dois lados (encarnado/desencarnado) propicia no minimo a evolução da mente, tanto com relação as experiencias morais/inteligentes na carne quanto a propria evolução do corpo biologico (encarnado e perispiritual). Grosso modo, poderiamos dizer que o processo encarnado/desencarnado é um processo de produção em serie de "mentes" para viver no dominio espiritual.

logo, ontologicamente, a mente seria uma unidade fundamental da natureza, ao lado da matéria.

MM5# É, poderiamos dizer tambem dominio mental x dominio material.

Você ainda teria o problema da demarcação: quando, no curso da evolução, a mente viveria sem alguma espécie de filtro-físico transmissivo?

MM5# Tambem existe esse "problema" na demarcação entre mentes de animais e hominal, pois a mente humana evolui da animal - mas na pratica é facil reconhecer - parece existir uma especie de "salto quantico". De repente, ganha-se "consciencia" ou no caso presente hiper-consciencia.

Você não acha que é possível enxutar toda essa metafísica, de modo a torná-la, inclusive, uma hipótese científica que já é evidenciada pela pesquisa psíquica e a parapsicologia?


MM5# Enxugar por enxugar, nao. A nao ser que haja uma hipotese tão abrangente quanto. O problema nesse caso é que não ha uma teoria parapsicologica unificada de consenso e que explique uma larga gama de fenomenos.


MM# Concordo, mas nao venha me dizer que isso é facil de explicar/entender, que não é. :-)

[AL 29/01/2009]: Eu até entendo que é difícil de evidenciar como processos mentais não podem ser reduzidos aos nossos corpos biológicos. Agora, o que não compreendo é por que, de antemão, eu deveria assumir que a vida mental deve ser subordinada (ou produzida) pela matéria, mesmo esta sendo algo sui generis?


MM5# Conforme vimos acima, não é subordinada/produzida pela materia.


Abraços Fraternos
Mauricio Mendonça



Abs!


2009/1/28 Mauricio Mendonca

Ola Andre,

Vamos agora depois de MM4#

2009/1/28 André Luís
Maurício,

vou de azul.

Abs,
André Luís.


MM3# Não estou suficientemente a par desses estudos para uma critica consistente... de qquer forma, penso que não são mutuamente exclusivos... sei o suficiente para afirmar que a mente pode criar "alucinações" bastante "objetivas" para quem as tem. A questão é: todos os casos podem assim serem enquadrados? Penso que não, a não ser que, tenhamos outras teorias auxiliares, como a desenvolvida no seu texto para complementa-la. Acho que são ideias interessantes mas precisam de mais desenvolvimento,

[AL 28/01/2009]: Todos os casos podem ser explicados.

MM4# Mas precisaria da hipotese "entrelaçamento telepatico". Ok.

[AL 28/01/2009]: Em todo caso, uma interpretação teórica não se faz com seleção de casos, mas sim sobre a análise do conjunto, atribuindo, quando possível, maior peso aos mais rigorosamente coletados. Os relatos anedóticos de aparições autênticas de vivos e de mortos mostram que as experiências variam entre o que se poderia chamar de "aparição perfeita" até àquelas que se assemelham a um espectro translúcido e incompleto. Não penso ser razoável dizer que aqui são corpos espirituais "mutilados" ou que houve uma falha de algo como uma "clarividência transcendente" por parte do percipiente vivo. No lugar, bastaria dizer que há um entrelaçamento telepático entre emissor e percipiente, no qual processos psicológicos que funcionam a nível subliminar promoveriam uma experiência alucinatória de modo a tornar a psi consciente. Penso assim pelas seguintes razões: a uma, existe evidência fortíssima a favor da telepatia; a duas, os estudos ganzfeld são evidências de experiências alucinatórias que tornam a psi consciente; a três, a alucinação telepática explicaria experiências visionárias de ambientes e lugares, de animais e objetos inanimados e os adornos que acompanham, inclusive, as "aparições perfeitas".


MM4# Estamos falando especficamente das"alucinçoes", não é isso?


MM3# Dá pra fazer um resumo desse dualismo radical? Ou apontar um link?

[AL 28/01/2009]: Segue tradução: http://parapsi.blogspot.com/2008/09/parapsicologia-e-dualismo-radical.html


MM4# Otimo.
"Igual ao idealismo, a idéia de que só a mente existe, que é a única outra opção monista, apesar de ser logicamente inexpugnável, é tão fantástico que existem hoje poucos idealistas explícitos, embora, como veremos, ele suporta um bom tratamento no pensamento corrente no que se refere à interpretação da Física moderna."

MM4# Pessoalmente estou mais para o "idealismo". Mas não tenho competencia o bastante para defesa da posição.

MM3# Nesse contexto colocado por mim, não pode ser visto como um ad-hoc, pois trata-se de uma hipotse auxiliar, pois NAO foi introduzido para evitar uma refutação do nucleo (hardcore). Repare que esse pressuposto (a existencia do perispirito) pode ser abandonado sem afetar as hipoteses centrais.

[AL 28/01/2009]: Bem, mas no que facilita a existência do perispírito? Por que você precisa desta hipótese auxiliar? Qual o fundamento disso?


MM4# Vou tentar explicar no isso post prometido para "depois".


MM3# Estou disposto, mas não tanto...Se eu fosse realmente defender a minha hipotese pessoal (ja confidenciei ao Eduardo), alguns duvidariam da minha sanidade mental :-) ... é ainda mas radical que a sua.. nela não há lugar para nada material (em ultima instancia). Uma pista:
http://mail.google.com/mail/#search/logos+espiritismo/10d35adff36f46f7


[AL 28/01/2009]: Seria o idealismo?
http://parapsi.blogspot.com/2008/05/o-problema-com-o-idealismo.html


MM4# Quase exatamente. Seria uma especie de "idealismo radical"... :-) Seria mais ou menos como no Filme Matrix ... só que ao inves de "cerebros conectados" teriamos "mentes conectadas"...isso a meu ver essa ideia resolve todos os problemas mostrados no artigo - porem surge um enorme 1 enorme: "O que é a Matrix?"



MM3# Objetivamente nao precisa ter um "por que"... talvez isso facilite (ou possibilite a evolução dos seres). Um ser que se renova (morre/nasce mudando de mundo) favorece a sua propria evolução (material e espiritual).

[AL 28/01/2009]: Facilita em que?

MM4# Vou tentar explicar mais no post prometido para "depois".


MM3# A proposito, qual (como) seria o suporte de uma consciencia afterlife? poderia existir uma realidade subjetiva sem o suporte de outra objetiva? Não sao perguntas faceis de resolver...

[AL 28/01/2009]: Penso que são fáceis sim. O problema é o pré-conceito. Na realidade eu acho tudo meio irônico. Se você acredita que nossas capacidades mentais não podem ser reduzidas ao cérebro, qual a razão de imaginar um outro suporte físico para a mente se expressar? No final das contas, você não passaria de um fisicalista.

MM4# Acho que estamos discutindo em bases teoricas diferentes...Para o espiritismo temos dois dominios distintos propriamente ditos: O Material e Espiritual (LE P.27) ou Inteligente (P.79), a interface entre um e outro é FCU (Fluido Cosmico Universal(LE P.27) que hoje em dia pode ser entendido como Energia ('..combinações do FCU: Fluido eletrico, fluido magnetico, etc...)...

P.26 - Pode-se conceber o espirito /dominio/ sem a materia e vice-versa? -- Pode-se, sem duvida, pelo pensamento.

MM4# Sendo mais explicito, apos a morte ainda estariamos no dominio material, ainda teriamos um cerebro, mas é uma situação transitoria até chegarmos ao estado de "espirito puro" - em um dominio puramente espiritual.
Sei que cientificamente é dificil de sustentar essa posição, mas podemos ver até onde vai dar.

Particularmente não tenho dificuldades em me filiar a teóricos que vêem a mente como uma unidade fundamental dentro da ontologia, da mesma forma que enxergo a matéria/energia. Eu até apostaria que muito da limitação imaginativa dentro da filosofia da mente vem de exageradas analogias entre a atividade mental e o computacionismo.


MM# Concordo, mas nao venha me dizer que isso é facil de explicar/entender, que não é. :-)


Abraços Fraternos
Mauricio Mendonça


Abs!
2009/1/27 Mauricio Mendonca

Olá Andre e todos,

Li o seu texto. Achei-o um tanto familiar... creio que nas minhas elucubrações mentais já andei cogitando ideias semelhantes...ultimos comentarios apos MM3#

2009/1/24 André Luís

Respondendo depois de [AL 24/01/09]...
Abraços.
2009/1/23 Mauricio Mendonca

Ola Andre, comento apos MM2:

2009/1/20 André Luís
Maurício,

Respondendo depois de A2..

contrariada por algumas outras provenientes da pesquisa psíquica.

MM# Daria pra explicar melhor?

A2: Através de exemplos. A hipótese espírita sobre as visões de mortos e de clarividência transcendente parecem ser construtos psicológicos oriundos da personalidade do percipiente e/ou de algum "emissor" ou lugar, logo, em oposição a interpretação que infere a possibilidade de "duplos etéreos" (e perispírito) ou de uma natureza além-túmulo objetivamente real.


