quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A Navalha de Ockham


A Navalha de Ockham não postula que adotemos a explicação mais simples. Ela é apenas um princípio de parcimônia, que se baseia na não multiplicação de entidades desnecessárias. Isso não significa, de forma alguma, que a explicação mais simples tenha algum privlégio sobre qualquer outra.



Caros Amigos,

Segue um debate ocorrido no grupo INTER-PSI, sobre um dos principios
utilizados no meio cientifico, chamado principio NAVALHA DE OCKHAM. Esse
principio é utilizado para escolhermos entre duas ou mais hipoteses
cientificas escolher a que for mais "simples".

> -----Mensagem original-----
> De: DETEC/Consult - Maurício Júnior de Mendonça
> Enviada em: sexta-feira, 13 de maio de 2005 08:27
> Para: Fórum Virtual de Pesquisa Psi (E-mail)
> Assunto: A Navalha de Ockham
>
> COMPILACAO DAS DISCURSOES ATE AQUI
> --------------------------------------------------------------------
>
#1 Mauricio:
Creio que as nossas discordancias GRAVES sao: Limites de Psi e Navalha de
Ockham. Mas isso fica pra uma outra ocasiao. rsrssrsrs

#2 Wellington:
Tá bom! Mas ofereço um trecho do texto de um colega de outra lista
(Ceticismo Aberto), Marcelo Esteves "Druyan", que comenta bem rapidamente
algo de interesse a respeito da Navalha de Ockham. Ele e outro listeiro,
Roberto, estiveram dialogando a respeito da definição de ciência e coisas
do gênero.

---------------------
Marcelo: Acho um grande arro agarrarmos a primeira explicação que
faça sentido, simplesmente por não haver outra melhor.

Roberto: Sem dúvida! Mas tb considero um erro assumirmos uma
explicacao por que ela aparenta ser a mais simples dentre todas as
apresentadas.

Concordo com você. Mas se você está se referindo à Navalha de
Ockham, há aí um equívoco muito comum.

A Navalha de Ockham não postula que adotemos a explicação mais
simples. Ela é apenas um princípio de parcimônia, que se baseia na
não multiplicação de entidades desnecessárias. Isso não significa, de
forma alguma, que a explicação mais simples tenha algum privlégio
sobre qualquer outra.

Vou usar um exemplo.

Hoje, a ciência conhece os fenômenos envolvidos na eclosão de um
trovão. Sabemos, por isso, que se trata de um fenômeno natural. Pois
bem, se alguém disser que é Thor, deus do trovão, quem produz os
estrondos, o princípio de parcimônia pede que esta hipótese seja
descartada a favor da primeira. Por que?

Porque Thor é uma entidade desnecessária na explicação de como
acontecem os trovões. Se os trovões podem ser explicados por causas
naturais, não há porque postular uma entidade sobrenatural como
responsável por eles. Thor sobra, é desnecessário para explicar os
trovões.

Então, ficamos com a explicação da ciência, não porque seja mais
simples, mas porque é suficiente.

Vou usar um exemplo inverso. Os espíritas afirmam que quando um
médium psicografa, há um espírito atuando sobre ele. Explicação
simples. Mas hoje, há outras explicações que respondem às lacunas e
contradições observadas em fenômenos de psicografia. É uma explicação
simples? Não. Ela envolve um entrelaçamento de psicologia,
sociologia, pesquisa psi, etc. É uma hipótese complexa, mas que dá
conta do recado, melhor que a hipótese espírita.

Quando estes fundamentos estiverem bem estabelecidos e a
psicografia puder ser explicada por causas naturais, o princípio de
parcimônia pedirá que se desconsdire a atuação de espíritos, por
desnecessária.
> --------------
/

#3 Mauricio:
Nao resistindo aa tentacao...

> "***Quando*** estes fundamentos estiverem bem estabelecidos e a
> psicografia puder ser explicada por causas naturais, o princípio de
> parcimônia pedirá que se desconsdire a atuação de espíritos, por
> desnecessária." Asteriscos meus.

Tô começando a gostar dessa navalha. Mas duvido que essa recomendacao seja
levada a seria JÁ. Ou seja "atuação de espiritos" é que deva prevalecer
por ser mais simples e AINDA nao se ter a explicação "natural".

