sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tese: Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Experiências de Quase Morte e a Mente Auto-Consciente Independente

Robert G. Mays, B.Sc., e Suzanne B. Mays

Chapel Hill, NC

Traduzido por Francisco Mozart Rolim e Vitor Moura Visoni

Na experiência de quase-morte (NDE), a sede da auto-consciência do experimentador muda do local normal dentro do corpo para fora do corpo. O experienciador freqüentemente encontra a si mesmo pairando vários pés sobre seu corpo físico, observando os esforços para revivê-lo. Esta mudança de consciência para fora do corpo é uma característica primária de muitas NDEs. A NDE começa tipicamente com a transição para fora do corpo, seguida de experiências imediatas no ambiente físico e termina com um retorno ao corpo. Enquanto fora do corpo, o experienciador retém as faculdades da percepção, pensamento, volição, memória, sentimentos e consciência, tal qual como uma auto-consciência, ou seja, aproximadamente todas as faculdades da experiência consciente ordinária. Em alguns casos, a NDE revelou-se ter ocorrido quando o corpo e o cérebro estavam clinicamente mortos, como na parada cardíaca, isto é, com o EEG reto, sem pulso ou respiração e ausência de reflexos pupilares e maxilares (van Lommel, van Wees, Meyers, and Elfferich, 2001). Pim van Lommel e colegas estabeleceram que pacientes com parada cardíaca estavam clinicamente mortos mas ainda tinham ricas experiências cognitivas durante o período de completa perda de atividade cortical e do tronco cerebral, incluindo tendo percepções verídicas de seus ambientes físicos imediatos que foram depois verificados.

Resumo: A fase fora do corpo da experiência de quase-morte (NDE), onde a sede da consciência não mais está no corpo, provê evidência de que nossa auto-consciência pode existir independente do cérebro. O fenômeno da NDE durante a parada cardíaca demonstra uma continuidade da consciência durante períodos de isoeletricidade cerebral global (EEG plano) e sugere fortemente que a consciência pode continuar sem qualquer função elétrica cerebral. O fenômeno da percepção verídica durante a experiência fora-do-corpo (OBE) da NDE, o qual poderia ter ocorrido somente se a consciência tivesse operado de uma posição e perspectiva visual distante do corpo, fortemente sugere que nossa consciência pode se separar e operar independentemente do corpo. Comparando a NDE/OBE com outras formas de OBE, tais como OBEs espontâneas ou OBEs induzidas por drogas, a mais impactante diferença é que a NDE/OBE consistentemente inclui supostas percepções verídicas onde essas estão geralmente ausentes em outros tipos de OBE. As diferenças fenomenológicas entre outros tipos de OBE e a NDE/OBE sugerem que a mesma pessoa existe fora do corpo durante a NDE, libertada dos limites do corpo e existe dentro do corpo tanto antes quanto depois da NDE. Estes fenômenos tomados juntos fortemente sugerem que nossa consciência é uma entidade interna e externa por si mesma, chamada de mente auto-consciente independente, que ordinariamente opera dentro do corpo mas que por vezes pode se separar e operar independentemente dele na NDE. Se esta visão estiver correta, deveria haver numerosos fenômenos neurológicos que sugerem que a mente auto-consciente é uma realidade, tal qual na consciência ordinária.

PALAVRAS-CHAVE: experiência de quase morte, experiência fora-do-corpo, fenomenologia, problema mente-corpo, mente auto-consciente.

Na experiência de quase-morte (NDE), a sede da auto-consciência do experimentador muda do local normal dentro do corpo para fora do corpo. O experienciador freqüentemente encontra a si mesmo pairando vários pés sobre seu corpo físico, observando os esforços para revivê-lo. Esta mudança de consciência para fora do corpo é uma característica primária de muitas NDEs. A NDE começa tipicamente com a transição para fora do corpo, seguida de experiências imediatas no ambiente físico e termina com um retorno ao corpo. Enquanto fora do corpo, o experienciador retém as faculdades da percepção, pensamento, volição, memória, sentimentos e consciência, tal qual como uma auto-consciência, ou seja, aproximadamente todas as faculdades da experiência consciente ordinária. Em alguns casos, a NDE revelou-se ter ocorrido quando o corpo e o cérebro estavam clinicamente mortos, como na parada cardíaca, isto é, com o EEG reto, sem pulso ou respiração e ausência de reflexos pupilares e maxilares (van Lommel, van Wees, Meyers, and Elfferich, 2001). Pim van Lommel e colegas estabeleceram que pacientes com parada cardíaca estavam clinicamente mortos mas ainda tinham ricas experiências cognitivas durante o período de completa perda de atividade cortical e do tronco cerebral, incluindo tendo percepções verídicas de seus ambientes físicos imediatos que foram depois verificados.

A operação da auto-consciência independente do funcionamento do cérebro sugere que a consciência opera de uma forma particular enquanto nós estamos em nosso estado de consciência ordinária no corpo. Na verdade, se nossa auto-consciência pode se separar do nosso corpo e operar independentemente dele por um tempo, embora sob as circunstâncias notáveis da NDE, a auto-consciência muito provavelmente opera como uma entidade independente bem como enquanto estamos no corpo, embora esteja intimamente ligada com o cérebro e o corpo.

Assim, os fenômenos associados com o componente experiência fora-de-corpo (OBE) da NDE, onde o experienciador sente-se separado do corpo, mas ainda tem experiências verídicas do ambiente físico ordinário, pode nos dar indicações de quais aspectos da consciência são, de fato, independentes do cérebro. Por outro lado, os fenômenos da consciência que são associados com a atividade fisiológica do cérebro podem nos dar indicações de como nossa consciência opera quando unida com o cérebro.

O enigma de consciência, portanto, pode ser desvendado ou decodificado estudando a fenomenologia destes dois aspectos da experiência consciente, a OBE associada com NDEs e o correlato neural da consciência. O presente texto examina o primeiro desses aspectos fenomenologicamente, focalizando em aspectos relevantes da NDE/OBE. Outros aspectos das NDEs, além da fase de OBE, podem fornecer reflexões adicionais, mas não são considerados no presente texto. Um artigo subseqüente (Mays e Mays, 2007) se dirige a vários fenômenos neurológicos à luz da visão presente.

Fenomenologia

O termo fenomenologia descreve tanto um método de estudo de fenômenos como a descrição e classificação dos fenômenos desse estudo. Há vários métodos fenomenológicos diferentes usados em ciência cognitiva (por exemplo, Blackmore, 2006, p. 265), mas o nosso é baseado no descrito por Arthur Zajonc (1999), a saber, um método de inquérito baseado nas três etapas de investigação proposto por J. W. von Goethe: (1) “fenômenos empíricos” que são as observações ordinárias que um observador atento faria, (2) “fenômenos científicos” que são examinados por experimentação sistemática, e (3) “fenômenos puros ou arquetípicos” que permitem uma intuição direta ou encontro perceptivo com as leis de natureza. O último passo não ocorre por abstração e construção de modelos, mas sim refinando-se os fenômenos para se chegar na essência ou âmago dos fenômenos.

