terça-feira, 10 de março de 2009

Os Fenômenos de Scole

Por Marcelo Coimbra Régis, 2005

Na maioria das vezes que falamos das pesquisas mediúnicas de efeitos físicos, somos levados a citar pesquisas que se desenvolveram no período de 1875 a 1930. Levantando a suspeita que esses fenômenos não mais ocorrem nos dias atuais e portanto não eram autênticos. Dentro dessa perspectiva os experimentos estudados na pequena vila de Scole na região de Norfolk, a sudoeste de Londres na Inglaterra, tem a meu ver um importantíssimo significado para a pesquisa psíquica.

Foi nessa pequena vila onde ocorreram diversos e excepcionais fenômenos mediúnicos num período de 5 anos entre 1993 e 1998. Fenômenos comparáveis aos obtidos com os grandes médiuns de efeitos físicos no início do século XX, porém com características totalmente inéditas. Além disso o grupo de Scole esteve sempre aberto a investigação científica séria tendo convidado cientistas da Society for Psychical Research (SPR) de Londres para acompanhar seus trabalho o que resultou num extenso relatório comprovando a veracidade dos fenômenos ali obtidos



O Grupo Experimental de Scole (SEG)

O casal Robin e Sandra Foy. Robin, ele um ex-piloto da RAF (força aérea inglesa), e Sandra, ela um dona de casa, há mais de 25 anos vinham pesquisando a mediunidade de fenômenos físicos, sempre participando de pequenos grupos familiares, sem nenhuma ligação religiosa ou com alguma instituição formal. Assim sendo decidiram formar um pequeno grupo de pesquisas doméstico tão logo se mudaram para a vila de Scole. Foi dessa forma despretensiosa que no final de 1992 nasceu o Grupo Experimental de Scole (SEG) com a finalidade específica de realizar sessões mediúnicas de efeitos físicos. Inicialmente o grupo era formado por 6 integrantes, mas no decorrer das pesquisas se viu reduzido a somente 4 participantes: Robin & Sandra Foy e o casal Alan & Diana Bennett. É interessante notar que apenas Alan e Diana Bennett possuíam o dom mediúnico, porém suas faculdades mediúnicas em nada se comparavam aos tradicionais médiuns de efeitos físicos. Normalmente os dois médiuns permaneciam em transe durante toda as sessões e era através deles que os diversos membros da equipe espiritual se comunicavam.

Em Maio de 1993 ocorreu o primeiro fenômeno de levitação de objetos, quando um trompete foi deslocado até o colo de um dos participantes. Novamente os meses seguintes foram marcados por poucos fenômenos físicos, porém foram ricos em comunicações mediúnicas e importantes para o progresso dos experimentos futuros. Após alguns meses, em Outubro de 1993 os fenômenos físicos voltaram, iniciando-se pelo aporte de uma “Churchill Crown” , uma moeda inglesa com a esfinge de Wiston Churchill gravada em um dos lados. Esse fenômeno marca o início da torrente de fenômenos que se seguiriam nos próximos anos.

A Equipe Espiritual:

O grupo contava com o apoio de uma equipe espiritual, as diversas personalidade comunicantes contribuíam para um clima de união. Alguns Espíritos possuíam conhecimentos científicos, outros filosóficos e outros contaram pitorescos aspectos sobre a vida extra-corpórea. Os próprios Espíritos declararam que estavam também pesquisando e experimentando essa nova forma de comunicação, utilizando uma mistura de energias e tentando desenvolver um método de obtenção de fenômenos físicos que não exigisse tanto dos médiuns e que não necessitasse de ectoplasma.

O Método:

O SEC se reunia duas vezes por semana, no período noturno. As sessões tinham duração média de 2 horas. O grupo utilizava o porão da casa de Robin e Sandra, reunindo-se em torno de uma pesada mesa redonda com todas as luzes apagadas. O porão foi devidamente preparado de forma que nenhuma claridade externa o penetrasse. Todos os participantes usavam pulseiras refletoras (luminescentes) e com fechos de velcro. Em todos os objetos presentes na sala de reunião também se afixavam as mesmas faixas luminescentes, dessa forma podia-se acompanhar qualquer movimento dos participantes e dos objetos mesmo em total escuridão. Todas as sessões foram gravadas e temperatura da sala era monitorada continuamente. Numa sessão típica, após apagarem-se todas as luzes, uma música de fundo era tocada de forma a harmonizar as energias. A abertura da sessão era feita pelo Espírito chamado de Manu. Logo em seguida comunicava-se o Espírito chamado de Raji , que informava aos participantes o planejamento para a noite e detalhava quais os experimentos que seriam tentados naquela data. A partir daí os Espíritos guias (Mrs. Bradshaw e Patrick) continuavam comunicando-se através dos dois médiuns e auxiliando outros Espíritos a trazerem mais informações sobre os fenômenos. Finalmente após decorridas umas duas horas de sessão Patrick informava os presentes que era hora de
encerrarem os trabalhos

Os Fenômenos:

Em Scole foram registrados mais de 200 tipos de fenômenos físicos. O que segue é apenas um breve sumário, para dar a mínima noção da abrangência e da importância de Scole para as pesquisas psíquicas modernas.

1. Aportes (transporte de objetos):

Durante as sessões de Scole mais de 70 aportes foram testemunhados. Entre os mais significativos estão os aportes de: diversas moedas antigas, um exemplar da edição do Daily Mail de 1/4/44, um exemplar da edição do Daily Express de 28/5/45, um colar de pérolas, diversas jóias e artigos ornamentais

2.Luzes Paranormais:

Diversas luzes paranormais apareciam durante as sessões. Esses pontos e feixes brilhantes iluminavam a sala e eram como que guiados por alguma inteligência. Moviam-se com velocidade surpreendente e com o passar do tempo tornaram-se mais intensos, a ponto de iluminarem boa parte da sala. Os feixes descreviam figuras no ar, tocavam os presentes nas mãos, pousavam sobre a mesa central. As vezes penetravam objetos sólidos, irradiando luz do seu interior. Centenas de visitantes puderam testemunhar sua realidade.

3. Levitações e Materializações:

Diversas materializações (sem usar ectoplasma), sendo a mais impressionante a do Espírito de Patrick, que se materializou da cabeça até a cintura. Um dos fenômeno mais interessante obtido em Scole foi a voz direta provindo das formas materializadas, ou seja, a voz comunicaste vindo diretamente da boca do Espírito materializado. Diversos objetos foram levitados, como a pesada mesa central, um trompete, caixas de madeira contendo objetos, câmaras fotográficas, etc…

4. Experimentos com Fotografia:

São talvez os mais importantes de todos os fenômenos físicos ocorridos em Scole, pois permitem uma investigação e comprovação científica. Inicialmente os Espíritos utilizaram uma máquina fotográfica comum (35mm, sem flash) e durante o transcorrer das sessões solicitavam que os participantes fotografassem no escuro mesmo. Às vezes, os próprios Espíritos levitavam a câmara e acionavam o disparador durante as sessões. Após a revelação do filme, diversas imagens paranormais tinham sido impressas no filme fotográfico. Com o tempo os experimentos evoluíram e os fenômenos se produziam com os filmes virgens ainda selados em seu pacote original e sem o uso de câmara fotográfica. Outra melhoria foi o uso de filmes polaroid planos (virgens e selados no pacote original) que eram revelados imediatamente ao término da sessão. Com a presença dos pesquisadores da SPR o controle e rigor científico foi aumentado enormemente.

5. Voz Direta:

Os Espíritos utilizaram a voz direta para conferir maior autenticidade as comunicações. Assim apesar de 2 médiuns estarem sempre em transe, podia-se ouvir as vozes dos Espíritos vindo de diferentes partes da sala.

6. Transcomunicação Experimental:

a. Áudio:

O grupo de Scole construiu um tipo de receptor utilizando um cristal de Germânio, conectado a um tipo simples de amplificador de sinais. Com esse aparato e sob a supervisão de diversos pesquisadores da SPR foram obtidas comunicações audíveis em várias sessões. Algumas comunicações foram sustentadas por mais de 20 minutos ininterruptos.

b. Vídeo:

O Grupo de Scole avançou para a obtenção de imagens e mensagens via vídeo (Vidicom). O aparato utilizado consistia de uma câmara VHS normal e um conjunto de dois espelhos. O posicionamento da câmara e dos espelhos parecia de vital importância para a obtenção do fenômeno. O experimento com vídeo tinha duas partes: ainda com as luzes acesas, gravava-se 30 minutos antes do início da sessão mediúnica. Posteriormente, já com todas a luzes apagadas, gravava-se outros 15 minutos. Algumas imagens impressionantes foram obtidas assim: faces de Espíritos, imagens paranormais, luzes coloridas em movimento, etc.