MM2: Até onde percebi, "parecem ser" nao constitui uma refutação clara. Creio entretanto que os dois fenomenos podem existir concomitantemente. Mas seria muito interessante um debate mais detalhado sobre esse tema,,,

[AL 24/01/09]: Veja Maurício, eu coloco "parece ser" como forma de evitar uma impressão dogmática. Se você estiver a par sobre casos de aparições e clarividências entenderá, como a maioria dos pesquisadores psíquicos (talvez a exceção seja apenas Hornell Hart) , ou seja, que as experiências visionárias são criadas por elementos das personalidades do percipiente e/ou de algum emissor. Sugiro você ler Apparitions, de G. N. M. Tyrrell, "Alucinações e Aparições" do Mackenzie, alguns textos sobre Aparições e EFCs do Stephen Braude disponíveis na Web.


MM3# Não estou suficientemente a par desses estudos para uma critica consistente... de qquer forma, penso que não são mutuamente exclusivos... sei o suficiente para afirmar que a mente pode criar "alucinações" bastante "objetivas" para quem as tem. A questão é: todos os casos podem assim serem enquadrados? Penso que não, a não ser que, tenhamos outras teorias auxiliares, como a desenvolvida no seu texto para complementa-la. Acho que são ideias interessantes mas precisam de mais desenvolvimento,


...seria composto de que? Ele seria material? Seria composto de matéria quintessenciada, segundo a visão espírita?

MM: Essas duvidas, são exemplos do que nao pode ser deduzido... e como voce bem disse carece de evidencias.

[AL 24/01/09]: A questão é: um Universo material quintenssenciado pode ser testado? Penso que não.

MM3# Até o presente não. Mas penso que se ha comunicação...pode ser testado futuramente.


A2: Sim, mas existe uma interpretação bem mais defensável para uma "Vida Futura", mais científica, mais escorada na psicologia, e que não precisa explicar perguntas como "para onde vamos depois que morremos", porque simplesmente não iremos pra lugar nenhum. Seria uma prospecção miniminista do dualismo a qual presentemente acredito ser o melhor modelo.

MM2: Essa é a versao da ciencia normal. O problema é que precisamos empurrar muitas coisas pra debaixo do tapete...

[AL 24/01/09]: A ciência normal defende mais o emergentismo. Minha hipótese é de um dualismo radical, similar ao de John Beloff. Neste, virtualmente não há nada sob o tapete.


MM3# Dá pra fazer um resumo desse dualismo radical? Ou apontar um link?


MM: Essas questoes, sao pertinentes... mas aí ja teriamos hipotese auxiliares (segundo Lakatos)... portanto podem ser refutadas e abandonadas... Nesse sentido eu incluo o perispirito nesse bojo, porque acho necessario um suporte "fisico"(?) para a consciencia (ou alma). Para os objetos inanimados nao vejo essa necessidade.

A2: Eu já pensei assim. Mas, convenhamos, por que a necessidade de um suporte físico?Por que a mente deve ser subordinada a matéria?

MM2: Repare que botei -fisico- entre aspas e seguido por uma interrogacao....de cara, percebe-se não tratar de materia fisica tal qual conhecemos...

[AL 24/01/09]: Sim, mas isso me soa extremamente um ad-hoc metafísico.

MM3# Nesse contexto colocado por mim, não pode ser visto como um ad-hoc, pois trata-se de uma hipotse auxiliar, pois NAO foi introduzido para evitar uma refutação do nucleo (hardcore). Repare que esse pressuposto (a existencia do perispirito) pode ser abandonado sem afetar as hipoteses centrais.


Afinal é matéria ou não? É objetivo ou subjetivo? Você está disposto a sustentar algo como uma matéria sui generis?


MM3# Estou disposto, mas não tanto...Se eu fosse realmente defender a minha hipotese pessoal (ja confidenciei ao Eduardo), alguns duvidariam da minha sanidade mental :-) ... é ainda mas radical que a sua.. nela não há lugar para nada material (em ultima instancia). Uma pista:
http://mail.google.com/mail/#search/logos+espiritismo/10d35adff36f46f7



Então você seria, de certo modo, um adepto da teoria da produção, já que um tal "suporte físico" criaria a mente?

MM2: Não sou. Meu pensamento é que de fato há "uma evolução em dois mundos"... onde ha a junção entre dois elementos distintos, mas um não cria o outro. Sei que nao estou sendo suficientemente claro, mas poderemos aprofundar o debate...

[AL 24/01/09]: Penso existirem dois mundos também. Um objetivo e outro subjetivo e compartilhado. Mas por que um "Afterlife" precisa ter uma base material sui generis?

MM3# Objetivamente nao precisa ter um "por que"... talvez isso facilite (ou possibilite a evolução dos seres). Um ser que se renova (morre/nasce mudando de mundo) favorece a sua propria evolução (material e espiritual).

MM3# A proposito, qual (como) seria o suporte de uma consciencia afterlife? poderia existir uma realidade subjetiva sem o suporte de outra objetiva? Não sao perguntas faceis de resolver...


Qual o fundamento pra você restringir a natureza da vida mental a um subproduto da matéria (mesmo que esta seja algo transcendente, mas que não deixa de ser físico, como uma mesa ou um elétron)?

MM2: Não é isso. Vou ver se consigo expressar-me com maior clareza posteriormente.

[AL 24/01/09]: Penso que seria isso sim. Mas gostaria de ver sua alternativa, é claro.

MM3: Vou tentar fazer isso em um novo post...tomando como base o livro de Andre Luis "Evolução em dois mundos"... segundo alguns um amontadado de frases sem sentido... :-)))


E mais. Alegar um pressuposto físico para a existência da mente também não deixa um teórico sobrevivencialista vulnerável frente a 2ª lei da termodinâmica? Cheguei uma vez a pensar num monismo energético (assim justificando uma base física para a consciência: http://parapsi.blogspot.com/2008/07/para-uma-teoria-etiolgica-de-uma-mente.html), mas hoje reputo ser extremamente desnecessário. Aliás, tirando isso e a complacência que tive ao panpsiquismo, no link acima existe um bom resumo de minha opinião metafísica transcendencialista.


MM2: Vou ver se leio o seu texto.

[AL 24/01/09]: Um grande abraço!!!

Abraços Fraternos
Mauricio Mendonça


Abraços,
André Luís.

2009/1/20 Mauricio Mendonca
Olá Andre,

Faço alguns comentarios apos MM#

2009/1/20 André Luís

Olá Maurício,

Vou fazer algumas perguntas iniciais, para, nas mensagens posteriores, colocar meu ponto de vista. Penso que a visão mais ordinária sobre uma prospecção de "como seria a Vida Após a Morte" é, além de carente de evidências,

MM# Concordo plenamente.

contrariada por algumas outras provenientes da pesquisa psíquica.

MM# Daria pra explicar melhor?



Por suas respostas ao Montalvão, não consegui vislumbrar a que tipo de natureza ou qualidade você atribui a uma "Vida Futura", questão a qual reputo crucial para se desenvolver elucubrações mais detalhistas e decorrentes; então, questiono se esse local "não perceptível pelos sentidos habituais" ...

MM: As respostas ao Montalvao, são para demonstrar que esses postulados podemos deduzir algumas duvidas... mas não tudo no universo,, a nao ser que sejam introduzidos outros itens no Hardcore... aí deixa de ser um hardcore e passa a ser um amontoado de hipoteses,,,ou admitir algumas hipoteses auxiliares,



...seria composto de que? Ele seria material? Seria composto de matéria quintessenciada, segundo a visão espírita?

MM: Essas duvidas, são exemplos do que nao pode ser deduzido... e como voce bem disse carece de evidencias.


Sua teoria respalda a hipótese do perispírito? Objetos inanimados teriam correspondentes ao perispírito, como duplicidades quintenssenciadas?


MM: Essas questoes, sao pertinentes... mas aí ja teriamos hipotese auxiliares (segundo Lakatos)... portanto podem ser refutadas e abandonadas... Nesse sentido eu incluo o perispirito nesse bojo, porque acho necessario um suporte "fisico"(?) para a consciencia (ou alma). Para os objetos inanimados nao vejo essa necessidade.



Meu objetivo é debater sobre qual a prospecção de uma Vida Futura que mais se alicerça nas evidências da pesquisa psíquica, da parapsicologia e na filosofia da mente.


MM: Por favor, fique a vontade.


Abraços Fraternos
Mauricio Mendonça



Abs,
André Luís.



2009/1/20 Mauricio Mendonca
Montalvao,

Tentarei responder da melhor maneira possivel. O fato de estabelecermos o paradigma facilita uma enormidade, mas lembro que caso queira tambem posso responder considerando outros paradigmas.

Espero que o colega tenha lido o texto que indiquei sobre "espiritismo e ciencia" compilado por mim... assim facilitaria a compreensao... vamos lá.


Para ser bem objetivo, vou introduzir um novo conceito na relação do programa de pesquisa Lakatosiano, ficaria assim o hardcore:


- Sobrevivencia da alma (consciencia) apos o fenomeno da morte;
- A comunicabilidade entre os dois estados (encarnado e desencarnado)
- A reencarnação dessa alma
- A evolução dos seres ( corpo e alma )


RESPOSTA: pois bem, tentarei seguir sua sugestão. Por favor, informe, considerando o paradigma mediúnico-reencarnacionista:

1. quando alguém desencarna para onde vai? Para algum lugar específico, um planeta, ou o quê?

