terça-feira, 10 de março de 2009

Scole - O Que os Críticos Aceitarão como Evidência?

Por Montague Keen,2002
(Traduçao de Mauricio Mendonça)

DOIS ANOS passaram-se desde a publicação de O Experimento Scole [The Scole Experiment] de Grant e Jane Solomon, e do robusto tomo O Relatório Scole [The Scole Report] publicado pela Society Psychical Research: tempo bastante, alguém pensaria, para poder avaliar qual impacto eles teriam agora que a poeira baixou, e notar até onde as reivindicações feitas pelo ou a favor do Grupo Scole e seus investigadores ou em seu nome resistiram ao teste do tempo.

Você recordará o estranho episódio do cachorro que não latiu à noite, levando Sherlock Holmes a farejar uma pista canina de alguma ação covarde: bem, isto vale também para Scole, os debates que se seguiram à publicação do nosso relatório concentraram-se quase que exclusivamente sobre a autenticidade do fenômeno. Isto é o que nós não tínhamos desejado e nem planejado.


Bem antes do fim de nossa inesperadamente truncada série de sessões entre 1995 e 1997, ficou claro para os três principais investigadores, e co-investigadores como o Dr Hans Schaer e Walter e Karen Schnittger, que fraude ou engano inconsciente não era uma opção. Então seguiu-se que devíamos nos concentrar nas questões realmente importantes. Estas eram uma avaliação da teoria de que tudo poderia ser explicado de alguma forma ampliada da assim chamada hipótese super-psi, que atribui tudo às atividades da psique humana, individual ou coletiva; ou então a alguma forma de inteligência desencarnada.

Para a maioria dos leitores do Spiritual Scientist, para quem a presença e influência da personalidade espiritual é tão real quanto seu mingau pela manhã, isto pode ser uma questão irritantemente obtusa. Mas a verdade é que o mundo além do local das seções e dos locais de encontro de espiritualistas permanece positivamente hostil à evidencia.

Para muitos crentes, esta é uma questão indiferente. Eles encontraram a verdade como parece ser para eles; eles descobriram uma fonte de certeza, conforto, direção e ajuda em que os menos afortunados ou mais obtusos tem eles próprios negados, e estão satisfeitos cultivando o seu próprio jardim e não procuram fazer proselitismo, ou mesmo protestos.

Esta foi a visão fortemente expressada seis ou sete anos atrás pelo Noah´s Ark Society. A resistência à investigação por aqueles que buscam se intrometer em suas seções privadas foi tanto comum quanto perfeitamente compreensível. Entretanto, para aqueles de nós amaldiçoados com uma curiosidade insaciável, e irritados pela maneira com que os ombros frios do estabelecimento científico lida com o que acha inconveniente ou perturbador, há um compromisso para pôr a batalha a um domínio público. Esta é uma razão por que o Grupo Scole foi ao mesmo tempo tão corajoso e tão incomum. Eles e seus espíritos guias sentiram que tinham uma obrigação para com seus companheiros seres humanos, os quais foram bem além de sua vida privada e conforto pessoal.

Eu tive uma posição privilegiada para apreciar o resultado de O Relatório Scole. Seu conteúdo foi intensivamente revisado, embora não tenha sido publicado nas colunas de impressos científicos ou em anúncios respeitados. Mas os céticos certamente usaram cada oportunidade e incentivo para subverter nossos dados por produzir evidências, não importando quão circunstancial ou débil, que nós examinados. O jornalista capaz de desenterrar um pedaço incriminador de evidência de fraude, em qualquer estágio, tempo, lugar ou circunstância, fá-lo-ia certamente nas manchetes, e garantido um lugar honrado para ele próprio nos anais dos caçadores de fraude.

Mas o que aconteceu bate com o comportamento do cão de caça de Sherlock: silêncio. Centenas de pessoas assistiram a sessões em meia dúzia de países por vários anos, não somente na vila de Scole. Nem ao menos uma voluntariou-se para apoiar aos críticos. Pelo contrário, nenhuma simples peça de evidência que veio a mim produziu algo que subverta a integridade do Grupo Scole ou a autenticidade da evidencia de um extraordinário conjunto de fenômenos físicos - um conjunto sem precedente na história de manifestações espíritas.