O autor Parece querer dizer algo assim: __ O principio de parcimonia pede
que se desconsidere a "atuacao de espirito" pois a explicação das causas
naturais a tornará em breve desnecessaria" __ Ou seja, é o dogmatismo
cientifico disfarcado de bom senso... apesar de contradizer a propria
logica. Lembra o argumento de fé dos teologos medievais: creio mesmo que
absurdo!

> Achei a explicação muito boa!
/
#4 Vitor:
comentando:

"1-Vou usar um exemplo inverso. Os espíritas afirmam que quando um
médium psicografa, há um espírito atuando sobre ele. Explicação
simples. Mas hoje, há outras explicações que respondem às lacunas e
contradições observadas em fenômenos de psicografia. É uma explicação
simples? Não. Ela envolve um entrelaçamento de psicologia,
sociologia, pesquisa psi, etc. É uma hipótese complexa, mas que dá
conta do recado, melhor que a hipótese espírita." Do texto anexo.

***Há muitas diferenças entre os casos de psicografia para dizer que a
hipótese de psicologia+sociologia+pesquisapsi dá conta do recado melhor
que a espírita. Há casos extraordinários em que a letra é idêntica à do
morto, e não só isso, a forma de separar as palavras também, e não só
informações corretas e desconhecidas são transmitidas, mas mostra os
desejos do espírito de se comunicar a atitudes que comprovam sua
personalidade .Um exemplo é o caso Oscar Wilde, cuja médium foi
Travers-Smith, citada nos Proceedings. E discordo quanto ao problema de
criação de entidades desnecessárias. Mesmo a ciência recorre à criação de
entidades para exlicação de seus fenômenos. Por exemplo, quando "cria"
grávitons para explicar a gravidade (e existem hipóteses concorrentes mais
simples, e nem por isso os grávitons, apesar de não estarem tão na moda
como há 5 anos, "deixaram de existir"), ou quando "cria" táquions,
partículas que andam a velocidades superiores à da luz, se dirigindo
eternam ente para o passado. Se a física pôde trabalhar com os táquions, não entendo
porque não podemos trabalhar com espíritos, que me parecem bem menos
extraordinários do que os táquions.Espíritos seriam apenas nossa
consciência que prosseguiria após a morte (não há nada que mostre o
oposto, ao contrário de táquions, que penso violam algumas leis), pelo
menos por algum tempo, alguns podendo reencarnar e se comunicar com os
vivos atuando através do cérebro do médium.

...A fenomenologia é extremamente complexa, em muitos casos, sugerindo a
hipótese espírita.
/

#4.1 Leonardo:
"E discordo quanto ao problema de criação de entidades
desnecessárias. Mesmo a ciência recorre à criação de entidades para
exlicação de seus fenômenos. Por exemplo, quando "cria" grávitons para
explicar a gravidade." Vitor

Na realidade o gráviton é uma simplificação, já que a a transmissão da
força gravitacional se daria de forma semelhante ao que ocorre com as
demais forças. Sem o graviton, a gravidade é uma força a parte, com o
gráviton, estamos mais próximos de uma teoria unificada.
/
#4.2 Vitor:
***E a hipótese espírita não unifica diversos fenômenos psi? psicografia,
memórias espontâneas, marcas de nascença? Não seria uma simplificação? Não
teríamos uma teoria unificada? Todos os fenômenos parapsíquicos
explicam-se com o espírito e seu invólucro perispiritual. (Fonte:
Fundamentação da Ciência Espírita)
/
#4.3 Leonardo
Na teoria das supercordas, por exemplo, o gráviton, como todas as
demais particulas subatômicas, é uma vibração específica das
supercordas e emerge naturalmente das equações.
E qual seria a hipótese alternativa, neste caso ?
/
#4.4 Vitor:
.***As supercordas, com 10 dimensões. Ou as branas, que surgiram depois,
com 12 (quem disse que a ciência prefere a teoria com o menor número de
elementos?) . Escolha a sua :-)

Acesse http://www.specon.hpg.ig.com.br/artigos/artigo16.htm Caso não goste
da bibliografia, pelo menos a parte física achei bem escrita :-)
> /

#5 Wellington:
Maurício,
Você não acha que o "quando" usado pelo autor reflete humildade científica
e não o dogmatismo a que você se refere? Não estaria ele afirmando
simplesmente que há fatores naturais que *talvez* possam dar conta da
alegação?
/
#6 Mauricio:
Wellington,Essas "acusações" faziam parte da a qual introduzi
o e-mail. Com certeza tem um exagero da minha parte. Acho que a sua
interpretacao esta´ coerente. Porém...