R# O maximo que se pode deduzir com certeza a partir do hardcore é: Um local (ou varios) não percepitivel pelos sentidos habituais de quem está encarnado.



2. há diferença de destino entre, digamos, nacionalidades diferentes?

R# Considerando a evoluçao e a diversidadades dos seres, supoe-se destinos diferentes.

3. se houver, haveria também entre raças diferentes?

R# Não vejo como deduzir isso a partir do hardcore.

4. se houver, como é que se resolve essas questões?

R# idem.

5. e a forma da morte, acarreta destinações diversas? Por exemplo, tem o mesmo destino quem morre por causas naturais e quem morre por acidente?

R# Idem.

6. o que acontece com os adeptos de credos religiosos, notadamente aqueles que não admitem, nem por hipótese, a mediunidade e a reencarnação?

R# De acordo com o hardcore, todos nascem, crescem, morrem, sobrevivem e reencarnam...EVOLUEM. Ha quem diga que os primeiros cristão acreditavam que não morreriam, pois seriam arrebatados por Cristo ainda em vida (pois que voltaria em breve)... Morreram todos. Os evangelicos não acreditam em mediunidade, mas não questionam o encontro de Jesus, Moises e Elias... A crença nada influi em fenomenos naturais.



7. e aqueles que admitem a mediunidade, mas não a reencarnação?

R# Todos podem se agarrar as suas crenças pelo tempo que quiser... ainda hoje se tem gente que crer que a terra é chata... isso nao muda o fato. Assim como quem não crer na Mediunidade (mesmo depois de morto) pode evitar a comunicacao com o mundo dos encarnados... os descrentes na reencarnacao podem em tese retardar a sua reencarnaçao, mas de acordo com o paradigma presente não pode evita-la indefinidamente.



Espero ter sido util,

Abraços Fraternos

Mauricio Mendonça

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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Reencarnação Pessoal

Por Titus Rivas
(Traduzido por Vitor Moura)

Renascimento e identidade pessoal: reencarnação é um conceito intrinsecamente impessoal?
“Você deve saber que em minha vida anterior eu já era a mesmíssima pessoa que eu sou agora!”
‘Kees’, um rapaz holandês com memórias de reencarnação.

Resumo

Alguns ocidentais podem associar o conceito de reencarnação com a perda da identidade pessoal. Isto é uma super-simplificação baseada numa influência forte da doutrina anatta budista na espiritualidade ocidental contemporânea. Na realidade, a noção de reencarnação pode ser reconciliada com uma filosofia personalista. Resultados empíricos não podem anular a análise ontológica da qual eles dependem para interpretação teórica. Personalistas do espírito podem beneficiar-se muito da pesquisa de reencarnação. Ao invés de abandonar seu personalismo, eles podem estendê-lo à noção de uma evolução verdadeiramente pessoal sobre várias vidas na terra.
Introdução
Alguns espiritualistas, Swedenborgians, cristãos, muçulmanos e outros parecem considerar as pesquisa de reencarnação como uma ameaça a uma perspectiva positiva e realista sobre a sobrevivência pessoal depois da morte. Parece que em seu ponto de vista, a teoria da reencarnação só pode ser compatível com uma posição impessoal de identidade pessoal. Assim, a reencarnação implicaria que a morte é seguida por uma desintegração radical da personalidade, ou perda de si. Somente certas memórias, características da personalidade e habilidades seriam ‘recicladas’ durante a formação de uma pessoa fundamentalmente nova. Em um certo sentido, a teoria de reencarnação seria notavelmente semelhante à teoria materialista de extinção depois da morte em que a pessoa como tal seria de fato e irrevogavelmente destruída. O consolo oferecido pela reencarnação para a perda eterna de uma pessoa seria muito desolador de fato, adicionando uma nova dimensão bizarra à vida ao invés de abandonar o absurdo aparente da morte. No entanto, este conceito particular certamente não é a única perspectiva racionalmente concebível sobre reencarnação.

Renascimento impessoal

A maioria das visões budistas sobre identidade pessoal podem ser resumidas pelo termo de Pali anatta, que literalmente significa “nenhuma alma” (an-atman em sânscrito). Há uma corrente budista menor que aceitou algum tipo de sobrevivência pessoal depois da morte (conhecida como Vatsiputriya ou Pudgalavada), mas a maioria dos budistas hoje em dia consideram esta escola um pouco mais do que uma seita antiquada[outdated early sect]. O ensino budista de anatta tem em uma extensão considerável influenciado a teoria espiritual ocidental contemporânea. Esta doutrina ensina não só que não pode existir uma identidade pessoal real durante o tempo de vida físico como não há nenhum eu constante, substancial. Neste anti-substancialismo ontológico, o budismo está bem próximo do assim chamado processo-metafísico em moda no Ocidente, de acadêmicos tais como Alfred North Whitehead. A posição budista (da corrente principal) sobre a identidade pessoal implica que a reencarnação não pode ser um processo pessoal, como não há nunca um real eu substancial em primeiro lugar. Para um budista, o renascimento é tão não-pessoal quanto qualquer vida humana em si.

A reencarnação de uma pessoa espiritual

Popular como o processo-metafísico pode ser, o substancialismo não é rejeitado por todos os filósofos contemporâneos sérios. Em geral, o substancialismo é a teoria que há uma ou mais coisas em realidade, conhecidas como substâncias, que não podem ser reduzidas a eventos ou processos. As substâncias neste sentido ontológico (ao invés do químico) permanecem constantes em sua identidade final, irredutível e não analisável consigo mesma (sua essência), embora possam mudar em suas propriedades temporais ou ações (sua existência). Para os substancialistas, as substâncias são os reinos ontológicos dentro dos quais eventos ou processos ocorrem, ao passo que os defensores de processos metafísicos simplesmente negam que necessitamos qualquer terreno substancial para acontecimentos e processos. Exemplos tradicionais de coisas ou entidades que se acredita serem substâncias são: um Deus ou deuses, seres humanos ou animais em geral, experiências subjetivas ou eus, átomos físicos, matéria, ou o universo. Tanto no Oriente quanto no Ocidente, bilhões de pessoas educadas, incluindo o autor deste artigo, continuam a endossar alguma forma de substancialismo, já que acreditam que as razões permanecem mais válidas que os argumentos oferecidos para processos metafísicos.

Falando de forma geral, há três posições ontológicas importantes que envolvem uma noção de um eu substancial. Uma destas é o tipo holístico de personalismo, que assegura que uma pessoa é um todo indivisível consistindo de um corpo e mente ou personalidade. Com exceção da possibilidade de uma ressurreição literal da “pessoa integral” (que é parte do credo das testemunhas de Jeová; Ver: Morse, 2000, p. 267) e a emancipação talvez divina da alma emergente do seu corpo (William Hasker, comunicação pessoal), este personalismo holístico ou emergentista tipicamente parece incompatível com a sobrevivência pessoal depois da morte corpórea, deixa solitária a reencarnação pessoal. O personalismo holístico ou emergente está relacionado à visão Aristotélica, ver Morse (2000, p. 203) : “Para Aristóteles, como a alma é uma parte materialista complexa do corpo, quando a pessoa morre, a alma morre também.”

Um segundo tipo de substancialismo também aceita que há um eu substancial, mas alega que este eu não é pessoal, mas transpessoal. Esta teoria freqüentemente é expressada pela equação Atman (alma) = Brahman (Deus), e leva à suposição que nosso Eu real - que iria além de nossas personalidades individuais - seria idêntico e consistiria em uma única essência espiritual divina ou alma (monismo intelectual). A teoria é típica para certas correntes dentro do Hinduismo tais como a Advaita. É compatível com uma noção ‘pessoal’ de reencarnação, em que tanto o Atman transpessoal quanto a personalidade individual dependente disto (jivatman) podem ser supostos sobreviver à morte e renascerem. Certos autores ocidentais tais como Aldous Huxley foram claramente influenciados por este tipo de substancialismo transpessoalista. Mais recentemente ecos desta teoria podem ser achados na literatura de canalização, p.ex.. nos livros sobre a entidade chamada “Seth”, canalizado por Jane Roberts.

Um terceiro tipo de substancialismo leva à teoria que há uma pluralidade de enfim irredutíveis almas individuais ao invés de somente uma única divina. Há um indivíduo pessoal consciente, uma personalidade ou “eu” que vê, pensa, sente, deseja, etc. O corpo físico não é parte da pessoa real neste sentido espiritual e a identidade pessoal da própria personalidade não pode ser afetada pela morte corpórea. Também, como o eu é substancial, mesmo inerente a mudanças radicais (de sua existência) nunca será capaz de desintegra-se (no sentido essencial) adentrando em mais de uma experiência pessoal.