A forma de fenomenologia derivada da abordagem de Goethe é semelhante à fenomenologia de Edmund Husserl, mas vai além disso, pois admite mais do que relatos de consciência em primeira pessoa. É também muito semelhante à neurofenomenologia de Francisco Varela (1996) que estuda fenômenos em seus aspectos experienciais de primeira pessoa, junto com os aspectos associados neurológicos. No entanto, difere de neurofenomenologia em grau, por tratar os aspectos de primeira pessoa primariamente, com relatórios experimentais neurológicos como suporte.

Em suas investigações, Goethe era muito relutante em prosseguir imediatamente para definir as causas de padrões observacionais em termos de mecanismos subjacentes, mas o permitia quando era sensato fazer assim. É possível permanecer em cada etapa de explicação dentro do fenômeno e ainda crescer ao nível de teoria (Zajonc, 1999). Para Goethe, os próprios fatos fenomenais são a teoria: “Não procure por nada atrás dos fenômenos; eles próprios são a teoria”. “Deixe que os fatos falem por sua teoria”. (Bortoft, 1996, p. 71)

Assim, para explicar a consciência, precisamos procurar primeiro na própria consciência e cada maneira na qual a consciência se manifesta como fenômeno, incluindo, naturalmente, tanto experiências de quase-morte como resultados experimentais neurológicos. As experiências de primeira-pessoa de sujeitos experimentais ou pacientes são essenciais para o entendimento dos relacionamentos entre a consciência e os fenômenos neurológicos e levarão a uma teoria compreensiva de consciência.

A Experiência de Quase-Morte

A experiência de quase-morte tipicamente ocorre quando uma pessoa tem uma crise médica que traz a pessoa perto da morte ou quando uma pessoa experimenta perigo intenso físico ou emotivo (Greyson, 2000a). Raymond Moody (1975) descreveu 15 elementos comuns que se repetiram em relatórios de NDEs. Estes elementos incluem inefabilidade, ouvir alguém pronunciar “morto”, sentimentos de paz, experiências auditórias incomuns, tais como bipes ou zumbidos, atravessar uma região escura ou túnel, sentir-se separado do corpo físico – normalmente com percepção do ambiente físico, incluindo ver o próprio corpo, encontrar parentes ou amigos falecidos, um “ser de luz”, experimentar uma revisão panorâmica dos acontecimentos da vida, o retorno ao corpo e contar a outros sobre a experiência, inclusive corroborando acontecimentos testemunhados enquanto fora-do-corpo. Moody informou que muitas experiências individuais de quase-morte incluíram 8 ou mais destes elementos comuns, mas era raro que quaisquer duas experiências tivessem exatamente os mesmos elementos e só algumas experiências incluíam até 12 dos 15 elementos.

NDEs são informadas ocorrer durante um vasto leque de condições médicas ameaçadores da vida, inclusive parada cardíaca em infarto do miocárdio, choque anafilático, hemorragia cerebral e assim por diante, em tentativas de suicídio, ferimentos severos devido a acidentes e quedas, e em afogamentos. NDEs também são relatadas com doenças sérias que não são imediatamente ameaçadoras à vida e com as pessoas que parecem estar ameaçadas de uma injúria severa inevitável ou morte, mas que não estão necessariamente feridas. As últimas experiências, chamadas às vezes de NDEs antecipatórias, podem ocorrer em um acidente de trânsito ou em quedas de montanhas, onde a injúria é evitada no último instante.

Certas características das NDEs mais comumente são informadas em indivíduos que chegaram mais próximos à morte, como medido por registros médicos (Owens, Cook e Stevenson, 1990). Tais características incluem a experiência de uma luz forte (por exemplo, no fim de um túnel ou emanando de um ser de luz) e funções cognitivas aumentadas (tal como clareza aumentada de pensamento ou clareza perceptiva ou controle aumentado de cognição).

NDEs são informadas por aproximadamente 30% das pessoas que chegam perto de morte (cf. Greyson, 2000a) ou aproximadamente 4 – 5% da população total (Gallup e Proctor, 1982). Estudos prospectivos, no entanto, de pacientes cardíacos que com êxito foram reanimados depois da parada cardíaca indicam que a incidência de NDEs neste subgrupo é muita mais baixa, variando de 6% a 18% (van Lommel, van Wees, Meyers, e Elfferich, 2001; Parnia, Waller, Yeates, e Fenwick, 2001; Schwaninger, Eisenberg, Schechtman, e Weiss, 2002; Greyson, 2003). A combinação dos dados destes estudos prospectivos resulta num índice total de aproximadamente 15% para pacientes de parada cardíaca. Uma explicação da diferença é que essa reanimação cardiopulmonar prolongada pode induzir perda de memória que significativamente pode reduzir o número de NDEs informadas (Dougherty, 1994; Sauvé, Walker, Massa, Winkle, e Scheinman, 1996; van Lommel, van Wees, Meyers, e Elfferich, 2001, p. 2042).

Várias hipóteses explanatórias tanto fisiológicas quanto psicológicas foram propostas para explicar as NDEs (Greyson, 1998). Uma hipótese psicológica é que a NDE é uma forma de despersonalização, isto é, um sentimento de separação tanto do mundo, como da própria identidade, ou sentindo que a vida é irreal ou similar ao um sonho. S despersonalização é tipicamente desagradável, com sentimentos de ansiedade, pânico e vazio, não incluem um sentido de estar “fora do corpo” e ocorre mais freqüentemente em adultos jovens e mais freqüentemente em mulheres. Em contraste, os elementos da NDE são tipicamente agradáveis com sentimentos de paz, calma, alegria e amor e o NDEr continua a ter um sentido claro de identidade pessoal durante a experiência. NDEs tipicamente envolvem clareza de pensamento e alerta aumentado, tem um componente fora-de-corpo e não possuem nenhuma faixa etária característica e uma distribuição igual de gênero.

Outra hipótese psicológica é que a NDE é uma forma de dissociação, isto é, algum grau de separação de pensamentos, emoções, sensações ou memórias de uma consciência ordinária. Respostas dissociativas não-patológicas estão presentes até certo ponto na maioria de pessoas, tal como devaneios, absorção ao executar uma tarefa ou absorção ao assistir televisão, ao passo que sintomas patológicos da dissociação, tal como ter nenhuma memória de um acontecimento significativo de vida ou sentindo que aquele corpo não é o próprio, pode resultar de trauma severo psicológico ou físico tal como estupro, abuso sexual ou sendo refém. Muitas NDEs incluem características que são coerentes com a dissociação tal como a desconexão do corpo numa OBE e elementos da NDE podem ser desencadeados pela ameaça percebida de dano físico, mesmo quando nenhum dano físico realmente ocorre. Um estudo de NDErs usando a Escala de Experiências de Dissociativas (Greyson, 2000b) mostrou que as pessoas reportando NDEs informaram mais sintomas dissociativos que o grupo de comparação e que a “profundidade” da NDE foi positivamente correspondida com sintomas dissociativos. No entanto, o nível de sintomas exibidos por NDErs era consideravelmente mais baixo que o nível associado com desordens patológicas dissociativas. NDErs não mostram o nível de angústia ou dano que pacientes com desordens dissociativas fazem. Assim, o NDEr responde a sua experiência com um nível não-patológico de resposta dissociativa ao stress.