Isto é ainda mais notável porque eu saí do meu meio para chamar a atenção para tal evidencia. Falei em vários encontros e conferências aqui e no exterior, fazendo repetidas questões ao vivo, junto com a venda de números consideráveis de cópias do relatório. Ainda sem nenhuma evidência de fraude.

Os críticos argumentam que, fossem as evidências ainda mais impressionantes, e desprovidas da mera possibilidade de fraude, eles teriam sido derrotados. Mas a história não permite nenhuma sustentação para tal procedimento. A literatura das comunicações mediúnicas em geral, e os registros da investigação do fenômeno psíquico em particular, fornece amplos exemplos de casos onde a fraude é claramente descartada, e somente a noção de uma cuidadosa conspiração manipulada entre todos os interessados, principalmente os investigadores e testemunhas, pode ser atribuída para a explicação de tudo.

O argumento mais comum para dar suporte aos críticos é que avanços científicos requerem a replicação: feitos em um laboratório diferentes, por diferentes experimentadores, e assim superando-se as dúvidas iniciais. Fazendo novamente em um terceiro ou em dezenas de laboratórios, e teria-se tirado todas as dúvidas dos críticos. Muitos pesquisadores psíquicos, e não poucos espiritualistas, possuem esta visão. Mesmo Sra. Emily Bradshaw, nossa prudente, espirituosa e carismática informante durante as consultas de Scole, disse que replicação é o que nós queremos.

Mas não é, porque não é possível. O choro repetido por replicação é baseado no falso entendimento da natureza das experiências psíquicas. Replicação implica em um completo controle todos os parâmetros de um experimento. O experimentador deve conhecer tanto a temperatura, umidade, tamanho, pressão, peso, etc., que será requerido. Qualquer mudança em uma desses variáveis pode destruir o experimento e falsear os resultados. Esta é a ciência ortodoxa. Funciona perfeitamente bem para a finalidade para a qual foi projetada. Mas é completamente inapropriada para o mundo psíquico. Nele nós temos pouco ou nenhum controle sobre os parâmetros. Nós não podemos nem estar certos do que eles são, deixando de lado seu funcionamento. Uma tentativa de replicação é imediatamente sabotada pelo efeito do experimentador: o fato de que a personalidade, a atitude, as vibrações do próprio sabem-se possuir um efeito no resultado. Estranho dizer que isto foi demonstrado há quase meio século em um experimento clássico conduzido por G.W. Fisk , disse um crítico do Relatório Scole, Professor Donald West. Nós raramente podemos dizer, quanto mais determinar, quando a voz originada de um espírito ou fenômeno irá ocorrer, ou qual forma ele terá.

Este não é um debate inócuo, acadêmico. Se você examinar os notáveis experimentos conduzidos no último ano (e ainda prosseguindo) pelo Professor Gary Shwartz e seus colegas na University of Arizona com cinco médiuns talentosos, você verá que ele produziu evidência estatisticamente acima do esperado de suas habilidades, sob condições que excluem a leitura fria, impressão sensorial, conhecimento prévio e similar, identificando um número de parentes falecidos de um participante selecionado desconhecido. O registro publicado disto (pela Society for Psychical Research) foi voltado para alegações de que seu sistema de controle pode permitir o erro. Suas experiências posteriores procuraram liquidar quaisquer de tais reservas. Nós agora fomos convidados a replicar os resultados que ele conseguiu. O que é impossível, porque mesmo que pudéssemos trabalhar com os mesmos médiuns, eles teriam que trabalhar com sujeitos diferentes, operar em um ambiente diferente, com experimentadores diferentes emanando diferentes vibrações.

Deve-se dizer que a replicação é um dispositivo apropriado dentro da estrutura de mundo tri-dimensional que assenta nossa experiência cotidiana e requisitos. A introdução de um mundo espiritual dentro do nosso domínio físico imediatamente nos leva a um diferente conjunto de incertezas. O experimento Scole é inerentemente incapaz de replicação. Nós nunca poderemos recapturar as mesmas pessoas, espíritos comunicadores ou o ambiente físico que possua as características dos participantes.