Dentro da filosofia indiana, esta posição, que pode ser denominada personalismo espiritual, é apoiada pela interpretação Dvaita do Vedanta e outras correntes pluralísticas tais como o Jainismo ou o realismo lógico da Filosofia Nyaya. Dentro do pensamento europeu ou mais geralmente ocidental isto é defendido no Monadology de Leibniz e no Athanasia por Bernhard Bolzano, e também pela maior parte dos cristãos, e pensadores modernos tais como Augustine, Descartes, Oesterreich (1910), John Nutre (1991), os movimentos místicos Judeus da Kabbalah e Hassidism (Morse, 2000), e de fato eu mesmo (Rivas, 2003a, 2005). Don Morse (2000) chega mesmo a voltar a Sócrates e Platão; “Sócrates declarou que a alma era substância e não pode desaparecer mas meramente mudar de forma. Declarou que todas as substâncias são indestrutíveis, mas suas formas podem mudar.” (p. 200) e “Platão disse que a alma nem é criada nem é destruída. Cada alma esteve aqui eternamente e existirá pela eternidade.” (p. 202).

Aplicado ao contexto de vidas prévias, o personalismo espiritual somente pode fazer sentido no renascimento se for concebido como um fenômeno verdadeiramente pessoal. Há mesmo todo um movimento espiritualista (ou talvez mais exatamente espiritista), o Kardecismo, que aceita a reencarnação pessoal e é baseado nos escritos de Hippolyte Léon Dénizarth Rivail, melhor conhecido pelo seu pseudônimo Allan Kardec(1804-1869). Don Morse (2000, p. 292) escreve sobre o Kardecismo: “Isto difere que com cada encarnação, o espírito retém sua individualidade e os espíritos sempre evoluem.”

É importante anotar que um eu pessoal conceitualmente deve ser distinguido de sua personalidade. Uma personalidade pode ser vista como um padrão adquirido de estruturas psicológicas, atitudes e habilidades de um eu pessoal. Uma personalidade é dinâmica e muda com o tempo, e em certos casos patológicos um eu pessoal pode possuir várias personalidades simultaneamente embora só posa estar ciente em uma personalidade no tempo. Assim, mudanças de personalidade e dissociação regular são plenamente compatíveis com a noção de um eu pessoal.

No contexto de reencarnação nós esperaremos certas mudanças de personalidade pelos processos de morte, renascimento e infância, mas isto não quer dizer que essas mudanças implicam em um novo ou diferente eu pessoal. Permaneceríamos nós mesmos tanto quanto permanecemos nós mesmos no curso de um único tempo de vida terreno. Durante uma vida nós começamos como crianças e depois de umas duas décadas nos tornamos adultos, estágio em que permanecemos até que depois com a reencarnação nos tornamos criança outra vez, embora esperançosamente num ‘nível mais alto’ de desenvolvimento psicológico

O leitor não será surpreendido ao saber que esse personalismo espiritual é também a posição do autor.

Recentemente, uma quarta abordagem da identidade pessoal é proposta por Peter Novak (2003) e parcialmente adotada por Donald Morse (2000) durante o desenvolvimento da própria teoria pessoal de sobrevivência depois da morte (capítulo 15). No entanto, Morse reconhece que “há certos aspectos da teoria que são difícil de reconciliar com as crenças existentes” (p. 331).

Novak defende o que poder ser denominado um tipo de dualismo mental, em que ele volta a teorias antigas tais como as que podem ser achadas na literatura Gnóstica. Uma mente pessoal seria composta de duas partes distintas que podem ser identificadas como um espírito ciente individual e uma alma inconsciente. Num sentido, nós podemos também chamar isto uma espécie de “holismo espiritual” em que uma pessoa seria não física mas consistiria em dois claramente distinguíveis componentes espirituais. A diferença com o holismo mente-corpo reside na noção que depois da morte as duas partes da mente pessoal podem ambas sobreviver separadamente e finalmente reunirem-se. Uma parte ciente da pessoa ou espírito iria reencarnar sem recordações de sua vida prévia, ao passo que a porção inconsciente ou alma conteria memórias de uma encarnação passada.

Ainda outra, uma quinta abordagem recentemente foi apresentada por Geoffrey Read e é aliás um exponente de processos metafísicos em que não aceita a validez do conceito de substâncias ontológicas. No entanto, Read está convencido que a sobrevivência humana e a reencarnação são pessoais, devido à ‘individualização’ da psique; “quanto mais a espécie do organismo se desenvolve, e por quanto mais tempo sobrevive, diminuindo a probabilidade de que a psique associada terá que ser substituída por outra. Em resumo, esta psique está agora no comando de um novo organismo. Dizemos que reencarnou.” (Hewitt, 2003, p.353).

Recapitulando, à parte do personalismo holístico e outras posições não-reencarnacionistas, somente a doutrina anatta budista e suas parelhas Ocidentais são por definição incompatíveis com qualquer tipo de renascimento pessoal e portanto estão simplesmente errados aqueles que supõem que a idéia de reencarnação automaticamente teria que implicar na destruição de uma alma pessoal ou na perda final da identidade pessoal. Se aceitarmos que somos entidades espirituais, que não somos idênticos com os nossos corpos e irredutíveis a enfim eventos ou processos impessoais, a reencarnação pessoal volta a ser uma noção coerente. O autor é um defensor da terceira posição (personalismo espiritual tradicional), mas aceita que o personalismo concernente à reencarnação também pode se manifestar por outros meios.
Suporte empírico?
A evidência empírica principal para a reencarnação consiste em casos de crianças jovens que reivindicam lembrar de suas vidas anteriores (Stevenson, 1987). Algumas vezes é assumido que tais casos mostram que a teoria anatta de renascimento deve ser verdadeira. As crianças nunca reteriam de forma completa sua personalidade prévia, o que demonstraria que somente fragmentos de uma personalidade estão renascidos e integrados numa totalmente nova ‘pessoa’ psicofísica como definido pelo budismo. Por outro lado, os personalistas podem assinalar que as próprias crianças claramente alegam ser as mesmas pessoas cujas vidas parecem lembrar-se. Seria inverossímil acreditar que elas estão corretas sobre a exatidão de suas memórias e ao mesmo tempo radicalmente tirarem uma conclusão errônea de sua origem. Semelhantemente, memórias de um período de intervalo entre duas encarnações sugerem que há uma continuidade de consciência individual variando de uma vida física a outra (Rawat & Rivas, 2005).

Entretanto, resultados empíricos deveriam principalmente ser interpretados dentro de um contexto ontológico antes que em outro. Assim, todos os dados empíricos colecionados por pesquisadores de reencarnação podem em princípio ser cobertos por conceitualizações tanto impersonalistas como personalistas de renascimento. A questão de qual teoria deve ser considerada como a interpretação correta deve ser tratada como parte de um problema mais geral de identidade pessoal dentro da filosofia da mente, ao invés de sofrer ataques ad-hoc no contexto especial da pesquisa de reencarnação.

Por exemplo, uma vez que nós aceitemos os argumentos analíticos filosóficos em favor da anatta, nenhuma quantidade de dados empíricos será capaz de falsificá-los conclusivamente. Semelhantemente, para um personalista, é possível interpretar o nível reduzido aparente de funcionamento mental em crianças em termos de uma regressão funcional (temporária) da alma pessoal relacionada a um cérebro imaturo, ao invés de em termos de uma básica desintegração psicológica, com perda substancial da identidade pessoal. A pretendida evidência empírica contra a indivisibilidade do sujeito ciente, tal como dados de múltiplos casos de personalidade ou experiências de cisão cerebral, quedas curtas de demonstrar que quando o funcionamento psicológico da pessoa torna-se de algum modo parcialmente dissociado, o sujeito ciente será dividido também. A consciência (no sentido de consciência subjetiva) é um fenômeno pessoal privado, cuja presença não pode ser estabelecida diretamente por outros. Portanto, qualquer comportamento mostrado por uma pessoa poderia em princípio ser causado ambos por processos psicológicos cientes e não-cientes. O que é mais importante, a divisão literal, ontológica (ao invés de funcional) de uma consciência não-holística, irredutível de um indivíduo não é uma noção coerente, porque um dos aspectos principais do conceito de tal eu substancial é precisamente que é elementar e indivisível. Em outras palavras, o ‘eu’ é um fenômeno impessoal ou emergente e portanto pode ser dividido ou destruído, ou de fato é uma substância (não-emergente) e portanto qualquer evidência para sua suposta divisibilidade (ou destruição) ontológica deve ser a priori interpretada de forma diferente. Dados empíricos não podem ser conclusivos aqui, porque o debate real sobre a identidade pessoal e a substancialidade do eu não é algo empírico, mas uma questão filosófica (ontológica) que só pode ser decidida por argumentação analítica.

Semelhantemente, budistas comumente aceitam evidência para consciência depois da morte e antes do renascimento. Mesmo os budistas tibetanos desenvolveram uma teoria de vários assim chamados Bardos (estados intermediários), o que mostra que eles não rejeitam tanto os dados que sugerem sobrevivência pessoal como reinterpretação deles à luz da doutrina anatta.

Em outras palavras, é possível concordar com a força evidencial e o escopo de certos dados empíricos no campo de pesquisa de reencarnação, e ao mesmo tempo fundamentalmente discordar sobre a estrutura ontológica necessário interpretar estes resultados.

Às vezes é suposto que o consenso geral é o critério principal para se julgar a maturidade de um campo específico. Este critério certamente é equivocado neste caso particular, já que tanto tradições teóricas impersonalistas como personalistas dentro da pesquisa de reencarnação podem ser desenvolvidas ainda mais num espírito sofisticado de tolerância mútua e cooperação empírica amigável.