Viagens e visitas:

O grupo conduziu com sucesso diversas sessões na Espanha, nos Estados Unidos, na Holanda, na Alemanha e na Irlanda. Além disso o grupo conduziu diversos seminários onde convidados podiam observar os fenômenos e discutir suas causas e implicações. O grupo também editou uma revista trimestral onde reportou seus avanços. Também publicou alguns livretos descrevendo o método por eles utilizado.
Energia Criativa:

Segundo a explicação dos próprios Espíritos as diferenças fundamentais entre Scole e os métodos tradicionais de obtenção de fenômenos físicos são:

1. O tipo de energia utilizado, chamado pelos Espíritos de energia criativa seria uma combinação de 3 fontes distintas de energia. A primeira seria a energia espiritual, trazida pelos Espíritos comunicantes. A segunda, chamada de energia humana, seria retirada dos corpos de cada um dos encarnados presentes às sessões. A terceira, chamada de energia da Terra, os Espíritos retirariam de reservatórios
de energia presentes em algumas áreas do planeta.

2. Com a utilização dessa nova energia os fenômenos podiam ser obtidos muito mais rapidamente e sem a necessidade de preparação especial.

3. A quantidade e variedade de fenômenos podia ser muito maior

Conclusão:

Em 5 anos de pesquisas, o grupo de Scole conduziu mais de 500 sessões mediúnicas com fenômenos ocorrendo em todas elas. Cada sessão foi gravada em fita e mais de 200 delas foram acompanhadas por cientistas e pesquisadores. Como resultado desse esforço os pesquisadores da SPR ,Mortague Keen, Arthur Ellison e David Fontane escreveram um extenso relatório (The Scole Report) confirmando a autenticidade dos fenômenos por eles testemunhados. A SPR seguindo a linha de não concluir coletivamente, não considerou Scole como uma prova conclusiva da imortalidade.

Ao tomar conhecimento de Scole confesso que fiquei surpreso em saber que tais desenvolvimentos tenham ocorrido a tão pouco tempo (década de 1990) e que não tiveram quase nenhuma repercussão no meio espírita brasileiro. Afinal é muito bom saber que os avanços no campo das pesquisas psíquicas e da sobrevivência da alma continuam ocorrendo e acompanhando a evolução da ciência.

Bibliografia e para saber mais:

Livros:

- Soloman, Grant & Jane (1999). The Scole Experiment. Scientific
Evidence for Life After Death ; Londres: Judy Piatkus, 1999

- Keen, Montague, Ellison, Arthur and Fontana, David (1999). The Scole
Report. An Account of an Investigation into the Genuineness of a Range
of Physical Phenomena associated with a Mediumistic Group in Norfolk,
England. Proceedings of the Society for Psychical Research, Vol. 58,
Part 220, November 1999.

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Scole - O Que os Críticos Aceitarão como Evidência?

Por Montague Keen,2002
(Traduçao de Mauricio Mendonça)

DOIS ANOS passaram-se desde a publicação de O Experimento Scole [The Scole Experiment] de Grant e Jane Solomon, e do robusto tomo O Relatório Scole [The Scole Report] publicado pela Society Psychical Research: tempo bastante, alguém pensaria, para poder avaliar qual impacto eles teriam agora que a poeira baixou, e notar até onde as reivindicações feitas pelo ou a favor do Grupo Scole e seus investigadores ou em seu nome resistiram ao teste do tempo.

Você recordará o estranho episódio do cachorro que não latiu à noite, levando Sherlock Holmes a farejar uma pista canina de alguma ação covarde: bem, isto vale também para Scole, os debates que se seguiram à publicação do nosso relatório concentraram-se quase que exclusivamente sobre a autenticidade do fenômeno. Isto é o que nós não tínhamos desejado e nem planejado.


Bem antes do fim de nossa inesperadamente truncada série de sessões entre 1995 e 1997, ficou claro para os três principais investigadores, e co-investigadores como o Dr Hans Schaer e Walter e Karen Schnittger, que fraude ou engano inconsciente não era uma opção. Então seguiu-se que devíamos nos concentrar nas questões realmente importantes. Estas eram uma avaliação da teoria de que tudo poderia ser explicado de alguma forma ampliada da assim chamada hipótese super-psi, que atribui tudo às atividades da psique humana, individual ou coletiva; ou então a alguma forma de inteligência desencarnada.

Para a maioria dos leitores do Spiritual Scientist, para quem a presença e influência da personalidade espiritual é tão real quanto seu mingau pela manhã, isto pode ser uma questão irritantemente obtusa. Mas a verdade é que o mundo além do local das seções e dos locais de encontro de espiritualistas permanece positivamente hostil à evidencia.

Para muitos crentes, esta é uma questão indiferente. Eles encontraram a verdade como parece ser para eles; eles descobriram uma fonte de certeza, conforto, direção e ajuda em que os menos afortunados ou mais obtusos tem eles próprios negados, e estão satisfeitos cultivando o seu próprio jardim e não procuram fazer proselitismo, ou mesmo protestos.

Esta foi a visão fortemente expressada seis ou sete anos atrás pelo Noah´s Ark Society. A resistência à investigação por aqueles que buscam se intrometer em suas seções privadas foi tanto comum quanto perfeitamente compreensível. Entretanto, para aqueles de nós amaldiçoados com uma curiosidade insaciável, e irritados pela maneira com que os ombros frios do estabelecimento científico lida com o que acha inconveniente ou perturbador, há um compromisso para pôr a batalha a um domínio público. Esta é uma razão por que o Grupo Scole foi ao mesmo tempo tão corajoso e tão incomum. Eles e seus espíritos guias sentiram que tinham uma obrigação para com seus companheiros seres humanos, os quais foram bem além de sua vida privada e conforto pessoal.

Eu tive uma posição privilegiada para apreciar o resultado de O Relatório Scole. Seu conteúdo foi intensivamente revisado, embora não tenha sido publicado nas colunas de impressos científicos ou em anúncios respeitados. Mas os céticos certamente usaram cada oportunidade e incentivo para subverter nossos dados por produzir evidências, não importando quão circunstancial ou débil, que nós examinados. O jornalista capaz de desenterrar um pedaço incriminador de evidência de fraude, em qualquer estágio, tempo, lugar ou circunstância, fá-lo-ia certamente nas manchetes, e garantido um lugar honrado para ele próprio nos anais dos caçadores de fraude.

Mas o que aconteceu bate com o comportamento do cão de caça de Sherlock: silêncio. Centenas de pessoas assistiram a sessões em meia dúzia de países por vários anos, não somente na vila de Scole. Nem ao menos uma voluntariou-se para apoiar aos críticos. Pelo contrário, nenhuma simples peça de evidência que veio a mim produziu algo que subverta a integridade do Grupo Scole ou a autenticidade da evidencia de um extraordinário conjunto de fenômenos físicos - um conjunto sem precedente na história de manifestações espíritas.

Isto é ainda mais notável porque eu saí do meu meio para chamar a atenção para tal evidencia. Falei em vários encontros e conferências aqui e no exterior, fazendo repetidas questões ao vivo, junto com a venda de números consideráveis de cópias do relatório. Ainda sem nenhuma evidência de fraude.

Os críticos argumentam que, fossem as evidências ainda mais impressionantes, e desprovidas da mera possibilidade de fraude, eles teriam sido derrotados. Mas a história não permite nenhuma sustentação para tal procedimento. A literatura das comunicações mediúnicas em geral, e os registros da investigação do fenômeno psíquico em particular, fornece amplos exemplos de casos onde a fraude é claramente descartada, e somente a noção de uma cuidadosa conspiração manipulada entre todos os interessados, principalmente os investigadores e testemunhas, pode ser atribuída para a explicação de tudo.

O argumento mais comum para dar suporte aos críticos é que avanços científicos requerem a replicação: feitos em um laboratório diferentes, por diferentes experimentadores, e assim superando-se as dúvidas iniciais. Fazendo novamente em um terceiro ou em dezenas de laboratórios, e teria-se tirado todas as dúvidas dos críticos. Muitos pesquisadores psíquicos, e não poucos espiritualistas, possuem esta visão. Mesmo Sra. Emily Bradshaw, nossa prudente, espirituosa e carismática informante durante as consultas de Scole, disse que replicação é o que nós queremos.