O que nós podemos fazer é mostrar que fenômenos físicos comparáveis podem ser produzidos por outros, em outro local, mas sob condições de controle igualmente firmes ou mesmo ainda mais rigorosas. Estranho dizer, que nós temos alguma evidência. Meu desejo é que seja publicado durante 2002. Na maior parte dos aspectos não chegou nem perto da variedade ou da inteligência da transmissão oral e psíquica que os pesquisadores experimentaram em Scole; mas em um ou dois aspectos, as condições nas quais os fenômenos foram produzidos foram mais impressionantes do que as que prevaleceram com o Grupo Scole. Isto foi na produção de imagens no escuro de câmeras Polaroid com lentes seladas.

O que acontecerá quando tal evidência for publicada? Você pensaria (se você for suficientemente ingênuo) que os céticos imediatamente reconheceriam sua derrota e que correriam para abraçar a nova verdade, dedicados como são em aceitar a supremacia da evidência sobre a teoria. Minha previsão é que eles responderão com sua mais efetiva arma: silêncio total.

Não fique desanimado ou surpreso por essa previsão pessimista! É importante apenas entender porque os céticos se retiram em suas conchas materialistas quando encaram as evidências que fazem um furo gritante em suas barrigas intelectuais. Assim como o nosso corpo agrupa automaticamente seus mecanismos de defesa para repelir uma invasão de um corpo estranho, assim a mente reage similarmente. Inicialmente irá procurar uma falha na evidência; mas em não encontrando, então o resultado pode tomar um ou duas formas. Uma é conhecida como dissonância cognitiva, a encantadora capacidade da mente de inicialmente reconhecer a verdade de algum evento miraculoso demonstrado sob os seus olhos, mas que mais tarde um dia ou dois rejeita a experiência como incompatível com a inalterável verdade da experiência prática. A outra é o silêncio.

Ocasionalmente alguém pode tentar abrir os céticos de sua concha lançando um desafio. Eu fiz isso com uma das mais bem conhecidas e talentosas céticas nesse ramo: Dra. Susan Blackmore. Ela estava presente quando falei sobre o Relatório Scole, e do resultado na conferência anual da SPR em Northampton em 2000. De fato, eu assisti sua leitura pouco depois. Não muito depois, no anúncio de sua saída de cena após trinta anos de tentativas vãs em descobrir alguma evidência da existência de um sentido psíquico, ela escreveu um artigo na New Scientist no qual ela refere-se de passagem ao ‘infame’ Relatório Scole. Aquela foi a única vez que ela mencionou algo sobre o relatório, pelo meu conhecimento. Eu então a convidei para comentar sobre um celebrado caso o qual me pareceu ser uma forte evidência, não meramente de comunicação de origem paranormal entre dois médiuns como no início do último século, mas de sobrevivência do comunicador falecido. Ela declinou ostensivamente, dizendo que já tinha deixado o campo. Quando eu sugeri que seu ceticismo havia feito grandes danos ao assunto, e que ela tinha consciência disto, bem como a aqueles que tinham aceito a sua autoridade, para dar alguma explicação do caso, ela continuou a negar. Eu posso acrescentar que lancei esse desafio sob os narizes de uma audiência cética maior, até então sem nenhum proveito.

É imprudente subestimar, ou desprezar, a força de sistemas de crença os quais aderem como lapas [gênero de moluscos] em nossa consciência, ou imaginar que uma constante inundação de evidência do paranormal mudará as suas atitudes. Somente quando os cientistas como um corpo se encontrarem forçados a confrontar e a explicar a evidência tão impressionantemente poderosa que ignoram o que é um claro sinal de covardia intelectual, o progresso se dará.

Mas nós estamos trabalhando nisso. E quando nós chegarmos lá, a contribuição histórica do Grupo Scole para alargar a compreensão do homem sobre seu ambiente espiritual e físico será reconhecido.

Montague Keen

Jornalista, administrador agrícola, redator de revista e fazendeiro. Um membro do Conselho da Sociedade para Pesquisa Psíquica por 55 anos, presidente do Imagem e Comitê de Publicidade e secretário de seu Comitê de Pesquisa de Sobrevivência, ele foi o investigador principal do Grupo de Scole de médiuns físicos, e autor do Relatório de Scole, publicado nos Processos do SPR (Vol 54 Pt 220) em 1999 com seus co-investigadores Professores Arthur Ellison e David Fontana. http://www.survivalafterdeath.org/articles/keen/critics.htm


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