As hipóteses explanatórias fisiológicas para a NDE incluem hipoxia (oxigênio insuficiente), hipercarbia (nível de dióxido de carbono excessivo), a liberação de endorfinas ou vários neurotransmissores, atividade elétrica neural no lóbulo temporal direito ou do sistema límbico, a presença de várias drogas ou equivalentes endógenos até agora não identificados, e assim por diante. Em geral, estas explicações sofrem do fato que estas condições não são presentes em todos casos de NDE. Nenhuma teoria fisiológica foi ainda proposta para explicar satisfatoriamente todos os elementos comuns de NDEs (Greyson, 1998). Pode ser possível que uma resposta fisiológica sirva para desencadear a NDE e também pode ser possível que um modelo multifacetado explanatório fisiológico possa explicar todos os aspectos da NDE (Blackmore, 1993). No entanto, tais explicações necessitariam incluir as NDEs antecipatórias, onde a NDE claramente é desencadeado por uma ameaça percebida de injúria séria ou morte, mas nenhuma ferida física de fato ocorreu.


O componente fora-do-corpo da NDE

O foco da presente artigo é o componente OBE da NDE. A fenomenologia da OBE, ocorrendo durante a NDE, deveria ajudar no entendimento da natureza da consciência, uma vez que a consciência do NDEr aparenta se separar do corpo físico no início da OBE e depois se reunir com o corpo. Mais ainda, durante o componente OBE, percepções do ambiente físico do NDEr são feitas tais que aparentam ser verídicas e suas veracidades podem potencialmente ser corroboradas.

A proporção de NDErs que relatam uma OBE como parte de suas experiências tem sido variavelmente reportada como 75% (Greyson e Stevenson, 1980), 83% (Greyson, 1983) e 100% (Sabom, 1982). A diferença entre esses diferentes estudos pode ser devida a definição de OBE. A OBE é definida como a experiência da consciência de alguém ser deslocada do corpo físico. No índice de peso da experiência central (WCEI) para NDE, Kenneth Ring (1980) marcava uma pontuação de 2 se o indivíduo descrevesse uma “clara experiência fora-do-corpo” e 1 se o indivíduo tivesse a sensação de separação corporal sem isto. Em sua escala NDE, Bruce Greyson (1983) marcava 2 se o indivíduo claramente deixasse o corpo e existisse fora dele e 1 se o indivíduo perdesse consciência do corpo.

Um impactante exemplo de clara experiência de separação do corpo é o caso de George Ritchie (Ritchie e Sherrill, 1978, p. 36; Ritchie, 1998, p. 51), que inclui uma muito elaborada NDE e uma incomum OBE com aparentes percepções verídicas. O soldado Rirchie, 20 anos, um recruta recente no Exército, morreu de pneumonia aguda dupla no hospital em Camp Barkeley, localizado próximo a Abilene, Texas, em torno das 3:00 do dia 22 de dezembro de 1943. Richie havia estado inconsciente, mas acordou e encontrou a si mesmo sentando em sua cama com outra pessoa. Ele lembrou sua urgente necessidade de ir para Richmond para o início de seu treinamento médico e percebeu que tinha perdido o trem. Richie deixou o hospital, passando diretamente através de suas pesadas portas de metal e viu-se voando rapidamente, cerca de 500 pés, sobre a fria paisagem. A noite era clara e fresca, mas ele não sentia frio. Ele viu que estava viajando para leste da posição da Estrela Polar a sua esquerda no céu noturno.

Richie chegou a um largo rio com uma ponte comprida e alta e uma cidade relativamente grande no aterro distante. Ele sentiu que deveria parar de seguir as direções para Reymond e “pousou” em uma lanchonete 24 horas, com piso alvirrubro, numa esquina, com um sinal em neon azul escrito “CAFÉ” acima da porta e um sinal “Pabst Blue Riboonn Beer” numa grande janela frontal à direita. Na tentativa de falar com um transeunte, Richie percebeu que os outros não podiam vê-lo. Quando ele se inclinou para pegar a linha de telefone de uma cabine telefônica, sua mão passou por ela e ele percebeu que de alguma forma ele havia se separado de seu corpo e agora precisava voltar para ele. Ritchie rapidamente retornou ao hospital, mas teve dificuldade em achar seu corpo entre os 2300 leitos do hospital. Ele finalmente reconheceu seu corpo pelo anel em sua mão. Um lençol havia sido posto sobre sua cabeça e ele percebeu que havia morrido. Ainda, ele estava acordado, pensando e experimentando, só que sem um corpo. Freneticamente Richie pegou o lençol para tirá-lo, mas agarrou apenas o ar. Ritchie então encontrou um Ser de Luz que ele compreendeu ser Cristo. Ele teve uma revisão de vida e experiências extensas posteriores em outras esferas. Richie finalmente retornou ao seu corpo sob o lençol, com sua garganta em chamas e seu peito dolorido. Um assistente do hospital observou sua mão e persuadiu o médico a injetar adrenalina diretamente em sua musculatura cardíaca, um procedimento médico incomum naquela época. Ritchie reviveu e finalmente se recuperou.

Dez meses depois, após ser reprovado no treinamento médico, Ritchie estava dirigindo com três amigos do Exército de volta à Camp Barkeley para concluir o treinamento básico. Eles dirigiram ao sul de Cincinnati, seguindo o Rio Mississipi e vieram à Vicksburg, onde permaneceram durante a noite. Na manhã seguinte, Richie encostou o carro em frente à lanchonete. Ele reconheceu o sinal em neon (ausente no momento), o sinal Pabst na janela e a linha telefônica, exatamente como haviam aparecido antes. A lanchonete estava a 524 milhas diretamente ao leste da porta do hospital em Camp Barkeley.

Assim, a história de George Ritchie é única pela clareza e duração do componente OBE e por suas percepções verídicas evidentes da realidade física. Esses aspectos provavelmente resultaram de circunstância incomum de ter um forte desejo (não perder o início de seu treinamento médico) no instante de sua “morte”. Esse desejo o propeliu do hospital para uma estranha cidade muitas milhas distante, quando muitas experiências OBEs/NDEs permanecem geralmente na vizinhança do corpo do NDEr.

A fenomenologia da experiência de quase-morte tem sido documentada por um grupo de pesquisadores (p.ex., Moody, 1975; Moody e Perry, 1988; Greyson e Stevenson, 1980; Sabom, 1982; Valarino, 1997; Ring e Cooper, 1999). Se nós focarmos especificamente no componente OBE destas descrições fenomenológicas e dos relatórios gerais de NDE/OBEs na literatura, podemos desenvolver uma descrição mais elaborada da NDE que enfatiza o componente OBE. Assim, os elementos típicos do cenário da NDE que inclui uma OBE são listados aqui. Vários desses elementos não se apresentariam numa NDE que não incluísse um componente OBE.