Mas não é, porque não é possível. O choro repetido por replicação é baseado no falso entendimento da natureza das experiências psíquicas. Replicação implica em um completo controle todos os parâmetros de um experimento. O experimentador deve conhecer tanto a temperatura, umidade, tamanho, pressão, peso, etc., que será requerido. Qualquer mudança em uma desses variáveis pode destruir o experimento e falsear os resultados. Esta é a ciência ortodoxa. Funciona perfeitamente bem para a finalidade para a qual foi projetada. Mas é completamente inapropriada para o mundo psíquico. Nele nós temos pouco ou nenhum controle sobre os parâmetros. Nós não podemos nem estar certos do que eles são, deixando de lado seu funcionamento. Uma tentativa de replicação é imediatamente sabotada pelo efeito do experimentador: o fato de que a personalidade, a atitude, as vibrações do próprio sabem-se possuir um efeito no resultado. Estranho dizer que isto foi demonstrado há quase meio século em um experimento clássico conduzido por G.W. Fisk , disse um crítico do Relatório Scole, Professor Donald West. Nós raramente podemos dizer, quanto mais determinar, quando a voz originada de um espírito ou fenômeno irá ocorrer, ou qual forma ele terá.

Este não é um debate inócuo, acadêmico. Se você examinar os notáveis experimentos conduzidos no último ano (e ainda prosseguindo) pelo Professor Gary Shwartz e seus colegas na University of Arizona com cinco médiuns talentosos, você verá que ele produziu evidência estatisticamente acima do esperado de suas habilidades, sob condições que excluem a leitura fria, impressão sensorial, conhecimento prévio e similar, identificando um número de parentes falecidos de um participante selecionado desconhecido. O registro publicado disto (pela Society for Psychical Research) foi voltado para alegações de que seu sistema de controle pode permitir o erro. Suas experiências posteriores procuraram liquidar quaisquer de tais reservas. Nós agora fomos convidados a replicar os resultados que ele conseguiu. O que é impossível, porque mesmo que pudéssemos trabalhar com os mesmos médiuns, eles teriam que trabalhar com sujeitos diferentes, operar em um ambiente diferente, com experimentadores diferentes emanando diferentes vibrações.

Deve-se dizer que a replicação é um dispositivo apropriado dentro da estrutura de mundo tri-dimensional que assenta nossa experiência cotidiana e requisitos. A introdução de um mundo espiritual dentro do nosso domínio físico imediatamente nos leva a um diferente conjunto de incertezas. O experimento Scole é inerentemente incapaz de replicação. Nós nunca poderemos recapturar as mesmas pessoas, espíritos comunicadores ou o ambiente físico que possua as características dos participantes.

O que nós podemos fazer é mostrar que fenômenos físicos comparáveis podem ser produzidos por outros, em outro local, mas sob condições de controle igualmente firmes ou mesmo ainda mais rigorosas. Estranho dizer, que nós temos alguma evidência. Meu desejo é que seja publicado durante 2002. Na maior parte dos aspectos não chegou nem perto da variedade ou da inteligência da transmissão oral e psíquica que os pesquisadores experimentaram em Scole; mas em um ou dois aspectos, as condições nas quais os fenômenos foram produzidos foram mais impressionantes do que as que prevaleceram com o Grupo Scole. Isto foi na produção de imagens no escuro de câmeras Polaroid com lentes seladas.

O que acontecerá quando tal evidência for publicada? Você pensaria (se você for suficientemente ingênuo) que os céticos imediatamente reconheceriam sua derrota e que correriam para abraçar a nova verdade, dedicados como são em aceitar a supremacia da evidência sobre a teoria. Minha previsão é que eles responderão com sua mais efetiva arma: silêncio total.

Não fique desanimado ou surpreso por essa previsão pessimista! É importante apenas entender porque os céticos se retiram em suas conchas materialistas quando encaram as evidências que fazem um furo gritante em suas barrigas intelectuais. Assim como o nosso corpo agrupa automaticamente seus mecanismos de defesa para repelir uma invasão de um corpo estranho, assim a mente reage similarmente. Inicialmente irá procurar uma falha na evidência; mas em não encontrando, então o resultado pode tomar um ou duas formas. Uma é conhecida como dissonância cognitiva, a encantadora capacidade da mente de inicialmente reconhecer a verdade de algum evento miraculoso demonstrado sob os seus olhos, mas que mais tarde um dia ou dois rejeita a experiência como incompatível com a inalterável verdade da experiência prática. A outra é o silêncio.

Ocasionalmente alguém pode tentar abrir os céticos de sua concha lançando um desafio. Eu fiz isso com uma das mais bem conhecidas e talentosas céticas nesse ramo: Dra. Susan Blackmore. Ela estava presente quando falei sobre o Relatório Scole, e do resultado na conferência anual da SPR em Northampton em 2000. De fato, eu assisti sua leitura pouco depois. Não muito depois, no anúncio de sua saída de cena após trinta anos de tentativas vãs em descobrir alguma evidência da existência de um sentido psíquico, ela escreveu um artigo na New Scientist no qual ela refere-se de passagem ao ‘infame’ Relatório Scole. Aquela foi a única vez que ela mencionou algo sobre o relatório, pelo meu conhecimento. Eu então a convidei para comentar sobre um celebrado caso o qual me pareceu ser uma forte evidência, não meramente de comunicação de origem paranormal entre dois médiuns como no início do último século, mas de sobrevivência do comunicador falecido. Ela declinou ostensivamente, dizendo que já tinha deixado o campo. Quando eu sugeri que seu ceticismo havia feito grandes danos ao assunto, e que ela tinha consciência disto, bem como a aqueles que tinham aceito a sua autoridade, para dar alguma explicação do caso, ela continuou a negar. Eu posso acrescentar que lancei esse desafio sob os narizes de uma audiência cética maior, até então sem nenhum proveito.

É imprudente subestimar, ou desprezar, a força de sistemas de crença os quais aderem como lapas [gênero de moluscos] em nossa consciência, ou imaginar que uma constante inundação de evidência do paranormal mudará as suas atitudes. Somente quando os cientistas como um corpo se encontrarem forçados a confrontar e a explicar a evidência tão impressionantemente poderosa que ignoram o que é um claro sinal de covardia intelectual, o progresso se dará.

Mas nós estamos trabalhando nisso. E quando nós chegarmos lá, a contribuição histórica do Grupo Scole para alargar a compreensão do homem sobre seu ambiente espiritual e físico será reconhecido.

Montague Keen

Jornalista, administrador agrícola, redator de revista e fazendeiro. Um membro do Conselho da Sociedade para Pesquisa Psíquica por 55 anos, presidente do Imagem e Comitê de Publicidade e secretário de seu Comitê de Pesquisa de Sobrevivência, ele foi o investigador principal do Grupo de Scole de médiuns físicos, e autor do Relatório de Scole, publicado nos Processos do SPR (Vol 54 Pt 220) em 1999 com seus co-investigadores Professores Arthur Ellison e David Fontana. http://www.survivalafterdeath.org/articles/keen/critics.htm


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terça-feira, 3 de março de 2009

O Conceito da Sobrevivência da Morte Corporal e o Desenvolvimento da Parapsicologia

Por Carlos S. Alvarado Ph.D.
(Traduzido por Mauricio Mendonça)

[Este artigo de Carlos Alvarado foi originalmente publicado no Journal of the Society for Psychical Research, Volume 67.2, Número 871, Abril de 2003. É apresentado aqui com a gentil permissão do autor, Carlos Alvarado, e de Zofia Weaver, editor do JSPR. Por favor visite o website da SPR em www.spr.ac.uk e o website da The Parapsychology Foundation em www.parapsychology.org]

SUMARIO: Alguns historiadores de psicologia e medicina consideram que conceitos e movimentos hoje considerados metafísicos e pseudo-científicos tiveram influências significativas em desenvolvimentos posteriores. Um exemplo em parapsicologia é o conceito de sobrevivência do corpo à morte. Idéias de sobrevivência foram ferramentas de definição de importantes momentos da história da parapsicologia.