Por exemplo, dados sobre a evolução de características de personalidade, habilidades, capacidades, atitudes, etc., no curso de mais de um tempo de vida físico, podem ser reunidos e podem ser compartilhados apesar de diferenças teóricas fundamentais. Os mesmos dados que mostrariam uma evolução de karma impessoal de acordo com a maioria dos budistas também podem ser usados dentro de uma teoria espiritual personalista de uma evolução verdadeiramente pessoal.

Conclusão

Personalistas do espírito podem beneficiar-se muito da pesquisa de reencarnação. Ao invés de abandonar nosso personalismo, nós podemos estendê-lo à noção de uma evolução pessoal sobre várias vidas na terra. Perder o corpo físico atual e adotar um novo pode ser acompanhado por mudanças no funcionamento psicológico, mas isto não deve ser confundido com uma desintegração final ou perda da identidade pessoal.

Referências

- Bolzano, B. (1970). Athanasia oder Gruende fuer die Unsterblichkeit der Seele (reprint of book published in 1838). Frankfurt am Main: Minerva.
- Foster, J. (1991). The Immaterial Self: A Defence of the Cartesian Dualist Conception of the Mind. London: Routledge.
- Hewitt, P. (2003). The Coherent Universe. An Introduction to Geoffrey Read’s New Fundamental Theory of Matter, Life and Mind. Richmond: Linden House.
- Huxley, A. (1970). The Perennial Philosophy. New York: Harper Colophon.
- Morse, D. (2000). Searching for Eternity: A Scientist’s Spiritual Journey to Overcome Death Anxiety. Memphis: Eagle Wing Books.
- Novak, P. (2003). The Lost Secret of Death: Our Divided Souls and the Afterlife. Hampton Roads.
- Oesterreich, T.K. (1910). Die Phaenomenologie in ihren Grundproblemen. Leipzig.
- Rawat, K.S., & Rivas, T. (2005). The Life Beyond: Through the eyes of Children who Claim to Remember Previous Lives. The Journal of Religion and Psychical Research, Vol. 28, Number 3, 126-136.
- Rivas, T. (2003a). Geesten met of zonder lichaam: Pleidooi voor een personalistaisch dualisme. Delft: Koopman & Kraaijenbrink.
- Rivas, T. (2003b). Three Cases of the Reincarnation Type in the Netherlands. Journal of Scientific Exploration, 17, 3, 527-532.
- Rivas, T. (2005). Reïncarnatie, persoonlijke evolutie en bijzondere kinderen. Prana, 148, 47-53.
- Roberts, J. (1994). Seth Speaks: The Eternal Validity of the Soul. Amber-Allen Publishing.
- Stevenson, I. (1987). Children Who Remember Previous Lives: A Question of Reincarnation. Charlottesville: University Press of Virginia.
- Whitehead, A. N. (1982). An Enquiry Concerning the Principles of Natural Knowledge. New York: Kraus Reprints.

Agradecimentos

Eu gostaria de agradecer a Chris Canter e a Rudolf H. Smit pelos seus comentários construtivos.

Correspondência:

Titus Rivas
Athanasia Foundation
Darrenhof 9
6533 RT Nijmegen
The Netherlands
titusrivas@hotmail.com

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Réplica de Estudos de Casos Sugestivos de Reencarnação Feita por Investigadores Independentes (Antonia Mills, Erlendur Haraldsson, e H. H. Jorgen Keil, 200?)

Por Antonia Mills, Erlendur Haraldsson, e H. H. Jorgen KeilABSTRATO(Traduzido por Márcia Guimarães Andrade)