1 – A pessoa experimenta um trauma físico tal como um acidente ou uma doença súbita tal como uma parada cardíaca.
2 – A pessoa tem sentimentos de paz e ausência de dor física
3 – Pode ser uma sensação de tilintar ou som em que a pessoa encontra sua consciência pairando sobre seu corpo físico próximo do teto, observando a equipe médica revivê-lo(a). Após um momento, o indivíduo reconhece que está observando seu próprio corpo, mas fica indiferente com esta descoberta.
4 – A pessoa pode ver que tem um corpo não-material e, menos freqüentemente, pode ver um cordão ou linha unindo ao corpo físico. Seu “corpo” sente leveza e ausência de dor mesmo quando os médicos realizam procedimentos que ordinariamente seriam dolorosos.
5 – As percepções da pessoa estão melhoradas, podendo se mover com a vontade ou desejo, e o indivíduo “escuta” outros no recinto falando por transferência de pensamento. Pode recordar coisas de sua vida pregressa e seus eventos recentes.
6 – A pessoa pode experimentar aspectos posteriores de uma NDE: um túnel escuro, revisão de vida, ir em direção a uma luz, encontrar parentes falecidos, entre outros. O indivíduo pode perceber ou ser orientado a voltar ao seu corpo.
7 – A pessoa retorna ao corpo e pode, neste ponto, ter percepções adicionais de ambientes físicos.
8 – A pessoa se reúne com o corpo físico. O indivíduo volta a si, puxado de volta através do túnel, ou voltar instantaneamente ao corpo físico. Sua perspectiva é agora dentro do corpo, olhando acima. A dor física retorna. A pessoa pode perder a consciência nesse momento.
9 – Após a recuperação física, a pessoa relata a experiência a outros. A pessoa deseja verificar sua experiência e busca outros para confirmar que o que viu realmente aconteceu ou verifica os eventos por si só.
10 – A memória da experiência é vívida, duradoura e, após um tempo, a experiência é integrada com uma das experiências da vida pessoal juntamente com outros possíveis efeitos posteriores. (Greyson e Stevenson, 1980).

Uma fenomenologia mais detalhada especificamente do componente OBE da NDE é autorizada, a qual nós apresentamos nas seções subseqüentes: a continuidade da consciência durante a NDE/OBE, a veracidade das percepções durante a NDE/OBE, uma comparação da NDE/OBE versus outros tipos de OBE e, finalmente, a fenomenologia da NDE/OBE.

Continuidade da Consciência com a Completa Cessação da Função Cerebral

Para desenvolver um entendimento da relação da consciência durante uma NDE com o funcionamento do cérebro, vários pesquisadores têm focado em estudos prospectivos dos sobreviventes de parada cardíaca para prover um modelo sem ambigüidade da NDE durante o processo da morte (Parnia, Waller, Yeates, e Fenwick, 2001; Parnia e Fenwick, 2002). A NDE ocorre com razoável freqüência durante paradas cardíacas, às vezes com uma fase OBE que inclui elementos verídicos (Sabom, 1982; Sabom, 1998; van Lommel, van Wees, Meyers, and Elfferich, 2001). A fisiologia da função cardíaca, da função respiratória, da atividade elétrica cerebral e da atividade vascular cerebral seguintes a uma parada cardíaca é bem conhecida e corresponde aos critérios para determinação da morte: ausência de atividade cardíaca, ausência de respiração espontânea e pupilas dilatadas e fixas. Dentro de 10 segundos após uma parada, a corrente sanguínea, a atividade elétrica cerebral e a função do tronco cerebral rapidamente cessam e o paciente rapidamente perde a consciência. Por um período, o paciente pode ser considerado clinicamente morto, mesmo se ele é ressuscitado com sucesso subseqüentemente. Contudo, durante a parada, alguns pacientes relatam experiências fora-do-corpo vívidas e conscientes deles mesmos e de seus ambientes físicos que são característicos da NDE.

Dentro dos primeiros 10 segundos ou próximos, a velocidade da corrente sanguínea na artéria cerebral média (Vmca) cai para zero cm/seg e a pressão sanguínea cai para menos de 20 mmHg (Gopalan, Lee, Ikeda, e Burch, 1999; de Vries, Bakker, Visser, Diephuis, e van Huffelen, 1998; Clute e Levy, 1990; Parnia e Fenwick, 2002). Vmca é uma confiável medida da corrente sanguínea cerebral geral. Também durante os iniciais 10 segundos, o eletroencefalograma (EEG) do paciente sofre primeiro por um tempo curto um aumento nas freqüências alfa, então uma queda tanto na alfa como na beta, um aumento nas freqüências delta e finalmente uma queda nas delta (Visser, Wieneke, van Huffelen, de Vries, e Bakker, 2001). O EEG então cai a zero ou isoeletricidade (plano) dentro de 10-20 segundos após a parada (de Vries, Bakker, Visser, Diephuis, e van Huffelen, 1998; Clute e Levy, 1990; Losasso, Muzzi, Meyer, e Sharbrough, 1992; Vriens, Bakker, de Vries, Wieneke, e van Huffelen, 1996). O paciente perde a consciência antes da isoeletricidade, durante a elevada atividade delta, que é cerca de 10 segundos após a parada cardíaca (Aminoff, Scheinman, Griffin e Herre, 1988; Brenner, 1997). Também logo antes da isoleletricidade, o paciente pode exibir leves espasmos e contrações musculares (Brenner, 1997). Com o declínio da atividade elétrica cortical, a atividade do tronco cerebral também declina simultaneamente à isoeletricidade. Este efeito é observado diretamente pelo monitoramento dos potencias auditivos evocados durante a parada cardíaca induzida em procedimentos de parada circulatória hipotérmica para tratamentos de aneurismas circulatórios cerebrais (Spetzler, Hadley, Rigamonti, Carter, Raudzens, Shedd, e Wilkinson, 1988). A isoeletricidade do tronco cerebral é também consistente com a observada perda de consciência e perda geral da função autônoma e reflexos associados com a atividade elétrica do tronco cerebral: não há respiração espontânea e resposta pupilar à luz, reflexos das córneas, do maxilar ou de tosse. Uma vez que a atividade elétrica do tronco cerebral espelha a atividade elétrica cortical como um resultado do nível da circulação cerebral, é razoável inferir que toda a atividade elétrica cerebral cessa nos primeiros 15 segundos, em média, da parada cardíaca.

Com o início da ressuscitação cardiopulmonar (CPR), tais como compressões torácicas, desfibrilações, respiração artificial e administração de drogas, baixos níveis da circulação sanguínea podem regredir. Com a reperfusão, o EEG pode começar a se recuperar, mesmo antes da função cardíaca ser restaurada (por exemplo, Losasso, Muzzi, Meyer, e Sharbrough, 1992). A recuperação do EEG segue o padrão das mudanças do EEG na parada cardíaca em ordem reversa (Brenner, 1997). Enquanto a duração da parada aumenta, o tempo de recuperação do EEG (o tempo, medido da recuperação cardíaca ao retorno ao EEG normal) aumenta ainda mais. Por exemplo, uma parada de 40 segundos resultará num tempo de recuperação de um adicional cerca 80 segundos (de Vries, Visser, and Bakker, 1997; Vriens, Bakker, de Vries, Wieneke, e van Huffelen, 1996). Mesmo após curtos períodos de inconsciência de 60-90 segundos, o paciente está geralmente ofuscado, lento à respostas ou confuso por cerca de 30 segundos após recobrar a consciência (Aminoff, Scheinman, Griffin, and Herre, 1988).