Dois de tais momentos foram a fundação e o trabalho pioneiro da Society for Psychical Research (SPR) e o desenvolvimento do trabalho de J.B. Rhine e sua associação na Universidade Duke. O conceito da sobrevivência, encaixado dentro do movimento do Espiritualismo, ofereceu à SPR um conjunto de fenômenos a serem investigados, incluindo a mediunidade, as assombrações, as aparições e outras manifestações.


O trabalho acerca da sobrevivência conduzido por J. B. e Louisa E. Rhine na Universidade Duke afetou sua ênfase posterior no estudo de capacidades PSI dos vivos. Discute-se também que a sobrevivência teve influência no desenvolvimento de tais explicações não-espíritas da mediunidade como psi-entre-vivos e interferências da mente do médium. A literatura do espiritualismo contém mais discussões destas publicações do que é geralmente reconhecido. A Parapsicologia não se desenvolveu apesar da sobrevivência, mas em alguma extensão por causa dela.

[1] Isto é uma versão revisada da Gwen Tate Lecture patrocinada pela Society for Psychical Research, e apresentada em Londres em 4 de Outubro de 2001.

Introdução

A QUESTÃO da sobrevivência da morte corporal foi um dos problemas clássicos da pesquisa psíquica. Fenômenos como assombrações, aparições, visões de moribundos, poltergeists, e comunicações mediúnicas, mantiveram esta idéia viva através dos anos. Os fenômenos relacionados à Sobrevivência, em especial a mediunidade, geraram muitos posicionamentos.

Alguns exemplos são as opiniões contrárias de Charles Richet (1924) e Oliver J. Lodge (1924), e o criticismo do investigador psíquico italiano Ernesto Bozzano (n.d. a/1926) e René Sudre (1926). Cesar de Vesme fornece-nos com uma caracterização boa destes debates: “quando o autor publica um livro para manter a hipótese espiritualista, um outro escritor publica um outro livro para suportar a tese contrária, e vice-versa. As duas doutrinas remanescem uma na cara da outra como dois cães chineses”(De Vesme, 1928/1931, Vol.1, p.283).

O debate sobre a sobrevivência continua na nossa era e não é provável que seja resolvido em breve [2]. Entretanto, o interesse histórico dentro da pesquisa sobrevivência psíquica pode ser mais do que o estudo das controvérsias que a idéia gerou, e mais do que apenas uma avaliação da pesquisa conduzida. Neste artigo eu discutirei alguns aspectos da influência da idéia da sobrevivência à morte na parapsicologia. Ao comentar sua importância eu discutirei que o conceito da sobrevivência (através do espiritualismo) era uma força principal em dar forma aos momentos fundamentais no histórico do campo, e em dar forma à agenda da pesquisa. Além disso a questão da sobrevivência contribuiu para o desenvolvimento de processos psicológicos ou parapsicológicos alternativos como explicações para fenômenos relacionados à sobrevivência.

[2] Veja, por exemplo, as discussões entre Braude (1992a, 1992b) e Stevenson (1992), e entre Cook (1996, 1997) and Almeder et al.(1997).

Estendendo Conceitos na Ciência e na Pesquisa Psíquica

A historia da ciência mostrou que a pesquisa científica não é guiada unicamente por uma questão abstrata da verdade, nem meramente seguindo os nossos acertos empíricos e com mais estudos adicionais. Um dos fatores extra-científicos que afeta o desenvolvimento da ciência é a influência de conceitos e de idéias que se ramificam. Estes conceitos influenciam a geração de hipóteses, os tópicos de estudo, e especialmente a forma que as observações e os resultados experimentais são interpretados. As Filosofias materialista e espiritualista, por exemplo, afetaram a ciência de maneiras diferentes. Alguns exemplos disto são “a filosofia mecânica” do décimo sétimo século e a filosofia natural do décimo nono. Uma miríade de conceitos como o vitalismo e a evolução foram influenciados no desenvolvimento da ciência natural e comportamental. Um conceito que se ramifica dentro da parapsicologia tem sido o conceito da sobrevivência da morte corporal, e mais extensamente, o conceito de transcendência das limitações físicas.

Não há nenhuma dúvida que muita coisa do que chamamos pesquisa psíquica e de parapsicologia foi inspirado pela busca do transcendental. Catherine Crowe (1848) escreveu sobre o “lado noite da natureza,” o que significava que um mundo espiritual foi revelado a nós através das premonições, clarividências, aparições de vivos e dos mortos, poltergeists, e outros fenômenos. As publicações de investigadores mais antigos têm mostrado claramente que a busca pelo transcendental, ou o espiritual, ou o aspecto não-físico da humanidade inspirou muitos para se envolverem com parapsicologia. De fato, muitos destes autores discutem que os achados da pesquisa psíquica suportam o conceito da alma ou de dimensões não-físicas da existência humana.

Em seu livro The Unknown [O Desconhecido], o astrônomo francês Camille Flammarion (1900) apresentou muitos exemplos de aparições e de outros fenômenos. Escreveu: “Estes fenômenos provam, penso, que a alma existe, e que é dotada com faculdades desconhecidas atualmente”(p.485). Indicações similares sobre as implicações das pesquisas psíquicas podem ser encontradas em Human Personality and Its Survival of Bodily Death [Personalidade Humana e sua Sobrevivência à Morte Corporal] (1903) de Frederic W. H. Myers, em Body and Mind [Corpo e Mente] (1911) de William McDougall, e em Discarnate Influence in Human Life [Influência Desencarnada na Vida Humana](n.d.b), de Ernesto Bozzano. Em seu livro The Reach of the Mind [A Pesquisa da Mente], J. B. Rhine (1947) discutiu:

“As pesquisas psi mostram que a mente humana pode escapar de limites físicos em determinadas circunstâncias… Conformemente uma diferença distinta entre a mente e a matéria, um dualismo relativo, foi demonstrado pelas experiências psi… ”

(p.205).

Alguns podem considerar estas perspectivas no máximo, metafísicas, e no pior dos casos, não científicas. Mas, não obstante como devem ser vistas, tais considerações tiveram papel importante no conjunto do desenvolvimento da pesquisa científica para os fenômenos psíquicos de variadas maneiras. Enquanto isto possa parecer óbvio a alguém, tais aproximações na história da ciência geraram muita controvérsia. De fato, eu tenho impressão que muitos parapsicólogos atuais parecem pensar que a parapsicologia moderna representa tentativas bem sucedidas de superar o espiritualismo, o interesse na sobrevivência e similares. Eu vejo a historia como um campo complexo e interativo, no qual a parapsicologia desenvolveu-se como uma ciência apesar da questão da sobrevivência e espiritualismo, mas em alguma extensão por causa destes fatores.

A Influência das Idéias Místicas e Ocultas na Ciência

Tradicionalmente, a historia da ciência ficou conceituada como o triunfo da razão e da racionalidade sobre as velhas idéias místicas e de ocultismo. Não por menos, a historiografia da revolução científica e o décimo sétimo século têm mudado durante as últimas três décadas. Alguns dos novos historiográficos sustentam que o Hermeticismo, o Neoplatonismo, a astrologia, ou a alquimia e outras áreas do oculto tiveram influência no desenvolvimento da ciência moderna.

Uma das primeiras vozes na nova historiografia foi Frances Yates (1972/1978), que discutiu em seu livro The Rosicrucian Enlightenment que “a tradição Hermética-Cabalistica-… no acontecimento da ciência Renascentista… não perdeu a força com a vinda da revolução científica… estava ainda presente no fundo das mentes das figuras anteriormente tomadas inteiramente como representantes da emergência completa de tais influencias “(p.232). Embora alguns tenham considerado extrema a posição de Yates (por exemplo, Vickers, 1984a), alguns historiadores mais antigos como Allan Debus (1978) discutiram que as antigas idéias herméticas bem como conceitos de Paracelso afetaram o desenvolvimento da filosofia mecânica que se desenvolveu no décimo sétimo século, que tinha sido explicada tradicionalmente unicamente por observações e pela pesquisa físicas, astronômicas e biológicas (Westfall, 1977). Estudiosos atentaram que o trabalho de Isaac Newton também mostra esta mistura das tradições, especialmente com relação à alquimia. Richard Westfall (1980) e Betty Jo Dobbs (1991) discutiram estes estudos alquímicos de Newton que influenciaram a física de seu Principia. Entretanto, outros historiadores foram opostos fortemente a este ponto de vista da historia da ciência. Brian Vickers (1984a), por exemplo, discutiu que haviam duas mentalidades separadas, a científica e a oculta. Vickers acredita que as antigas idéias místicas não influenciaram o desenvolvimento da ciência de nenhuma forma significativa. Há outros pontos de vista, tais como aqueles que aceitam a influência do oculto no desenvolvimento da ciência mas postulam um impacto de baixo nível (veja a antologia editado por Vickers, 1984b). Em resumo, alguns discutem que a ciência moderna se desenvolveu quando a racionalidade e a observação empírica abandonou as visões místicas e ocultas da natureza (pseudociência para alguns), enquanto outros viram que o místico e o oculto contribuíram também significativamente ao que foi chamado mais tarde de ciência.