ABSTRATO: Os três autores assumiram a tarefa da réplica de estudos de Stevenson sobre crianças que afirmam lembrar-se de vidas anteriores; J.K. estudou 60 casos em Burma, Tailândia e Turquia; E.H. estudou 25 casos no Sri Lanka e A.M. estudou 38 casos na Índia. De uma amostra combinada de 123 casos, cada autor apresenta um caso. Os autores concluem que em alguns dos casos, as crianças não possuíam vias normais de conhecimento sobre a pessoa com a qual se identificavam, mas notam questões problemáticas, a serem solucionadas em futuros estudos. Uma pesquisa mais avançada poderá levar a uma melhor compreensão acerca das dinâmicas do desenvolvimento infantil.
Desde 1960, Ian Stevenson, Professor de Psiquiatria e Diretor da Divisão de Estudos de Personalidade do Departamento de Medicina Comportamental e Psiquiatria da Universidade de Virginia, tem escrito a respeito da evidência da sobrevivência de lembranças ditas de encarnações anteriores (Stevenson, 1960). Ele tem escrito tanto do ponto de vista teórico (Stevenson, 1977b) como empírico, apresentando relatos detalhados de casos em uma variedade de diferentes culturas. Na categorização de White (1992) de 12 abordagens ao estudo de casos psi espontâneos, os estudos de Stevenson são orientados particularmente em quatro categorias: casos individuais, coleções de casos, levantamentos de dados e comparações interculturais. Para começar, seus estudos incluem Índia, Sri Lanka, Tailândia, Burma, Líbano, Turquia, Brasil, Índios Americanos da Costa Noroeste, e os Igbo da Nigéria (Stevenson, 1966, 1966/1974, 1975a, 1975b, 1977a, 1980, 1983a, 1985). Ele e seus colegas compararam os aspectos da longa série de casos que ele tem estudado nessas culturas, bem como entre a população Norte-Americana (Cook, Pasricha, Samararatne, U Win Maung, & Stenvenson, 1983; Stevenson, 1983b, 1986, 1987). A análise mostra a similaridade dos casos entre as culturas. Por exemplo, tais crianças começam a relatar lembranças de uma vida anterior à idade média de três anos e deixam de falar sobre elas entre aproximadamente cinco e sete anos de idade. Stevenson também observa aspectos nos quais os casos diferem de cultura para cultura.
Stevenson tem procurado reproduzir os resultados de seus trabalhos de várias formas (Pasricha & Stevenson, 1979, 1987). Em 1987 ele convidou os autores, dois psicólogos (Erlendur Haraldsson e Jiirgen Keil) e uma antropologista (Antonia Mills), para fazerem estudos independentes de casos relatados de reencarnação.
A idéia era verificar se pesquisadores independentes iriam qualificar os casos como convincentes ou sugestivos como o fez Stevenson. Os autores haviam trabalhado em outros lugares em suas investigações de campo iniciais (Haraldsson, 1994; Keil, 1991; Mills, 1989, 1990a, 1990b). Neste artigo, para começar, resumimos os resultados de nossas investigações combinadas, e cada um de nós apresenta uma síntese de um caso, até o presente, não publicado. Concluímos com sugestões para incluir algumas das abordagens adicionais identificadas por White (1992).
Jornal da Sociedade Americana de Pesquisa
sobre Paranormalidade - Vol. 88, Julho de 1994.
VISÃO GERAL DAS INVESTIGAÇÕES COMBINADAS
Para começar, Jiirgen Keil (J.K.) estudou 60 casos em Burma, Tailândia e Turquia; Erlendur Haraldsson (E.H.), 25 casos no Sri Lanka; e Antonia Mills (A.M.), 38 casos no norte da Índia. Os autores obtiveram sua amostra a partir de casos que descobriram no campo de pesquisa e de casos identificados, mas ainda não estudados por Stevenson e seus colegas. Em 80% dos 123 casos, uma pessoa falecida foi identificada, a qual aparentemente correspondia a algumas ou todas as declarações da criança (o caso está “resolvido”); 20% dos casos permanecem sem solução (nenhuma pessoa falecida que correspondesse a algumas ou todas as afirmações da criança foi identificada). Na amostra obtida no Sri Lanka, de E.H. houve muito mais casos sem solução do que em outros países, uma descoberta que está de acordo com estudos anteriores (Cook, Pasricha, Samararatne, U Win Maung, & Stevenson, 1983; Stevenson, 1986). Dos 99 casos resolvidos, a pessoa que a criança afirmava ser era desconhecida para sua família em 51% dos casos, conhecida em 33% e aparentada em 16% destes. Da amostra combinada de 123 casos, somente um dos casos (de A.M.) pareceu estar no limite entre uma brincadeira conscientemente planejada e auto-sugestão (a criança teria se auto-iludido*) (Stevenson, Pasricha, & Samararatne, 1988). Os três casos apresentados a seguir representam casos com um relativamente alto grau de correpondência entre as afirmações da criança e as características da pessoa falecida.
Em cada um dos 123 casos, a criança expressara lembranças de ser alguém diferente do que ele(a) era. Em alguns dos casos, se relatava também que a criança possuía: (a) características comportamentais correspondentes à referida pessoa falecida, (b) marcas ou deficiências de nascimento correspondentes à ferimentos ou outras marcas da pessoa falecida, (c) fobias relacionadas às experiências da pessoa falecida, (d) –filias, (e) habilidades inatas, e/ou (f) conhecimento especial ausente em qualquer outra pessoa, que era apropriado ao falecido com quem a criança se identificava. Em 19 casos (estudados por E.H. no Sri Lanka), um registro escrito das declarações da criança era feito, antes que uma pessoa que possuísse importantes características de acordo com o relato da criança fôsse identificada. E.H. descreve abaixo um destes casos. Outros casos deste tipo deste tipo têm sido relatados em outros trabalhos por E.H. e Stevenson (Haraldsson, 1991; Stevenson, 1966/1974; 1975b; Stevenson & Samararatne, 1988). J.K. e A.M. também descrevem na sequência um caso com alguns detalhes. Estes três casos permitem ao leitor julgar se a correspondência entre as declarações da criança e os fatos sobre a personalidade anterior
(a pessoa identificada como objeto das declarações da criança) parece provável de ir além de coincidência e/ou fontes normais de informação.
O CASO DE ENGIN SUNGUR (ESTUDADO POR J.K.)
Engin Sungur nasceu em Dezembro de 1980, no Hospital Antakya, Hatay, Turquia, entre a população Alevi Moslem, que diferentemente de seus vizinhos Sunni Moslem, acreditam na possibilidade da reencarnação. O caso foi estudado por J.K., com a assistência de Ay§e Efe (A.E.) como intérprete, em 1990. Engin tinha então nove anos de idade. Ele ainda se lembrava de detalhes substanciais de sua anterior identificação com Naif Ci§ek, mas de acordo com suas declarações e com as de seus pais, suas “lembranças” haviam enfraquecido durante os três últimos anos.
Engin e seus pais viviam na vila de Tavla. Quando Engin tinha menos de dois anos de idade, seus pais o levaram para visitar um parente em outra vila. No caminho, de um certo ponto em uma montanha, ele apontou para outra vila, Hancagiz, e disse: “Eu posso ver minha vila, onde eu vivia.” Hancagiz está a uma distância de aproximadamente 2,5 milhas, ou 4km (de automóvel) de Tavla. Quando os pais de Engin lhe perguntaram “de quem você é filho?”, Engin respondeu: “Eu sou Naif Ci§ek”. Ele lhes contou várias coisas a respeito de Naif, como por exemplo, de que ele havia ido a Ankara antes de morrer. (Ver Quadro 1 com lista das declarações de Engin.) Ele insistiu para que seus pais o levassem a Hancagiz, mas estes, inicialmente, não concordaram. Eles nunca haviam ouvido falar ou encontrado Naif Ci§ek.
Segundo a filha de Naif, Giilhan, Engin a chamou de “minha filha”, e disse: “Eu sou seu pai,” quando a viu na vila de Tavla. Giilhan frequentava a escola secundária nesta cidade. Nesta ocasião Engin estava preocupado com ela e lhe pediu para que fosse até sua casa, mas ela não o fez. Até este ponto não houvera qualquer contato entre as duas famílias, e não tiveram nenhuma informação uma sobre a outra.
Depois disto, a mãe de Engin levou-o até Hancagiz. Ele tinha então, entre dois e quatro anos de idade. Quando Engin encontrou a viúva de Naif Ci§ek, ele a chamou de “minha esposa”. Ele chamou no mínimo sete outros membros da família de Naif pelo nome, mas porque os vários informantes discordavam sobre quem ele chamara pelo nome, estes reconhecimentos são contados como um único ítem no Quadro 1. Engin também apontou para uma propriedade que pertencera a Naif; esta não ficava, obviamente, ao lado de sua casa. Engin perguntou se um de “seus” (de Naif) filhos ainda se escondia no forno usado para cozinhar. Ele identificou várias roupas de Naif. Disse a sua mãe que ele (como Naif) fizera uma lâmpada a óleo a partir de um recipiente de lata. Ele também descreveu quando foi ferido quando seu (de Naif) caminhão o acertou quando seu filho estava dando a marcha à ré, embora alguns informantes achassem que estas afirmações foram feitas primeiro em um incidente posterior, descrito abaixo. Como mostra o Quadro 1, todas as declarações verificadas de Engin estavam corretas.
Naif Ci§ek havia sido um motorista de caminhão que morrera após prolongada doença.
Ele fôra a Ankara para consultar-se com um médico antes de sua morte, comprou alguns medicamentos, mas retornou convicto de que morreria em breve. Ele tinha 54 anos de idade quando morreu em Dezembro de 1979.
Quadro 1
SINOPSE DAS DECLARAÇÕES DE ENGIN SUNGUR
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Declarações Correto?
1. Eu posso ver minha vila, onde eu vivia. Sim
2. Eu sou Naif… Sim
3. Ci§ek. Sim
4. Eu fui até Ankara… Sim
5. antes de morrer. Sim
6. Chamou Giilhan de “minha filha”. Sim
7. Eu sou seu pai. Sim
8. Meu filho se escondia no forno usado para cozinhar. Sim
9. Chamou a viúva de Naif de “minha esposa”. Sim
10. Chamou pelo menos sete outros familiares pelo nome. Sim
11. Esta propriedade é minha. Sim
12. Foi eu que fiz isto [lâmpada a óleo com recipiente de lata]. Sim
13. Falou sobre ser ferido por seu próprio caminhão… Sim
14. quando seu filho Fikret acidentalmente deu marcha à ré contra ele. Sim
15. Reconheceu o caminhão de Naif. Sim
16. Identificou-se como o pai do filho de Naif, Fikret. Sim
17. Você não está cuidando bem deste caminhão. Sim
18. Reconheceu motoristas de taxi (dolmus) que Naif conhecia. ?
19. Eu havia pedido um empréstimo de dinheiro à minha irmã Nazire … ?
20. mas ela não me atendeu. ?
21. Eu pedi um empréstimo de dinheiro àminha irmã Kürciye (ele a chamou por seu nome árabe) … ?
22. e Kürciye deu-me o dinheiro. ?
Número total de declarações: 22
Número de declarações corretas: 17
Número de declarações incorretas: 0
Número de declarações indeterminadas: 5
Após Engin ter retornado para sua casa em Tavla, um dos filhos de Naif, que não estivera presente quando da visita de Engin a Hancagiz, chegou sem anunciar-se e sem ser esperado em Tavla, no caminhão de Naif. Engin disse: “Quem é o motorista deste caminhão?” Depois de encontrar o filho de Naif, Engin disse: “Eu sou seu pai, porquê você não está cuidando bem deste caminhão?” Ele fez outras declarações incluídas no Quadro 1, cuja veracidade não foi determinada, e não foram consideradas.
A viúva de Naif ficou impressionada (assim como J.K. e A.E.) porque Engin falava e agia como um adulto. Ela notou que, enquanto falava, ele gesticulava com as mãos do mesmo modo que Naif o fazia. J.K. impressionou-se com a grande segurança com que ele falava. A.E. qualificou o domínio de linguagem de Engin como superior ao de muitos adultos. J.K. conseguiu entrevistar Ugur Oztiirk (U.O.), que foi professor de Engin durante seus primeiros três anos de escola. U.O. relatou que Engin era um bom aluno e que desde quando começou a estudar, aos seis anos de idade, ele se comportava como um adulto sério e dizia ser Naif Ci§ek. U.O. anotou algumas coisas que Engin disse e alguns meses depois checou-as com o que Engin estava dizendo então. Não havia discrepâncias.
O CASO DE MAHAVIR SINGH (ESTUDADO POR A.M.)
Mahavir Singh (pseudônimo) nasceu em 8 de Outubro de 1982 na vila de Nagalavicki, população 15.000 habitantes, próxima de Shamshabad, no distrito de Agra, em Uttar Pradesh, Índia. A.M. e Dr. Narender K. Chadha (N.K.C.) descobriram este caso no processo de investigação de outro na região. N.K.C. entrevistou primeiro Mahavir e seus pais em Agosto de 1987. A.M. então entrevistou Mahavir e seu pai em 1987, Mahavir, seus pais e sua avó em 1988, e seu pai novamente em 1990, com Parmeshwar Dayal como intérprete. N.K.C. também voltou a visitar a família em Fevereiro de 1988 para fazer perguntas adicionais, enviadas a ele por A.M.
Mahavir começou a falar em uma idade muito precoce (12 meses) e demonstrou um grande interesse por animais, particularmente por camelos. Ainda muito novo Mahavir levantava antes de seus pais e irmãos e ia dar água às vacas de seu pai. Ele insistia muito para que seu pai comprasse um camelo. Ninguém em Nagalavicki possuía um camelo, mas Mahavir ia ao encontro de vendedores de camelos, quando estes passavam por sua cidade. Ele segurava a corda que prendia o camelo e dizia que o animal era seu. Mahavir apresentou este comportamento desde quando era uma criança que começava a andar, até depois de identificar um grupo específico de vendedores de camelos como seus parentes.
Quando Mahavir tinha cerca de dois anos de idade, ele disse a sua mãe: “Meu filho [lalu, um termo usado para um filho, ou filho de um irmão] estava indo por este caminho.” Mahavir disse ainda que tinha algum dinheiro no banco, e que um comerciante que ficou com uma parte de seu dinheiro não o devolvera. Mais tarde ele disse que este comerciante se chamava Teja.
Na idade de três anos, Mahavir frequentemente tirava algumas porções do alimento de seu prato e dizia: “São para meus filhos”. Nas respostas a vários dias de questionamento feito por seu pai, Mahavir disse que ele possuía cinco filhos e uma esposa, e que seu irmão também tinha cinco filhos. (Ver Quadro 2 com lista das declarações de Mahavir.) Posteriormente, em resposta a outros questionamentos, ele disse que era de Baura Gaon e que havia morrido no Ganges, onde fôra a negócios. Disse que tinha duas filhas solteiras e que um filho e uma filha eram casados. Mahavir aborrecia seus pais chorando para ser levado até sua esposa. Eles tentaram fazê-lo parar de falar nisto, girando-o em sentido anti-horário em uma pedra de amolar e contratando um exorcista indígena, mas nada disto surtiu efeito. Um dia ele disse a seu pai: “meu irmão caiu de um camelo.” Seu pai foi ver a este, pensando que se tratava de seu outro filho, e descobriu que Pathi Ram, um vendedor de camelos, havia caído de um de seus animais. Fôra ao filho adulto deste vendedor, Radi Shyam, que Mahavir havia chamado “filho” [lalu], por várias vezes quando este passava por Nagalavicki com camelos.
Finalmente chegou aos ouvidos de Pathi Ram e sua família que Mahavir havia feito as afirmações citadas acima, e eles vieram, primeiro individualmente, e depois em grupo, para conhecer Mahavir. Antes destes encontros, de acordo com Pathi Ram e sua família, como também os pais de Mahavir, as duas famílias não tinham conhecimento da existência uma da outra, sendo de diferentes castas e vivendo em diferentes comunidades, a cerca de 2km de distância. Mahavir e sua família pertenciam a uma casta mais alta (Kshatriya) do que a de Pathi Ram e seus familiares, que eram Sudras. As entrevistas de A.M. com Pathi Ram, a viúva de seu irmão e seus filhos e sobrinhos revelaram que Pathi Ram era irmão de Khem Raj, um vendedor de camelos da vila de Bada Gaon, que havia morrido perto do Ganges, próximo de Allahabad, aonde ele fôra para vender camelos. Como mostra o Quadro 2, ele tinha tido cinco filhos, dos quais um filho e uma filha eram, na época de sua morte, casados. Khem Raj passava frequentemente pelas trilhas por Nagalavicki quando levava camelos para o mercado, antes de sua repentina doença e morte perto de Allahabad em Março de 1982. Khem Raj tinha cerca de 50 anos de idade na data de sua morte.
Quando Pathi Ram, seus parentes e Teja vieram visitar Mahavir, eles ficaram satisfeitos por ser ele Khem Raj renascido, o que confirmaram a partir de seu comportamento, igual ao deste, e de sua descrição sobre onde e com quem seu dinheiro havia ficado. Ele reconheceu Teja e insistiu que Teja lhe devia o dinheiro. Teja então pagou o que devia à família de Khem Raj, assim concordando que o dinheiro pertencia a este.
Depois disto, Mahavir pressionara continuamente seu pai para leva-lo para visitar “sua” (de Khem Raj) esposa, e quando levado, esta disse que ele identificara corretamente a área em que Khem Raj atuava em seus negócios.
Quadro 2
SINOPSE DAS DECLARAÇÕES DE MAHAVIR SINGH