Se a parada dura mais que um limiar de 37 segundos, quando a circulação então se reconstitui, há um período de “hiperfusão” cerebral onde a corrente sanguínea e a levada de oxigênio para o cérebro estão bem acima do normal (Smith, Levy, Maris e Chance, 1990; de Vries, Bakker, Visser, Diephuis, e van Huffelen, 1998). Os dados para períodos mais longos de parada cardíaca estão disponíveis de experimentos com animais. Numa isquemia cerebral induzida em coelhos de 2,5 a 15 minutos, regiões específicas do cérebro desenvolvem defeitos circulatórios os quais inibem ou previnem reperfusões, um fenômeno chamado “não-refluxo multifocal” (Ames, Wright, Kowada, Thurston e Majno, 1968). Os defeitos do não-refluxo ocorrem durante a parada e aumentam em número proporcional ao aumento da duração da isquemia. Os defeitos são provavelmente causados por pressão pós-parada reduzida, elevada viscosidade sanguínea, coágulos sanguíneos disseminados e compressão de vasos sanguíneos devido ao inchaço (Buunk, van der Hoeven e Meinders, 2000). Se os defeitos são muito severos, a hiperfusão global e a hiperoxia que se seguem não são adequadamente capazes de reoxigenar as regiões afetadas. Assim, quanto maior a duração das isquemias cerebrais, maior a extensão das áreas de dano permanente que podem ocorrer. As regiões que eram mais susceptíveis aos danos do não-refluxo nos experimentos animais foram o estriado, o tálamo e o hipocampo assim como várias regiões do córtex (Kågström, Smith, e Siesjö, 1983). Esses resultados são consistentes com os achados em humanos (Kinney, Korein, Panigrahy, Kikkes, e Goode, 1994; Fujioka, Nishio, Miyamoto, Hiramatsu, Sakaki, Okuchi, Taoka, e Fujioka, 2000) e são consistentes com os observados déficits cognitivos e de memória em sobreviventes de paradas cardíacas (Dougherty, 1994; Sauvé, Walker, Massa, Winkle, e Scheinman, 1996).

Em unidades de terapia cardíaca, a duração comum das paradas cardíacas é de 1 a 2 minutos (van Lommel, 2006), 5 minutos em hospitais de salas não monitoradas (Herlitz, Bång, Aune, Ekström, Lundström, e Holmberg, 2001) e mesmo mais longas numa parada cardíaca fora do ambiente hospitalar. No estudo prospectivo holandês de 344 paradas cardíacas (van Lommel, van Wees, Meyers, e Elfferich, 2001), 234 (68%) dos 344 pacientes foram ressuscitados com sucesso no hospital. Destes, 190 (81%) foram ressuscitados dentro de 2 minutos da parada e 187 (80%) estiveram inconscientes menos de 5 minutos. Outros 30 que foram ressuscitados no hospital (13%) foram ressuscitados dentro de 1 minuto da parada e estiveram inconscientes menos de 2 minutos. Dos 344 pacientes do estudo, 101 (29%) receberam CPR fora do hospital (geralmente na ambulância) e ouros 9 (3%) foram ressuscitados tanto fora como dentro do hospital. Desses 110 pacientes, 88 (80%) tiveram uma parada mais longa que 2 minutos e 62 (56%) estiveram inconscientes por mais de 10 minutos. Apenas 12 pacientes (9%) tiveram uma parada mais longa que 10 minutos. Em geral, 123 (36%) dos 344 pacientes estiveram inconscientes mais que 60 minutos. A duração média da parada cardíaca nesse estudo foi 3,8 minutos e a duração média da inconsciência foi de 109 minutos (n=344).

Essas estatísticas são provavelmente típicas da ressuscitação das paradas cardíacas em geral. Assim, o típico sobrevivente de parada cardíaca em hospital sofre uma parada por 1 a 2 minutos e fica inconsciente por 2,5 a 5 minutos. O típico sobrevivente de parada cárdica externo ao hospital sofre uma parada por cerca de 4 a 10 minutos e permanece inconsciente por cerca de 10 a 60 minutos.

Da precedente descrição da fisiologia da parada cardíaca, o período da isoeletricidade cerebral global tipicamente vai de 15 segundos após a parada a 5-10 segundos após o início da CPR (compressões torácicas ou desfibriladores), mas reverte a isoeletricidade quando as compressões torácicas são descontinuadas, se a função cardíaca não inicia. Mesmo com o reinício da atividade elétrica, o EEG não retorna ao normal por um considerável tempo após a atividade rítmica delta reaparecer, dependendo da profundidade da parada (de Vries, Visser e Bakker, 1997; Vriens, et al., 1996). Num cenário de caso ideal de uma parada de apenas 40 segundos, o tempo de recuperação do EEG seria um adicional de 80 segundos. Em paradas mais longas, o tempo de recuperação do EEG e funções cognitivas correspondentes seriam influenciados pelos efeitos de não-refluxo multifocais que ocorrem e seriam consideravelmente mais longos. Similarmente, o período de inconsciência vai de 10 segundos após a parada até algum tempo após o retorno do EEG normal, provavelmente seguido por um período de desorientação ou consciência confusa. Em paradas cardíacas de 2 minutos ou mais, a duração da inconsciência é provavelmente mais influenciada por efeitos de não-refluxo multifocais.

Durante o período de isoeletricidade cerebral global e perda da consciência, alguns sobreviventes de parada cardíaca reportaram NDEs vívidas que incluem OBEs com percepções verídicas de eventos de suas ressuscitações. O estudo de Michael Sabom (1982) consistiu de 106 pacientes que haviam sobrevivido a episódios não cirúrgicos de inconsciência e estiveram próximos da morte, incluindo 78 paradas cardíacas, 20 comas, 7 acidentes com risco de morte e 1 tentativa de suicídio. Desses 106 pacientes, 61 reportaram uma NDE seguindo o evento de crise da quase-morte. Notem que esses eventos de quase-morte que incluíram NDE não necessariamente foram os eventos que traziam os pacientes à atenção de Sabom. Dos 61 NDErs, 32 alegaram ter visto alguma parte de sua ressuscitação numa OBE, mas 26 destes eram incapazes de prover detalhes suficientes para verificação, porque a atenção do paciente estava diretamente voltada a outras coisas e não aos detalhes da ressuscitação, por exemplo a sensação de liberdade ou o estupefação do paciente no que estava acontecendo a ele. Os 6 pacientes restantes, todos casos de parada cardíaca, proveram detalhes que puderam ser analisados. Desses 6 sobreviventes cardíacos, 4 foram entrevistados 1 ano após o evento de quase-morte, 1 após 4 anos e 1 após 5 anos.

Em cada um dos seis casos, os detalhes providos da percepção OBE corresponderam precisamente com os procedimentos médicos, como o uso de compressão torácica, desfibrilação e coleta de sangue para análise dos gases sanguíneos e com os registros médicos em extensão e detalhes contidos. Muitas das percepções OBE foram de eventos que ocorreram durante o período de provável isoeletricidade cerebral, descrevendo os eventos prévios à CPR e os passos iniciais da CPR. Posteriormente, os pacientes não experimentaram interrupção ou alteração da experiência consciente, mesmo quando a atividade elétrica cerebral provavelmente reiniciaria, até haver uma clara transição de volta ao corpo. Em 5 dos 6 casos, o paciente deu uma descrição definida dessa transição, geralmente descrevendo como uma troca de perspectiva de estar fora do corpo olhando para baixo para estar dentro do corpo olhando para cima. Essas transições foram associadas com o retorno da consciência no corpo.

Nos primeiros três casos de Sabom, a descrição provida pelo paciente durante o período de provável isoeletricidade foi precisa comparada com o registro médico.