Um exemplo do papel positivo da assim chamada pseudociência é a influência da frenologia na neurologia. Em um ponto historiadores da neurologia não tinham nenhum uso para a frenologia em seus estudos. Mas o trabalho revisionista anterior de Ackerchnect (1958), e o trabalho mais antigo de Young (1970), muito fizeram para contribuir à idéia que conceitos frenológicos foram importantes para o desenvolvimento da neurologia de modo que a frenologia continuou a mudar o clima do pensamento e apoiou noções de localização de funções motoras e sensoriais no cérebro.

Mais relevante para nosso assunto da matéria em questão é a mudança do ponto de vista dentro da historiografia da psiquiatria e das idéias da mente subconsciente como expostas por Ellenberger (1970) em seu livro The Discovery of the Unconscious [A Descoberta do Inconsciente]. Ellenberger postulou que o espiritismo e a pesquisa psíquica influenciaram positivamente o desenvolvimento da psicologia dinâmica e a psiquiatria, fenômenos mediúnicos como a escrita automática (entre outros fatores) forneceram o ímpeto para o desenvolvimento de idéias da mente subconsciente. O trabalho de Alfred Binet (1892/1896), William James (1890b), Pierre Janet (1889), e Frederic W. H. Myers (1903), entre muitos outros, são os exemplos disto. O trabalho mais recente dos historiadores Adam Crabtree (1993), Alan Gauld (1992), Pascal Le Maléfan (1999), e Eugene Alfaiate (1996) mostraram como espiritualismo e a pesquisa psíquica interagiram ativamente com aqueles outros campos que estudaram a mente e o comportamento humano em aspectos tais como o desenvolvimento da noção da mente subconsciente. Gauld e Crabtree mostraram que a literatura mesmérica e espiritualista tiveram influencia na construção das noções da mente humana. Quando Taylor discutiu que pesquisa psíquica nos Estados Unidos colidiu na psicoterapia na época de William James, Le Maléfan discutiu que durante metade do décimo nono século, a nosologia psiquiátrica francesa em alguns exemplos espelhou as reivindicações e fenômenos dos médiuns. Embora muito mais necessite ser feito para explorar as contribuições da pesquisa psíquica em outras áreas, este trabalho mostra uma clara - mas ainda não dominante - direção na história da psicologia e psiquiatria em que a pesquisa psíquica e o Espiritualismo são considerados serem mais do que aberrações culturais.

Seguindo esse conceito tradicional, eu discutirei - e não faço nenhuma reivindicação de ser original nesta afirmação - que o espiritualismo em geral, e o conceito de sobrevivência à morte em particular, tiveram um fator de influência no desenvolvimento da parapsicologia de diferentes formas.

A Influencia do Espiritualismo em Importantes Momentos da História da Parapsicologia

Esta parte do artigo é talvez a mais óbvia e auto-evidente, particularmente para aqueles familiarizados com a história da pesquisa psíquica. O conceito de sobrevivência foi básico para o início e o desenvolvimento de tais momentos chaves na história da parapsicologia como trabalho inicial da Society for Psychical Research (SPR) e o trabalho de J. B. Rhine e seus associados na universidade Duke.

A Society for Psychical Research

Seria bom termos em mente que o Espiritualismo foi o processo final de movimentos e crenças anteriores. O conceito de comunicação com os espíritos de pessoas falecidas bem como o registro de fenômenos psíquico de todas as ordens tem considerável precedente histórico. Para encontrar antecedentes relevantes alguém somente tem que estudar trabalhos como os de J. E. Mirville, Pneumatologie: Des esprits et de leurs manifestations fluidiques (1854); de William Howitt, The History of the Supernatural [A História do Supernatural] (1863); de Frank Podmore, Modern Spiritualism (1902); de Cesar de Vesme, A History of Experimental Spiritualism (1928/1931), e o trabalho de outros historiadores (Dingwall, 1930; Inglis, 1977; Paton, 1921). Claramente o fenômeno do moderno espiritualismo pode ser encontrado em épocas anteriores e foram fortemente influenciadas por outro movimentos tais como o mesmerismo, além de outros. Seja como for, foi o espiritualismo, atuando por si mesmo e como um filtro e comunicador de antigas crenças e observações, que ditaram a agenda da pesquisa psíquica.

Alan Gauld (1968) deixou claro que os primeiros pesquisadores da SPR - indivíduos tais como Frederic W. H. Myers e Henry Sidgwick , foram motivados a estudar uma variedade de fenômenos físicos pelo Espiritualismo e por princípios não-materialistas.

Seu trabalho representou uma tentativa de usar a observação sistemática e a experiência para determinar se há mais no universo do que materialismo ditou. Como J. Fraser Nicol (1972) lembrou-nos em sua revisão de livro do Gauld, alguns homens que formaram o primeiro conselho da SPR eram espiritualistas, entre eles William Stainton Moses, Edmund Dawson Rogers e Hensleigh Wedgwood.

O primeiro volume dos Proceedings of the Society for Psychical Research apresentou a agenda da Sociedade no agora clássico “Objects of the Society” (1882). Fora as seis comitês estabelecidas [Out of six committees established], a quarta e a quinta - sobre aparições e casas assombradas, e sobre fenômenos físicos - eram uma conseqüência direta dos interesses dos espiritualistas britânicos durante o décimo nono século passado.

Ao tempo em que SPR foi fundada em Londres (1982), a Inglaterra tinha a poucas décadas a mediunidade de efeitos físicos e mentais [3]. A mediunidade foi uma importante área de discussão nos círculos britânicos. Livros tais como Mystic London [Londres Mísitica] (1875) do reverendo Charles Maurice Davies, uma coleção de memórias do oculto em Londres, relembra de quão confuso e incrível pareceram a alguns observadores na Bretanha, as práticas dos espiritualistas.

Davies (1875, p.290) refere-se ao famoso alongamento do corpo de D. D. Home, e a alguns outros fenômenos como os vôos de Mrs. Guppy, as materializações de Katie King, e as conferências em transe feitas por oradores bem conhecidos do espiritualismo como a Sra. Emma Hardinge Nriten e Sra. Cora L. V. Tappan. Georgina Houghton (n.d.) recontou em seu livro Evenings at Home in Spiritual Séance, como em 1859 ela disse para seu primo que “haviam algumas pessoas vivendo próximas a ela o que significa que os espíritos daqueles que nós perdemos poderiam comunicar-se conosco que continuamos sobre a terra” (p.1). Este é o início de longa vida de compromisso do espiritualismo e o desenvolvimento da própria mediunidade da srta. Houghton. Durante os próximos anos, os ingleses viram as perfomances de médiuns tais como Florence Cook, William Eglinton, Francis Ward Monck, William Stainton Moses, e muitos outros, alguns de bastante reputabilidade.

[3] Sobre Espiritualismo na Inglaterra veja Oppenheim (1985) e Podmore (1902).

A SPR não ignorou todo esse interesse na mediunidade, popularmente diz-se dirigida por entidades desencarnadas. Uma análise do conteúdo dos processos da SPR pelo tipo de artigos mostra que, de cerca de 204 artigos publicados entre 1882 e 1900, 23% foram relatórios de sessões. Entretanto, isto não reflete o número atual de artigos no qual o tema sobrevivência está incluído. Estes tópicos foram discutidos também em outras categorias, tais como artigos teóricos e revisões da literatura.

Embora ambos Barret (1886) e Crookes (1889) reportassem evidência positiva de mediunidade física nos processos da SPR, o restante das avaliações de alguns dos pesquisadores da SPR foram negativos. O artigo de Eleanor Sidgwick (1886b) “Result of a Personal Investigation into the Physical Phenomena of Spiritualism” [Resultado de uma Investigação Pessoal do Fenômeno Físico do Espiritualismo], o qual estudou os médiuns Kate Jencken (Kate Fox), Annie Eva Fay, Catherine Elizabeth Wood, Annie Fairlamb, e Henry Slade, é um exemplo disso. O artigo focou em sessões que tiveram lugar durante os anos de 1870, antes da fundação da SPR. Outra avaliação negativa da mediunidade fisica escrita por Sidgwick foi sua discussão sobre o médium William Eglinton (Sidgwick. 1886a) e o fenômeno de fotografia de espíritos (Sidgwick, 1891).