Ele parece estar usando "dois pesos e duas medidas"... ele diz:

No caso do Trovao:
"Então, ficamos com a explicação da ciência, não porque seja mais
simples, mas porque é suficiente."

Entao ele diz que vai dar um exemplo inverso, e acaba dando um exemplo
simetrico, onde trovao==psicografia thor=espirito. E continua ...

"quando um
médium psicografa, há um espírito atuando sobre ele. Explicação
simples. Mas hoje, há outras explicações que respondem às lacunas e
contradições observadas em fenômenos de psicografia. É uma explicação
simples? Não."
>
E conclui:

"É uma hipótese complexa, mas que dá conta do recado, melhor que a hipótese espírita."
>
E depois se contradiz:

"Quando estes fundamentos estiverem bem estabelecidos e a
psicografia puder ser explicada por causas naturais, o princípio de
parcimônia pedirá que se desconsdire a atuação de espíritos, por
desnecessária."
>
Da minha parte usando apenas os seus (dele) argumentos eu diria mais ou
menos como o Wellington sugeriu, e aí sem seria humildade cientifica:

__ Pelo menos por enquanto a hipotese espirita é preferida pela sua
simplicidade (se esse fosse o principal criterio), até quando novos
conhecimentos explicarem satisfaoriamente o fenomeno da psicografia.
/
> #1.xx Wellington
Mas toda a argumentação apresentada pelo Marcelo Esteves é a de que
"simplicidade" tem outro sentido: a de menor número de entidades. A
hipótese espírita amplia o número de entidades conhecidas ou em avaliação
científica, de modo a não ser a preferida.
/
#1.XX Mauricio
Wellington,
Por isso mesmo é que ele entra em contradicao entre o principio que
estabelece e a conclusao a que chega: Veja:

"Vou usar um exemplo inverso. Os espíritas afirmam que quando um
médium psicografa, há um espírito atuando sobre ele. Explicação
simples. Mas hoje, há outras explicações que respondem às lacunas e
contradições observadas em fenômenos de psicografia. É uma explicação
simples? Não. Ela envolve um entrelaçamento de psicologia,
sociologia, pesquisa psi, etc. É uma hipótese complexa, mas que dá
conta do recado, melhor que a hipótese espírita."

> Onde: Qde de entidades
>
(H. Esp) ---> 1
(Outras explic.) --> psicologia+sociologia+pesquisa psi+ etc = 4 ou mais

e Reconhece que:

" ****Quando*** estes fundamentos estiverem bem estabelecidos e a
psicografia puder ser explicada por causas naturais, o princípio de
parcimônia pedirá que se desconsdire a atuação de espíritos, por
desnecessária."
>
Portanto,(SEGUNDO O AUTOR e nao eu ou voce) qual é a mais "simples" no
presente?
>
Claro que a H. espirita *por eqto*, a nao ser que se decrete, e aí entra o
DOGMA (nao no sentido pejorativo) de que "espirito" é uma entidade
desnecessaria. Uma avaliação puramente pessoal, diria mesmo, metafisica.
>
Obs. Estamos avaliando tao somente a psicografia. Deixamos de fora uma
infinidade de fenomenos, .onde as "entidades" tenderiam a crescer mais e
mais. Observe tambem que na ansia de abalisar sua tese o autor, inclui na
base da sua "Teoria X" (psicologia+sociologia+pesquisa psi+ etc) ainda nao
demonstrada sarisfatoriamente (cf. ele) uma outra hipotese na mesma
situacao (PSI)que nem sequer se sabe se existe.
> /


> Abraço,
> Vitor
>
> Fraternos Abracos
> Mauricio Mendonca
>
> Um fraternal abraço,
> Wellington Zangari
>
> um abraço
> Leonardo Stern
>

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