* Caso 1: o paciente relatou como tendo caído no chão, podendo ver o chão de cima, estava flutuando e posto numa maca, o médico deu um forte golpe no peito e então fez compressões torácicas. O registro médico descreveu que o paciente desmaiou na sala, não tinha pulso ou respiração e a CPR foi iniciada.

* Caso 2: o paciente relatou ter uma IV inserida, compressões torácicas e uma agulha inserida para “algo sobre gases sanguíneos”. O registros médicos descreveram o paciente como inconsciente, uma IV foi iniciada, uma grande injeção de glicose intravenosa dada (sem resposta), então “medidas ressuscitadoras completas” foram iniciadas e o sangue arterial foi colhido. Interessantemente, a desfibrilação não foi notada pelo paciente ou mencionada no registro médico.

* Caso 3: o paciente relatou vomitar, em seguida deixar o corpo e então ver de cima a enfermeira administra-lhe um choque que puxou o paciente de volta ao corpo. O registro médico descreve o paciente vomitando e então desenvolvendo fibrilação ventricular (parada cardíaca) a qual “respondeu prontamente à desfibrilação”.

Posteriormente, o balanço das descrições nesses três casos, além do período de provável isoeletricidade, foi consistente com o balanço dos respectivos registros médicos. Em outros casos, o registro médico não estava disponível ou tinha apenas uma mínima descrição. Contudo, os relatos do pacientes continham puramente percepções visuais que eram ou posteriormente verificadas ou achadas como provavelmente acuradas.

* Caso 4: o paciente descreveu o uso de uma máquina desfibriladora após o início compressões torácicas da CPR. A máquina tinha um medidor com duas agulhas, uma fixa e uma móvel, a última a qual gradualmente se moveu. (Isto provavelmente descreve um medidor que marca os watts-segundos da desfibrilação e mede a carga da máquina naquela série.) A enfermeira ou o médico moveu a agulha fixa toda vez antes da desfibrilação e a outra agulha gradualmente se moveu. O paciente então descreveu os eletrodos do desfibrilador como discos redondos com botões em cima da alavanca a qual é usada para fornecer o choque. O paciente a seguir descreve a sequência de ressuscitação de um choque do desfibrilador entre um terço e meia escala, compressões torácicas, um choque mais forte (mais de meia escala), compressões torácicas e um choque mais forte (cerca de três quartos), após o que o paciente sentiu, ele estava retornando à consciência (ordinária). Não está claro se houve compressões torácicas prévias à primeira desfibrilação. Se não houve, então estas percepções puramente visuais provavelmente começaram durante a isoeletricidade; do contrário foram feitas certamente durante um período de inconsciência. A descrição do desfibrilador é consistente com desfibriladores que eram de uso comum na época (1973) e a descrição de desfibrilações progressivamente mais fortes intercalaram com compressões torácicas é também consistente com práticas médicas comuns. O paciente mesmo negou ter visto tal desfibrilador ou procedimentos CPR antes. As percepções puramente visuais do ajuste e do movimento das duas agulhas poderia somente ter sido feita enquanto a máquina estava em uso, um fato que ajuda a confirmar que as percepções ocorreram durante o procedimento e não em algum outro momento.

* Caso 5: o paciente descreveu que “tiros” foram primeiramente administrados na virilha, o médico então começou a inserir uma agulha em seu corpo em um lado pela axila, mas então mudou de idéia e decidiu por em outro lado, próximo ao coração. (Este procedimento foi provavelmente um tentativa de adentrar a veia subclávia, abaixo da clavícula, para administrar drogas ou inserir um cateter.) Após a ressuscitação, o paciente reportou dizendo ao médico que ele observou que o este mudou de idéia e foi para o outro lado para fazer este procedimento e o médico confirmou seu relato. Da descrição do paciente, o sangue arterial foi primeiro colhido, então o procedimento subclaviana foi feito e então a desfibrilação foi realizada. O registro médico descreveu que a CPR completa foi instituída e os gases sanguímeos foram drenados. Da descrição do paciente, não está claro quando, quanto ou mesmo se as compressões torácicas foram feitas, logo não está claro se a percepção visual do médico mudando de idéia e movendo-se ao outro lado ocorreu durante a provável isoeletrcidade. Em qualquer caso, ocorreu enquanto o presente paciente estava inconsciente.

*Caso 6: o paciente descreveu o uso de compressões torácicas, desfibrilação e injeção no coração como se ele estivesse mais e mais alto, fora do corpo. O paciente então descreveu ver, enquanto ele continuava inconsciente, sua esposa, seu filho mais velho e sua filha mais velha descer até a sala e falar com o médico. Sabom foi capaz de confirmar seu relato independentemente com sua esposa e filha. A esposa havia vindo para visita, sem anúncio, com dois de seis filhos adultos e estava a pelo menos 10 quartos do quarto do paciente quando a parada cardíaca ocorreu. A enfermeira impediu-os de seguir adiante. O paciente foi conduzido para o hall, mas nunca olhando em direção de sua família e foi levado para outro andar sem cruzar com eles no hall. O paciente acuradamente identificou quem estava com sua esposa, mesmo a visita da família não tendo sido esperada e a esposa podendo trazer qualquer um ou dois de seus seis filhos para visita. A esposa confirmou a conversa com o médico no momento. Novamente, esta percepção puramente visual ocorreu durante a inconsciência.

O estudo de Sabom mostra a dificuldade em verificar relatos de percepções verídicas durante uma NDE/OBE. O paciente geralmente pode prover muitos detalhes específicos de eventos percebidos durante uma OBE, mas os registros médicos geralmente fornecem apenas aqueles detalhes que são necessários para o cuidado médico em curso. A menos que os médicos, enfermeiros e o corpo clínico sejam entrevistados dentro de um curto período de tempo do evento, suas memórias não serão provavelmente detalhadas ou acuradas. Estas dificuldades são limitações resultantes dos procedimentos das pesquisas e podem ser superadas. Um protocolo de entrevistas independentes tanto de pacientes como do corpo clínico tão cedo quanto possível após o evento forneceria verificação tanto das percepções detalhadas da OBE do paciente, como da condição médica específica do paciente no momento.

Para ajudar a verificar que as percepções OBE vêm da percepção real dos eventos, Sabom visou eliminar a possibilidade de que as percepções do paciente pudessem ser atribuídas à imaginação baseadas em conhecimento prévio dos procedimentos CPR (derivados, por exemplo, de séries de televisão), em expectativas baseadas em experiência prévia com procedimentos cardíacos de eventos médicos anteriores ou em simples adivinhações. Sabom entrevistou um grupo controle de 25 pacientes cardíacos, com histórico similar a aqueles que reportaram OBE, tendo uma doença cardíaca de duração média maior que 5 anos, com experiências prévias em internações de ataque cardíaco, cateterismo, cirurgia em coração aberto, parada cardíaca sem OBE, entre outros. Os controles foram solicitados a descrever em detalhe visual o que eles razoavelmente esperariam ver do canto de um quarto de hospital durante a CPR de um paciente de parada cardíaca. 23 dos 25 pacientes controles fizeram tentativas de descrever o procedimento da CPR. Destes, 20 fizeram um erro crasso em seus relatos descritivos, mais comumente o uso de respiração boca-a-boca, que é raramente usado num procedimento hospitalar. Os outros 3 deram limitadas descrições do procedimento CPR sem erro óbvio. Um desses controles omitiu elementos chaves tais como compressões torácicas e ventilação artificial e outros 2 haviam testemunhado ressuscitações reais em ambientes hospitalares.