A mediunidade mental foi discutida em um momento posterior, assim pode ser visto em artigos sobre a mediunidade da Sra. Leonora Piper publicado por Richard Hodgson (1892), Walter Leaf (1890), Oliver Lodge (1890), e Frederic Myers (1890) nos Proceedings da SPR. Este trabalho foi essencial para o desenvolvimento de todos os tipos de edições teóricas (embora, como veremos depois, antes da fundação da SPR, espiritualistas discutiram essas questões em seus escritos). A SPR trabalhou com Piper, começou a estudar a possibilidade de comunicação com espíritos, tornando-se a primeira tentativa sistemática para estudar a comunicação mediúnica sob condições controladas. Foi também a primeira análise detalhada das personalidades de transe publicadas na literatura de pesquisa psíquica. William James (1886, 1890a) conduziu alguns trabalhos preliminares, mas seus esforços não podem ser comparados em termos de organização da SPR ou a seus detalhes.

Os membros da SPR fizeram algumas questões tais como: Qual era a fonte das informações verídicas que vinham através da Sra Piper? Eram os controles da Sra. Piper espíritos ou personalidades secundarias do médium em transe? Como o membro da SPR Walter Leaf comentou sobre Phinuit, um dos controladores da Sra Piper:

Que Dr. Phinuit é somente um nome para uma personalidade secundária da Sra Piper, assumindo o nome e agindo com a atitude e a consistência tal qual é mostrada pelas personalidades secundárias em outros casos conhecidos; que neste estado anormal há um excepcional poder de leitura do conteúdo das mentes dos participantes; mas que esse poder está longe de ser completo.

[Leaf, 1890, p. 567].

Muitos outros comentaram sobre a consistência do comunicador, estudos que nos deram insights pioneiros dentro da dinâmica da mediunidade. Oliver Lodge escreveu em 1890 que:

As mensagens e comunicações… são usualmente dadas através de Phinuit como um repórter. E ele relata algumas vezes na terceira pessoa, algumas vezes na primeira. Ocasionalmente, mas muito raramente, Phinuit parece dar lugar completamente a outra personalidade, amigo ou parente, que então comunica com algo de seu antigo jeito e individualidade; tornando-se freqüentemente muito expressivo e realístico.

[Lodge, 1890, p. 453].

Em adição, muitos exemplos de escrita e fala automática conduziram Frederic Myers (1884, 1885, 1887, 1889a) a iniciar suas explorações da mente subliminal e argumentou que alguns fenômenos mediúnicos podes ser explicados sem o recurso da noção de um agente desencarnado. O título de seu artigo de 1884, “On a Telepathic Explanation of some so-called Spiritualistic Phenomena” [Sobre a Explanação Telepática de alguns dos chamados Fenômenos Espiritualistas], representa uma prévia indicação de suas idéias. Enquanto Myers não era o único em seu apelo para o processo inconsciente como uma explicação de alguns fenômenos como mediunidade automática (por ex. Caspenter, 1877; Von Hartmann, 1885) seus conceitos têm um nível e eficiência de argumentos que seus predecessores não tinham. Myers (1903) eventualmente desenvolveu um modelo que era certamente diferente das concepções mais mecânicas postas adiante pelos teóricos da mente inconsciente Ele, de fato, chegou a argumentar pela supremacia e independência da mente em relação ao corpo. Além disso, ele conduziu sem precedentes, cuidadosa e detalhada análise do material produzido para ele pelos espiritualistas. Sua análise da escrita automática da esposa do Reverendo P. Newnham (Myers, 1885) é um exemplo disso[4].

[4] É interessante notar que espiritualistas contemporâneos eram críticos do eles acreditaram serem tentativas de Myers de reduzir o fenômeno espiritualista a um processo subliminal (p.ex., Haughton,1886; Noel, 1886; Wedgewood, 1886).

A respeito de aparições e assombrações, alguém só precisa se voltar para as páginas de The Night-Side of Nature [O Lado Noturno da Natureza] de Catherine Crowe (1848), Spirits Before Our Eyes [Espiritos ante nosso Olhos] de Whilliam H. Harrison (1879), e Foot falls on the Boundary of Another World de Robert Dale Owen (1860) para encontrar uma variedade de estórias de fantasmas que foram conhecidas pelos pioneiros da SPR. Pode-se lembrar com apreciação os relatórios pelo comitê da SPR em casas assombradas (Barrett et al., 1882; Bushell et al., 1884). Este comitê registrou muito fascinantes casos que influenciaram posteriores idéias sobre o assunto (por ex. Bozzano, 1919/1925). Por exemplo, no segundo relatório do comitê o vigário da casa paroquial afirmou que ele e sua esposa ouviram um som “como o barulho de barras de ferro caindo fortemente no chão” (Bushell et al., 1884, p.145). Esta foi a mais dramática de várias manifestações auditivas. O som foi ouvido coletivamente e por visitantes que não sabiam sobre as assombrações. Além disso, o som mostrou uma periodicidade. Era ouvido somente as 2:00 da manhã de domingo.

Sobre os anos de interesse em assombrações e aparições dos mortos, o clássico “Record of a Haunted House”[Registro de uma casa assombrada] de R. C. Morton (Morton, 1892) e o artigo anterior “Notes on the Evidence, Collected by the Society, for Phantasms of the Dead,” [Notas de evidencia, Coletado pela Sociedade, por Fantasma dos Mortos] de Eleanor Sidgwick (1885), são claros exemplos disso. A Sra Sidgwick disse que a SPR coletou cerca de 370 narrativas “de fenômeno, não claramente físicos, e que os crentes em fantasmas estavam aptos a considerá-los como pessoas falecidas” (p. 70). Ela mostrou outras possíveis explicações para estes casos ao indicar que não poderia aceitar inteiramente nem rejeitar completamente uma explicação em particular. Além dessas haviam idéias de influência de espíritos, tais como uma presença psíquica ou uma alucinação telepática causada por indivíduos falecidos. Outras idéias incluíram comunicações telepáticas entre vivos, e a idéia de influencias psíquicas na casa percebida pelos pesquisadores. O ultimo conceito que veio a ser conhecido depois como a teoria da psicometria de assombrações, e foi discutido muitos anos depois em artigos dos Proceedings da SPR por H. H. Price (1939; veja também Bozzano, 1919/1925).

Publicações posteriores sobre aparições de mortos incluem fascinantes artigos teóricos que mapearam futuras discussões das aparições dos mortos. Os pioneiros da SPR essencialmente examinaram a idéia da sobrevivência que foi aparentemente expressada por esses fenômenos de aparições e analisaram o problema do ponto de vista de uma variedade de possíveis explicações. O artigo “On Recognised Apparitions Occurring More than a Year After Death” [Sobre o Reconhecimento de Apariçoes mais de um ano após a morte] de Myers (1889b) é um exemplo. Neste artigo, Myers conceitualizou estas manifestações em termos da suposta classe de atividade post-mortem e de espíritos de vivos. Ele escreveu:

Em primeiro lugar, eu acredito que telepatia … existe tanto entre espíritos encarnados e entre espíritos encarnados e desencarnados. Eu sustento que há uma serie contínuas de manifestações de tal poder, começando com experimentos de transferência de pensamento e hipnotismo a distancia, processos experimentais através de aparições e aparições coincidentes com a crise da morte, e terminando com aparições após a morte; - os resultados, na minha visão, do exercício continuado da mesma energia do espírito do falecido.

[Myers, 1889b, pp. 63-64].

Frank Podmore (1889) propôs um modelo diferente em um artigo intitulado “Phantasms of the Dead from Another Point of View” [Fantasma de Mortos sob Outro Ponto de Vista]. Seguindo as idéias iniciais da Sra. Sidgwick, Podmore argumentou que casos evidenciais de aparições dos mortos são alucinações telepáticas. A explicação atual seria encontrada, ele escreveu, “na prolongada latência e subseqüente emergência de uma impressão recebida de um homem morto antes da sua morte…” (Podmore, 1889, p. 308).