Declarações Correto?
1. Este camelo é meu. ?
2. Meu filho estava indo por este caminho. Sim
3. Um comerciante ficou com meu dinheiro. Sim
4. Teja ficou com meu dinheiro. Sim
5. Eu deixei dinheiro em minha casa. Sim
6. Eu morri no Ganges. Sim
7. Eu fui até lá a negócios. Sim
8. Eu era de Bada Gaon. Sim
9. Eu tinha cinco filhos. Sim
10. Eu tinha uma esposa. Sim
11. Eu tinha duas filhas. Sim
12. Um filho e uma filha eram casados. Sim
13. Meu irmão tinha cinco filhos. Sim
14. Meu irmão caiu de um camelo. Sim
15. Este é o meu itinerário. Sim
16. Minha mulher não fez laddhu para mim da outra vez, e agora ela fez. Sim
17. Eu havia enterrado um pouco do meu dinheiro. Sim

Número total de declarações: 17
Número de declarações corretas: 15
Número de declarações incorretas: 0
Número de declarações indeterminadas: 2
Uma vez, quando de visita à viúva de Khem Raj, Mahavir foi servido de um lanche, que incluía um doce de nome laddu. Mais tarde, Mahavir disse: “Na outra vez ela não fez laddu para mim, e agora fez. A viúva de Khem Raj explicou que no dia da partida de Khem Raj para o mercado de camelos em Allahabad, o mesmo dia em que ele morreu, ele lhe havia pedido para fazer laddu para que ele levasse na viagem, mas ela não fez. Assim o laddu foi interpretado como uma resposta a um desejo não satisfeito.
Mahavir continuou a visitar com frequência a família de Khem Raj, embora sua grande insistência para fazê-lo tivesse diminuído logo após as primeiras poucas visitas. Ele disse que uma parte do seu dinheiro estava no banco de Allahabad, e outra parte no banco de Shamshabad, mas estas afirmações, se verdadeiras, foram aparentemente feitas depois de seu encontro com a família de Khem Raj, que pode ter-lhe contado estes fatos. Mahavir disse que havia enterrado algum dinheiro em sua (de Khem Raj) casa, mas este não foi encontrado. Ele continuou a pedir a seu pai que comprasse um camelo para ele.
O CASO DE THUSITHA SUBASHINI SILVA (ESTUDADO POR E.H.)
O caso de Thusitha Silva (pseudônimo) é particularmente interessante porque suas declarações foram registradas antes que qualquer pessoa que correspondesse a suas afirmações fosse encontrada.
Thusitha nasceu em 16 de Junho de 1982, na pequena cidade de Elpitiya, sudoeste do Sri Lanka. Em 1988 ela se mudou para Panadura, que fica a 18 milhas ao sul de Colombo. Tissa Jayawardane (T.J.), assistente de pesquisas de Stevenson, entrevistou a garota e sua mãe em Junho de 1990. Em Novembro do mesmo ano, E.H., independentemente, entrevistou Thusitha e sua família, tendo Godwin Samararatne como intérprete. O pai de Thusitha havia morrido alguns anos antes do início da investigação.
Segundo a mãe e a avó de Thusitha, à idade de dois anos e meio, ela começou a falar sobre uma vida em Akuressa. Ela disse que havia caído de uma ponte para pedestres estreita e inclinada (wel palama – ponte suspensa) em um rio e que se afogara. Disse que a ponte não era longe de sua casa, que ela tinha um marido, e que estava grávida na época. Thusitha também disse que o nome de seu pai era Jeedin Nanayakkara, que vivia em uma casa maior do que a choupana cheia de lodo em que sua presente família vivia, que sua mãe possuía uma máquina de costura, que tinha uma bicicleta amarela, e que trabalhava em um hospital. Na entrevista com T.J., Thusitha disse ainda que seu marido se atirara no rio para tentar salvá-la, e que quase se afogara também; que este era um carteiro, que eles possuíam um carro, que havia um grande portão em frente a sua casa, e que ela tinha um soutien. Suas declarações estão listadas no Quadro 3.
A mãe de Thusitha disse que ela tinha fobia de pontes e água. Ela disse também que há mais tempo sua filha havia mencionado mais nomes, mas que nem ela, nem sua família se lembrava deles quando entrevistados por T.J. ou E.H. Nesta ocasião Thusitha parecia ter se esquecido de algumas de suas lembranças anteriores.
A família de Thusitha afirmou não ter qualquer ligação com Akuressa, e que nenhum deles jamais estivera ali quando Thusitha estava falando mais sobre sua vida anterior.
Quadro 3
SINOPSE DAS DECLARAÇÕES DE THUSITHA SILVA
A. Declarações feitas em 26/11/90 para E.H. Correto?
1. Eu sou de Akuressa. Sim
2. O nome do meu pai era Jeedin [Nanayakkara]. Não
3. O nome do meu pai era [Jeedin] Nanayakkara. Sim
4. Eu tinha uma bicicleta. Sim
5. A bicicleta era amarela. Não
6. Eu ia para o trabalho de bicicleta. Não
7. Eu ia de bicicleta sozinha. Sim
8. Eu trabalhava em um hospital. Não
9. Eu usava um uniforme branco com chapéu e sapato brancos. Não
10. O hospital ficava a certa distancia de sua casa. Sim
11. A mãe usava túnica. ?
12. A mãe possuía uma máquina de costura. Sim
13. Eu tinha duas túnicas listradas. ?
14. O rio ou córrego ficava a alguma distancia dali. Sim
15. A ponte para pedestres (wel palama) quebrou. Sim
16. Eu caí no rio. Sim
17. Eu me afoguei. Sim
18. Estava grávida quando se afogou. Sim
19. Eu tinha um marido. Sim
20. A casa anterior era maior que a atual. Sim
21. As paredes eram coloridas. Sim
22. Tinha uma sobrinha, filha de sua irmã. Não
23. O pai anterior era chamado de appa (present/dada). ?

B. Ítens relatados a T.J., e não a E.H.
1. Havia um grande portão na casa anterior. Sim
2. Seu marido se jogou no rio para salvá-la. Sim
3. Seu marido era um carteiro. Não
4. Eles possuíam um carro. Sim
5. Eu tinha um soutien. ?