Sabom concluiu que os resultados do grupo controle sugerem que as descrições da CPR de NDE/OBEs não foram baseadas somente no conhecimento prévio geral dos pacientes em CPR. Mais ainda, há forte correspondência entre as percepções OBE e os reais procedimentos descritos no registro médico. Os relatos em OBE contêm numerosos detalhes específicos que eram ausentes das descrições do grupo controle. Sabom também concluiu que o staff médico muito provavelmente não forneceu detalhes adicionais sobre os procedimentos CPR dos pacientes porque não havia razão concebível para fazê-lo. Mais ainda, era improvável que os pacientes montassem juntos um retrato da ressuscitação de percepções visuais, auditivas ou (adicionaríamos) táteis feitas num estado semiconsciente porque as percepções dos detalhes foram visuais em sua natureza, mas fora do campo visual dos olhos físicos do paciente e não poderiam ser derivadas de informações sensórias auditivas (ou táteis). Nós adicionaríamos que algumas das percepções foram feitas após a parada e previamente ao início da CPR, durante o período de provável isoeletricidade cerebral completa, quando nenhuma percepção, mesmo subliminar, seria possível. Também acrescentaríamos que embora alguns detalhes possam ser inferidos devidos a efeitos físicos mais duradouros, por exemplo, a colocação dos eletrodos do desfibrilador à queimaduras ou desconfortos no peito, o fato de que as compressões torácicas à dores no peito ou costelas quebradas e a colocação de um IV ao fato de que o IV continuava lá no despertar, estes detalhes sozinhos não podem explicar a correspondência íntima do relatos da sequência de eventos do paciente com os registros médicos, nem os detalhes que são puramente visuais em natureza, tais como os comandos do desfibrilador e as agulhas no caso 4.

Sam Parnia (2006, p. 77) documentou um segundo exemplo de percepções verídicas durante uma OBE, um relato de Richard Mansfield, um experiente cardiologista que era o chefe de equipe cardíaca ressuscitando um homem de 32 anos numa parada cardíaca. O paciente foi observado inicialmente sem pulso, sem respiração e estava em assístole (um eletrocardiograma completamente plano). A ressuscitação incluiu entubação, ciclos de três minutos de compressões torácicas, adrenalina e atropina. A despeito desses esforços, por um período maior que 30 minutos, o paciente permaneceu sem pulso e em assístole. Antes de encerrarem os esforços, Mansfield checou novamente se o monitor cardíaco e cabos estavam funcionado adequadamente e se não havia pulso. A ressuscitação foi parada e o grupo aceitou que o paciente estava morto. Mansfield deixou a sala para escrever os registros médicos e saiu por 15 minutos. Ele reentrou na sala para checar quantas doses de adrenalinas haviam sido administradas e notou que o paciente aparentava estar definitivamente mais ruborizado que quando o médico deixou a sala. Mansfield observou de novo a virilha do paciente e sentiu um pulso. A ressuscitação foi continuada e o paciente, por fim, estabilizado e transferido para a terapia intensiva.

Cerca de uma semana depois, Mansfield entrevistou o paciente; ele não havia sofrido qualquer dano cerebral, a despeito de estar em assístole por mais de 30 minutos e sem qualquer assistência em termos de compressão cardíaca ou oxigênio por outros 15 minutos. Mais ainda, o paciente descreveu como ele havia observado tudo de cima e descreveu em detalhe tudo o que aconteceu: tudo que o médico disse e fez no procedimento, incluindo a saída do quarto, voltando mais tarde, observando o paciente, revendo o pulso e reiniciando a ressuscitação. O paciente foi capaz de recontar todos esses detalhes corretamente, de acordo com Mansfield.

Durante os períodos de compressão torácica nessa ressuscitação, é provável que alguma atividade elétrica cerebral tenha se iniciado, mas, uma vez que o paciente permaneceu em assístole, tão logo as compressões torácicas pararam, a isquemia cerebral global iria continuar e o cérebro retornaria à isoeletricidade. Em algum momento depois que Mansfield deixou o quarto, o coração do paciente deve ter reiniciado espontaneamente. Contudo o paciente permanecia inconsciente e foi finalmente estabilizado e transferido à terapia intensiva. A despeito dos prováveis períodos intermitentes de isoeletricidade cerebral, o paciente era capaz de perceber todos os eventos da ressuscitação de cima. Em particular, o paciente acuradamente descreveu a decisão de parar a ressuscitação, e o médico deixando a sala, um momento quando o paciente foi confirmado pelo médico como ainda sem pulso e em assístole, consequentemente muito provavelmente em completa isoeletricidade cerebral. Os detalhes do relato do paciente não foram descritos por Mansfield, mas nós podemos assumir que as percepções do paciente ocorreram sem lapsos de consciência, assim como quando a atividade elétrica poderia ter recomeçado. Tivesse havido um lapso de consciência, a descrição do paciente de periodicamente começar a perder a consciência ou de ser puxado de volta ao corpo certamente teria sido notada.

Assim, temos um relato adicional de percepções verídicas durante uma aparente NDE/OBE, durante períodos de quase certa isoeletricidade cerebral, neste caso um relato não do próprio NDEr, mas da pessoa que seria mais capaz de verificar a acurácia dos detalhes das aparentes percepções do NDEr. Posteriormente, os detalhes foram verificados como completamente precisos dentro de uma semana do incidente. O relato de Mansfield merece posterior investigação independente, por exemplo, para reunir e correlacionar os detalhes de Mansfield, do paciente e de outro pessoal que esteve presente e de registro médicos escritos. Infelizmente, devido ao lapso de mais de 15 anos agora, tal investigação seria problemática (Parnia, comunicação pessoal, 25 Setembro de 2006). Um tratamento mais rigoroso de tais relatos de aparentes percepções verídicas no momento do evento médico forneceriam mais corroborações definitivas.

Um terceiro exemplo de aparente continuidade da consciência através de um período de cessação completa da atividade cerebral foi documentado por Sabom (1998). Pam Reynolds, 35 anos de idade, se submeteu a uma cirurgia em 1991 para um grande aneurisma da artéria basilar na base do cérebro. O complexo procedimento envolveu parada cardíaca hipotérmica que incluía a redução de sua temperatura corporal à 60°F, parando seu coração e sua respiração e drenando o sangue de seu cérebro (Spetzler, Hadley, Rigamonti, Carter,Raudzens, Shedd e Wilkinson, 1988). Neste ponto, Reynolds estava em “stand still” e, por todas as medidas, estava morta. O aneurisma foi então removido, seu sangue e sua temperatura corporal restaurados e seu coração e respiração reiniciados.

A anestesia foi induzida às 7:15 AM, os olhos de Reynolds foram tapados e fones de ouvido foram colocados que emitiam cliques de 100dB em 11 à 33 ciclos/segundo. Às 8:40, seu corpo foi coberto e por volta das 8:45 Reynolds experimentou uma OBE NDE, assim que o cirurgião começou a cortar seu crânio com uma serra cirúrgica pneumática especializada para acessar seu cérebro. Sua visão na OBE foi mais focada e clara que o normal. Como pairava sobre o ombro do cirurgião, ela notou que a serra lembrava uma escova de dente elétrica com um formato peculiar. Usava lâminas intercambiáveis que eram mantidas num container que lembrava um estojo vazio para colocar documentos. Reynolds também ouvia comentários de uma médica sobre suas veias e artérias serem muito pequenas. Reynolds continuou a ter uma profunda NDE envolvendo um túnel, entrando numa luz incrivelmente brilhante e o encontro com alguns parentes falecidos.