Este interesse em assombrações e aparições de mortos dentro da SPR teve um interesse paralelo em alucinações, especialmente alucinações de vivos. O trabalho do comitê de literatura foi certamente influenciado pelos registros de ESP espontânea e aparições de vivos tais como fontes espiritualistas mencionadas nos livros de Crowe, Harrinson, e Owen. O terceiro relatório do comitê literário indicou:

Aparições … são elementos próximos ao conhecimento religioso do homem; e a discussão de sua realidade sempre teve aspecto de controvérsia religiosa. Mas as aparições que tiveram mais associação com idéias religiosas foram aquelas dos mortos, e nós faremos o máximo para evitar terrenos controversos, e também para manter nosso objetivo no limite gerenciável, vamos excluir essa classe.Vamos considerar só as supostas assombrações de pessoas vivas, o senso-comum de que são aparições dos mortos, ou assombrações de pessoas próximas do momento de morte.

[Barrett et al., 1884a, p. 111].

O modelo anterior de alucinações, agora classicamente associado ao trabalho inicial da SPR, foi discutido em dois artigos produzidos pelo Comitê de Literatura em 1884 (Barret et al., 1884a, 1884b). Eventualmente, estes esforços levaram ao primeiro exame das alucinações e ao estudo de variadas formas das aparições de vivos, Gurney, Myers e Phantasms of the Living [Fantasmas dos Vivos] de Podmore (1886). Como é bem conhecido, o interesse culminou no famoso “Census of Hallucinations” [Censo de Alucinações] (Sidwick et al., 1894). Um dos propósitos do “Censo” foi estabelecer cientificamente uma relação entre a alucinação e a morte da pessoa representada pela alucinação. A noção de sobrevivência foi o ímpeto original por trás desse trabalho, mesmo se eventualmente os pesquisadores da SPR desenvolvessem diferentes modelos de explicações tal como de alucinações telepáticas.

Enquanto pode-se argumentar que o que eu acabei de discutir é bem conhecido, e que tais efeitos da idéia da sobrevivência e do espiritualismo são óbvios, nós devemos lembrar que o sentido de que é obvio é freqüentemente um pensamento posterior. A pesquisa psíquica seria muito diferente se ela tivesse sido afetada por outros movimentos e não pelo espiritualismo. Se o mesmerismo tivesse tido mais influencia que aquele (e ele teve considerável influência), talvez a SPR tivesse tido mais atenção para a idéia do magnetismo animal e para o similar conceito de força, o qual podia ter resultado na ênfase na medição, detecção e uso de tais forças. Houve alguns estudos da ação mesmérica conduzidos pelo Comitê sobre Mesmerismo (Barret, Gurney, et al., 1883) e por Gurney (1884), mas eles não continuaram depois dos primeiros três anos da existência da SPR. Uma aproximação mais baseada no mesmerismo pode ter incluído mais interesse na pesquisa Od de Reichenbach (1849/1851), o qual Reichenbach acreditava ser uma força universal. Od foi percebido por indivíduos sensitivos primeiramente como emanações de luzes por cristais, magnetos, e pelo corpo humano. [A more mesmerism-based approach may have included more interest in and research on Reichenbach’s (1849/1851) Od, which Reichenbach believed was a universal force. Od was perceived by sensitive individuals primarily as lights emanating from crystals, minerals, magnets, and the human body]. A SPR abandonou cedo este tópico da pesquisa logo depois da fundação da sociedade (Barret, Close, et al., 1883). Alem disso, uma pesquisa psíquica baseada no magnetismo animal podia ter tido mais interesse na área de saúde, o qual foi geralmente assumido envolver algum tipo de transferência de energia.

Se o Cristianismo tivesse mais influência no trabalho da SPR no século XIX, a pesquisa psíquica poderia então ter mais ênfase nos milagres como curas em santuários (ex. Myers e Myers, 1893) e aparições de Maria (ex. Marillier, 1891). Similarmente, o trabalho da SPR deveria ser diferente se a Teosofia tivesse tido mais influência que o espiritualismo. Em vez de médiuns e o estudo do suposto agente humano desencarnado, o campo poderia ter focado mais atenção aos chamados poderes dos mestres espirituais e ao estudo dos efeitos produzidos por “fonte espirituais não-humanas” (ex. Hodgson, 1885).

J. B. Rhine e Associados

Outro momento dessa historia, reconhecida geralmente como crucial para a parapsicologia, foram os estudos de Joseph Banks Rhine e seus colegas conduzidos na Universidade Duke. Rhine - e sua colega e esposa Louisa E. Rhine - foram profundamente influenciados pela idéia da sobrevivência e pelo Espiritualismo, mesmo se ele posteriormente chegou a sugerir que a parapsicologia não podia tratar do assunto de uma forma significativa cientificamente (p.ex., J. B. Rhine, 1974)[5]..

[5] No prévio trabalho de Rhines veja Brian (1982), Mauskopf and McVaugh (1980), Rhine and Associates (1965), e L. E. Rhine (1982). Em Rhine and the survival issue [Rhine e a questão da Sobrevivencia] ver Chari(1982).

Em seu livro New Frontiers of the Mind [Novas Fronteiras da Mente] (1937), Rhine recontou como ele ouviu uma leitura de Arthur Conan Doyle sobre espiritualismo no inicio da década de 1920. Embora ele não estivesse convencido dos princípios Espiritualistas, Rhine ficou impressionado pelo zelo e atitude positiva de Doyle. Rhine escreveu, “se há uma medida da verdade que ele acredita… seria de importância transcendental” (p. 54).

Em 1926, Rhines fez importantes experiências com médiuns. Houve uma seção com Margery, médium de efeitos físicos, que alegava que seu falecido irmão Walter podia produzir materializações e outros fenômenos através dela. Uma simples sessão convenceu-o que a performance era fraudulenta (Rhine & Rhine, 1927) (6). No mesmo ano o pesquisador psíquico Walter Franklin Prince ofereceu pagar a Rhine se ele tivesse uma sessão com a médium mental Minnie Soule (L. E. Rhine, 1982, pp. 104-105), conhecida na literatura mais antiga como Sra Chenoweth [7]. Dennis Brian (1982, p. 53), em sua biografia de Rhine, The Enchanted Voyager [O Viajante Encantado] notou que esses participantes, J. B. e Louisa tiveram tarefas diferentes. Enquanto Louisa tomou notas literalmente num quarto separado, J. B. ficou em outro com a Sra. Soule, interrogando a médium. Os resultados, Louisa escreveu em seu diário, foram decepcionantes (L. E. Rhine, 1982, p. 105).

[6] Sobre a mediunidade de Margery veja Tietze (1973). A respeito de Margery e Rhines veja Brian (1982, capitulo 4), Matlock (1987), e Tietze (1973, pp.107-114).

[7] Minnie Soule foi uma médium Americana estudada antes por Lydia Allison (1929) e James H. Hyslop (1910, pp.722-776). Ela usou o pseudônimo de Sra Chenoweth (veja também Tubby, 1941).

Em 1927, John F. Thomas, servidor do sistema de ensino publico de Detroit, aproximou-se de Rhine para ver ele trabalharia com ele no registro de comunicação mediúnica (L. E. Rhine, 1982, pp. 111-113). Thomas fazia seções com Soule e outros médiuns tentando se comunicar com sua falecida esposa[8]. Rhine aceitou e Tomas perguntou a ele depois de alguns anos se ele e sua esposa iriam para Universidade Duke para trabalhar com William McDougall sobre seus registros de Mediunidade. McDougall era então o chefe do Departamento de Psicologia de Duke. Seu primeiro trabalho em Duke foi centrado no material de Thomas e somente mais tarde eles ramificam para a pesquisa ESP.

[8] Sobre Thomas ver Dale (1941).

Rhine foi com Thomas para continuar a assistir na avaliação das sessões com Sra Soule, bem como com outros médiuns mentais como Eileen J. Garrett e Gladys Osborne Leonard. Thomas eventualmente obteve o grau de doutorado de psicologia na universidade Duke por seus estudos de comunicações mediúnicas. Em seus livros Case Studies Bearing Upon Survival [Estudos de Casos Representativos de Sobrevivência] (Thomas, 1929) e Beyond Normal Cogmition [Além da Cognição Normal] (Thomas, 1937), Thomas mencionou que tanto J. B. quanto Louisa Rhine ajudaram-no de várias formas.