Número total de declarações: 28
Número de declarações corretas: 17
Número de declarações incorretas: 7
Número de declarações indeterminadas: 4
Akuressa está a cerca de 30 milhas (48km) de Elpitiya (cidade natal de Thusitha) e a 78 milhas (125km) de Panadura.
Um bom tempo depois de que Thusitha começou a falar sobre estas coisas, seu irmão viajou para Akuressa, mas ele não ficou sabendo nem encontrou ninguém que correspondesse às afirmações de sua irmã. Ao retornar à sua casa ele repreendeu-a por dizer mentiras. Depois ele lhe bateu por falar com T.J. No verão de 1990, T.J. visitou Akuressa (população: 20.000) e descobriu que uma jovem mulher, com o nome de casada Nanayakkara, havia-se afogado depois de cair no rio, de uma estreita e inclinada ponte, mas T.J. não conseguiu encontrar nenhum membro de sua família. Em Novembro de 1990, E.H. e G.S. visitaram Akuressa e encontraram os parentes de uma mulher de nome Chandra Nanayakkara (nascida em Abeygunasekara) que se afogara ao cair de uma ponte suspensa. Eles descobriram a casa de seus parentes (por parte do marido) a cerca de 100 jardas desta ponte. Eles entrevistaram duas das cunhadas de Chandra, um amigo íntimo da família, seu marido (Somasiri Nanayakkara) e seu irmão. Todas estas pessoas foram receptivas e responderam a todas as perguntas.
Segundo estas testemunhas, Chandra havia-se afogado em 1973, aos 27 anos, ao cair da ponte suspensa, que ela e seu marido estavam atravessando. Uma tábua em que Chandra pisou parece ter aberto espaço entre a outra, e ela caiu no grande rio. Seu marido se atirou no rio para resgatá-la, mas quase se afogou também. O corpo de Chandra foi encontrado três dias depois, a alguma distância da ponte. Na época, ela estava grávida de sete meses. Um documento na delegacia confirmou que Chandra havia morrido em Dezembro de 1973 “por sufocar-se depois de engolir muita água, quando caiu no Rio Nilwala da ponte suspensa”. Esta é a única ponte suspensa na região. Depois deste acidente, a ponte foi consertada, mas em 1990 estava novamente em mau estado. Muitas pessoas caíram no rio desde então, mas ninguém se afogou.
Em breves relatos, as investigações confirmaram que havia uma ponte suspensa em Akuressa (o que não é comum no Sri Lanka), e que uma mulher casada e grávida havia caído desta ponte e se afogado. O nome de seu sogro (e não de seu pai) era Edwin Nanayakkara (não Jeedin). É comum no Sri Lanka as mulheres casadas chamarem a seus sogros de “pai”. Ela estava acompanhada de seu marido quando o acidente ocorreu, e ele tentou salvá-la. A família de seu marido possuía um carro (fato incomum no Sri Lanka) e uma bicicleta, e sua casa era maior do que a casa atual de Thusitha, tendo um grande portão feito de bambu.
Algumas das declarações de Thusitha se mostraram incorretas: a bicicleta não era amarela, e sim preta; Chandra nunca fôra enfermeira (e sim uma prima e amiga íntima desta); o marido de Chandra era um motorista de ônibus e não um carteiro (embora seu irmão mais velho fosse um carteiro); e ela não tivera uma irmã que possuía uma filha, mas uma cunhada que tinha filhas. As outras declarações são muito comuns para terem um maior valor.
Nesta etapa, E.H. planejava trazer Thusitha até Akuressa para alguns testes de reconhecimento, mas seu irmão se recusou a qualquer colaboração e E.H. teve de abandonar a investigação do caso.
DISCUSSÃO
Em todos os três casos apresentados, a criança e sua família não sabiam da existência da pessoa falecida, que foi posteriormente identificada. No caso de Thusitha, todas as declarações foram registradas antes que E.H. ou T.J. tentassem verifica-las ou desmenti-las. Nos dois outros casos apresentados, declarações incorretas podem ter sido eliminadas do resumo, e/ou algumas podem incluir informações adquiridas somente depois do contato com a família do falecido.
Por exemplo, os pais de Engin discordaram quanto a se as declarações 16 e 17 (do Quadro 1) foram feitas antes ou depois de Engin ter ido a Hancagiz. Isto pode valer para a ausência de declarações incorretas nestes dois casos, mas estas também ocorrem entre casos resolvidos antes de terem sido investigados (Mills, 1989).
Nos três casos relatados acima, o indivíduo fez, repetidamente, numerosas, definidas, relativamente independentes e substancialmente verificáveis declarações que foram testemunhadas por mais de uma pessoa. Nos dois primeiros casos, nos quais a criança pôde visitar a casa da pessoa falecida identificada como a que correspondia à suas declarações, a criança espontaneamente demonstrou um apropriado afeto aos parentes desta pessoa, que eram indivíduos que a criança nunca havia encontrado antes. A preocupação de Engin com a conservação de um determinado caminhão e com uma determinada menina, e a forte atração de Mahavir por camelos são explicáveis por e coerentes com sua auto-identificação com um determinado adulto falecido, que vivera antes de eles terem nascido. No caso de Thusitha, a criança demonstrou outro aspecto recorrente em relatos de casos de reencarnação: uma fobia apropriada ao tipo de morte da personalidade anterior (Haraldsson, 1991; Stevenson, 1990). Outros casos estudados, mas não aqui relatados, incluem outras correspondências entre a criança e uma personalidade anterior, tais como marcas ou deficiências de nascença relacionadas a feridas ou marcas (Keil, 1991; Mills, 1989, 1990b).
Em alguns dos casos estudados pelos três autores, a correspondência das lembranças afirmadas pela criança e o comportamento relacionado aos fatos determinados sobre a pessoa que elas aparentemente afirmam ser não são prontamente explicadas pelo acaso. Entretanto, os autores notaram várias questões problemáticas. Uma é que nos casos que não contam com um registro escrito antes do caso ser “resolvido”, é difícil avaliar quanta alteração na avaliação do “testemunho original” terá ocorrido. Fatores como o quão recente são as declarações, a idade da criança e a disponibilidade e independência de testemunhas têm de ser considerados ao se avaliar tais casos. Outro problema é a dificuldade de avaliar a independência das declarações e o relativo significado ou peso dos grupos de informações aí contidas. O terceiro problema é a avaliação da probabilidade de uma correspondência entre as afirmações, comportamento, etc. de uma criança e as características de uma pessoa falecida. Qualquer cálculo de tal estimativa de probabilidade possui um elemento subjetivo substancial. J.K. observa que embora a probabilidade de que as declarações corretas sejam devidas a meios normais de comunicação possa ser maior que .05 para cada um dos seus casos, os aspectos cumulativos da amostra total de novos casos investigados indica que explicações normais são improváveis de abranger todos os dados (Keil, 1991). Outra questão é se tais crianças representam alguma psicopatologia grave.
E.H. (Haraldsson, 1993) e A.M. têm começado a fazer testes psicológicos em crianças que apresentam estas vivências, a fim de determinar se a sua impressão de que patologia não esteja envolvida possa ser fundamentada, e como os perfis psicológicos das crianças identificadas como tendo lembranças de vidas anteriores se comparam com perfis de uma correspondente amostra de crianças que não fazem tais afirmações.
Esta investigação contínua de casos permite a abordagem longitudinal defendida por White (1992), e acrescenta uma maior dimensão ao apresentar perfis psicológicos de crianças que dizem se lembrar ou ter-se lembrado de uma vida anterior e de crianças que não fazem tais afirmações. Além disto, A.M. e E.H. iniciaram estudos comparativos com crianças ocidentais que afirmam ter amigos imaginários, a fim de avaliar se os dois fenômenos são resultado do tratamento diferenciado, em termos culturais, da experiência da infância e dos conceitos emergentes.
As investigações de três pesquisadores independentes, sobre casos relatados de reencarnação em cinco culturas, nas quais estes casos são constatados, sugere que algumas crianças identificam-se com uma pessoa, sobre quem elas não possuem meios normais de se informar. Em tais casos, as crianças parecem exibir conhecimento e comportamento apropriados àquela pessoa. Apesar da crença cultural na possibilidade de reencarnação favorecer estes casos, e de serem necessárias mais pesquisas na construção social dos casos, a crença em si não parece explicar a totalidade das declarações das crianças e seu comportamento. Os investigadores descobriram que algumas famílias positivamente desencorajavam estas crianças quanto a tais declarações. Com base nos estudos longitudinais, Keil está avaliando que proporção de crianças identificadas no nascimento como uma determinada pessoa, fazem e não fazem afirmações indicando reconhecimento ou aceitação desta equação. Estudos mais avançados destes raros casos podem levar a uma melhor compreensão sobre se lembranças de uma vida anterior devam ser consideradas como parte das dinâmicas do desenvolvimento da criança.
REFERÊNCIAS
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Division of Personality Studies/Anthropology Department (Mills) ¹
University of Virginia
Charlottesville, Virginia 22908
Institut für Grenzgebiete der Psychologie (Haraldsson)
Eichhalde 12
D-79140 Freiburg
Germany
Department of Psychology (Keil)
University of Tasmania
Hobart
Tasmania
¹ Todas as correspondências devem ser endereçadas à Dra. Antonia Mills.

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