Durante o tempo de sua NDE, o procedimento cirúrgico continuou: o resfriamento sanguíneo começou às 10:50 e o coração de Reynolds foi parado às 11:05. O monitor EEG registrava isoeletricidade e o funcionamento do tronco cerebral, medido por pulsos elétricos em resposta aos cliques auditivos em seus ouvidos, indo quase a zero. Reynolds foi trazida ao “stand still” por volta de 11:25 com o sangue drenado de seu cérebro. A excisão cirúrgica do aneurisma foi completada e sua corrente sanguínea restabelecida. Neste momento, os monitores de EEG e do funcionamento do tronco cerebral mostraram retorno da atividade elétrica e a função cardíaca foi iniciada. Às 12:00 o coração de Reynolds foi em fibrilação ventricular e dois desfibriladores foram usados para reiniciá-lo. Em sua NDE, Reynolds foi trazida de volta do túnel por seu tio falecido e viu seu corpo. Ela não queria voltar para o corpo, porque parecia terrível a ela, que nem um cadáver. Contudo, com um pequeno empurrão, ela reentrou em seu corpo. Às 12:32, a válvula de desvio foi removida e os cortes cirúrgicos foram fechados. Neste ponto, Reynolds lembrou ouvir a equipe cirúrgica escutando uma canção em particular.

Mais tarde, Sabom verificou que as percepções de Reynolds sobre a serra cirúrgica e do comentário do médico sobre as suas veias eram exatas. No entanto, ambas estas percepções ocorreram ao redor de 8:45, enquanto Reynolds estava sob anestesia, e bem antes da isoeletricidade cerebral, que foi de aproximadamente 11:05 até talvez 11:45. Houve outro período breve de isoeletricidade, talvez 1-2 min de duração, durante o evento da fibrilação ventricular às 12:00. O momento do retorno ao corpo pode ser calculado entre aproximadamente 12:05 e o tempo dos procedimentos cirúrgicos de sutura, porque Reynolds podia identificar uma música sendo tocada ao fundo depois que tinha entrado de novo no seu corpo.

Neste relato, nós temos uma OBE NDE consciente com percepções de verídicas durante um procedimento cirúrgico mas não durante isoeletricidade cerebral. No entanto, a NDE continuou sem interrupção por um período monitorado de provavelmente 40 min de isoeletricidade do tronco cerebral e cortical que foi documentado. O relato de Reynolds não indica em qualquer ponto de sua NDE que sua consciência diminuía ou falhava, ou que ela era trazida de volta ao seu corpo, exceto após o reinício da função cardíaca, quando foi empurrada para ele. Assim, embora as percepções verídicas tenham ocorrido num ponto quando Reynolds estava sob anestesia e portanto inconsciente, elas ocorreram enquanto havia atividade elétrica de cérebro ainda plena. Não obstante, a fase inicial da OBE foi parte de uma experiência consciente contínua que alcançou um período extenso de isoeletricidade cerebral global.

Numa parada cardíaca, o início de isquemia cerebral global e de isoeletricidade cerebral causam a perda de consciência na maioria dos pacientes. No entanto, alguns pacientes experimentam uma continuidade de consciência, geralmente com uma perspectiva fora do seu corpo e olhando para baixo. O paciente geralmente não experimenta nenhuma perturbação na consciência (com exceção da mudança de perspectiva) num momento quando toda atividade elétrica de cérebro quase certamente cessou. O paciente experimenta uma consciência nítida e lúcida do ambiente físico e ainda possui todos os sentidos e atributos de consciência ordinária no corpo, a saber, percepção, volição, sentimentos, pensamento e memória de acontecimentos prévios. O paciente experimenta uma continuidade completa de consciência mesmo quando a atividade elétrica cerebral recomeça, até haver uma transição clara de volta ao corpo, o que aponta que a consciência do paciente continua, agora com uma perspectiva de dentro do corpo, ou o paciente torna-se inconsciente e acorda mais tarde no corpo. A NDE torna-se integrada intimamente na memória ordinária do paciente, como outras experiências da vida. Durante o período inteiro de consciência fora-do-corpo, o paciente aparenta estar completamente inconsciente e incapaz de responder ao pessoal médico.

Assim, o fenômeno de NDE durante a parada cardíaca, com experiências fora-do-corpo verídicas de ambientes físicos durante o período de isoeletricidade cerebral global, desafia a hipótese de que essa consciência é dependente das funções cerebrais. Ordinariamente esta hipótese é correta, porque a perda de atividade elétrica cerebral quase sempre resulta em inconsciência. No entanto, os casos raros de NDE durante as paradas cardíacas demonstram que há exceções notáveis. A fenomenologia destas exceções mostram que, uma vez separada da função cerebral numa NDE, a consciência do paciente continua numa OBE mesmo que a atividade elétrica do cérebro encerre e que a consciência continuará a operar independentemente até que haja um retorno o corpo. A consciência do paciente funciona com todos os atributos de consciência costumeira, numa continuidade da experiência autoconsciente que envolve o tempo em que o paciente esteve no corpo, separado pela experiência fora-do-corpo e no momento de retorno ao corpo. O paciente experimenta as transições para fora e de volta ao corpo como ocorrências naturais, embora raras, e pode integrar a experiência inteira numa memória como uma das experiências de vida.

A Veracidade da OBE NDE

O relato precedente da continuidade de consciência durante períodos de isoeletricidade cerebral global se baseia na validade das percepções verídicas durante a NDE/OBE, porque estas percepções estabelecem que a consciência de NDE ocorreu num tempo de isoeletricidade cerebral global ou inconsciência. A validade destas percepções depende de evidência corroborativa de que as percepções eram reais (isso é, “verídicas”) e que elas não podiam ter sido imaginadas, nem mentalmente podiam construídas em algum outro momento, por exemplo, tendo sido inferida da consciência sensória subliminar durante anestesia, do conhecimento geral prévio, de expectativas derivadas de experiências anteriores, de informação fornecida por outros depois do fato, de conseqüências físicas duráveis (por exemplo, dor ou queimaduras de uma desfibrilação) ou de suposições afortunadas.

Quando uma pessoa experimenta uma NDE com percepções fora-do-corpo dos arredores imediatos, o desejo natural está em verificar se os acontecimentos ou coisas percebidas foram reais e se realmente aconteceram. De modo geral, tais percepções são descobertas informalmente como verídicas, isso é, aparentam ser reais, foram verificadas com testemunhas e confirmadas. Em contraste, relatórios de percepções numa NDE que foram descobertas como não verídicas são raras.Jan Holden relatou os resultados preliminares de um estudo de casos de percepção pretensamente verídicas em relatórios de NDE que não poderiam ser resultado de percepção normal, que foram corroborados pelo NDEr ou outros. De 93 casos, 92% aparentaram completamente exatos, 6% com elementos tidos com exatos e errôneos e <1%>

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