O efeito desses primeiros trabalhos de mediunidade foram dar a Rhine em primeira mão a apreciação do que muito dos outros pesquisadores já haviam percebido, as dificuldades envolvidas em determinar a fonte da informação produzida. Numa carta que escreveu para Prince em 23 de novembro de 1927, J. B. Rhine disse: “Estamos agora organizando nossos pensamentos sobre a questão do que nós requerimos como prova do supra-normal, quantas hipóteses razoáveis temos visto para serem a fonte da informação supranormal, e agora podemos descobrir então qual dessas é a correta…” (citado em Brian, 1982, p.68).

Entretanto, posteriormente Rhine foi mais positivo em relação a sobrevivência. Em 21 de Março de 1929 numa carta à Prince sobre os registros sobre a mediunidade de Thomas, Rhine disse: “Nós temos uma grande e real apreciação pelo Sr. T, e estamos convencido que seu material é em parte no mínimo, evidências genuínas, que das hipóteses disponíveis para nosso conhecimento, certamente a interpretação espírita é a mais aceitável” (citado em Mauskopf & McVaugh, 1980, p. 328).

Esta atitude positiva acerca da sobrevivência e dos estudos foram refletidos na idéia desenvolvida por Rhine em torno de 1928 e 1929. Isto foi estabelecido pelo ” Institute for Experimental Religion ” (Mauskopf & MvVaugh, 1980, p.87). Parte desse trabalho conduzido por este instituto foi a evidência para a existência da alma, incluindo relatórios tais como o fenômenos de aparições sugestivas da sobrevivência. Poucos anos depois, em um artigo de 1933 publicado no Journal of the Society for Psychical Research no qual ele comentou sobre o artigo sobre a sobrevivência escrito por H. F. Saltmarsh (1932), Rhine (1933a) argumentou que os estudos da sobrevivência devem focalizar na evidencia de propósito ou motivação. Em suas palavras:

Os tipos de evidencia para as quais eu me referi como as que oferecem maiores valores de prova a favor da teoria da sobrevivência são aquelas que claramente mostram propósitos que são apropriados somente para uma pessoa, o suposto espírito identificado. O ponto em mente é que motivação peculiar é mais indicativa de que um ‘agente’ envolvido tenha dados da vida passada da pessoa em questão, fatos descrevendo sua personalidade, ou que alegadas manifestações fisicas sejam devidas a seus esforços.

[p. 36].

Claro que isto não é novidade. A questão do propósito ou intenção deve ser avaliada antes por cada pesquisador como Hyslop (1919) e Myers (1903), para citar apenas dois proeminentes exemplos. Enquanto Rhine não oferecia nada novo, nem uma solução para diferenciar espíritos e psi entre fontes vivas, o artigo mostra sua voluntariedade em considerar a sobrevivência em 1933 [as late as 1933]. De fato, é interessante notar que em comunicado adicional publicada depois no mesmo ano no SPR Journal, Rhine se referiu a sobrevivência como uma questão “das mais importante que nós discutimos nesse campo” (Rhine, p. 125).

Enquanto Rhine continuou interessado na sobrevivência por toda sua vida (ex. Rhine, 1943, 1956, 1960, 1974) quando ele publicou sua clássica monografia Extra-Sensory Perception em 1934 ele claramente decidiu que a questão da sobrevivência precisava ser arquivada. Rhine falou da sobrevivência no primeiro capitulo do seu livro. Ele começou classificando os tipos de fenômenos parapsicológicos. Incluindo ESP em geral,incluindo rabdomancia, psicometria e comunicações verídicas de espíritos. Fenômenos psíquicos tais como telecinese, luzes, mudanças de temperatura e aportes, ele designou como parapsicologia psíquica. A categoria de parapsicologia psicológica inclui materializações, alongamentos e estigmas. Possessão negativa e saudável foram consideradas parte dos fenômenos patológicos. Finalmente o fenômeno da parapsicologia literária incluindo a produção de escrita ou artísticas aparamente além da capacidade do individuo.

Esta classificação interagiu com o agente. Agente corpóreo significa referir-se aos efeitos de pessoas vivas e agentes incorpóreos referentes a efeitos de espíritos desencarnados. Rhine escreveu:

Parece haver quatro casos gerais possíveis neste princípio: Um agente corpóreo pode influenciar outro, como em telepatia, ou um corpóreo pode ser a única personalidade envolvida, como em clarividência. O Agente incorpóreo … pode influenciar um corpóreo, como nos chamados experimentos ‘mediúnicos’. Ou, quarto, a personalidade incorpórea parece ser capaz de produzir um fenômeno sem a ajuda de uma personalidade corpórea com capacidades parapsicológicas, e isto é tido como ‘invasões’ chamadas ‘ hauntings’.[and in the seeming ‘invasions’ called ‘hauntings’.]

[J. B. Rhine, 1934a, pp. 8-9].

Rhine afirmou que seu livro tratava somente dos efeitos ESP produzidos por dois indivíduos vivos (testes de telepatia com um emissor) e com um individuo (testes de clarividência sem emissor). Ele não estava certo sobre como classificar os efeitos nesse sistema, especialmente em se tratando de agente incorpóreo. Depois em seu livro Rhine argumentou que a tarefa em mãos foi duplicada. Primeiro, tinha-se que aprender sobre a telepatia e a clarividência através de tentativas para relatar cada fenômeno um para o outro e para outros fenômenos parapsicológicos tais como a rabdomancia [First, to learn about telepathy and clairvoyance through attempts to relate each phenomenon to each other and to other parapsychological phenomena such as dowsing]. Segundo, tinha-se que encontrar outras variáveis relacionadas ao seu funcionamento. Uma vez que estas tarefas terminassem, o fenômeno incorpóreo poderia ser explorado com mais detalhes seguindo um procedimento similar (J. B. Rhine, 1934a, p.147; veja também Rhine, 1934b). Mas este passo posterior no programa de pesquisa de Rhine mudando o foco para o agente incorpóreo, nunca concretizou-se - talvez porque a área do agente corporal provou ser mais difícil de explorar e mapear do que o esperado. Como Rhine escreveu depois, a questão da sobrevivência devia esperar por um melhor entendimento das habilidades Psi dos vivos:

“Para uma coisa, é necessário conhecer os limites e condições de operação do processo Psi antes de projetar experimentos adequados para trabalhar com a hipótese da sobrevivência. Somente quando tivermos evidencia de alguma coisa atrás da faixa de explicações de ESP e PK que a questão da sobrevivência começa”

(J. B. Rhine, 1947, p.214)

Infelizmente para os proponentes da sobrevivência, Rhine (1974) terminou argumentando que a sobrevivência era não-testável. Apesar disso, a sobrevivência foi um motivador importante no início do seu trabalho e um lembrete do quanto certas idéias e movimentos tiveram importantes, mas inesperados efeitos, na historia do desenvolvimento da parapsicologia.

Finalmente, há outra forma na qual Rhine foi afetado pelo espiritualismo. Isto foi sua crença que o fenômeno psíquico em geral poderia mostrar uma evidencia para o aspecto não-físico no ser humano, que é, a independência da mente e o corpo. Rhine discutiu essa visão em seus livros The Reach of the Mind [O Alcance da Mente] (1947) e New World of the Mind [Novo Mundo da Mente] (1953), além de outras publicações.

Estas idéias não vieram somente de resultados de seus experimentos, como ele próprio, Rhine (1947) argumentou. Rhine interessou-se por religião antes em sua vida e planejou ser um ministro (pastor), e então cedo foi levado a crer no não-físico. As idéias de Rhine nessa questão podem ser encontradas na auto-biografia de Louisa Rhine (1982) sobre a sua vida com J. B., Something Hidden. Mas Rhine também foi influenciado pelo espiritualismo e seus fenômenos. Estava ciente dos escritos e idéias de alguns espiritualistas como Artur Conan Doyle, ambos ele e Louise sabiam que os espiritualistas acreditavam que o ser humano é mais que o seu corpo, que havia um componente no ser humano que não dependia das limitações físicas. Voltando em 1865 [As far back as 1865] o espiritualista britânico Benjamin Coleman disse: “Uma vez reconhecido que o espírito é uma entidade viva quando separada do seu corpo de carne, tem uma poder dinâmico fora da matéria, e a grande dificuldade que permanece [enshrouds] na mente materialista se desfaz” (Coleman, 1865, p.128). Similarmente, T. P. Barkas (1876) argumentou nas páginas do jornal Spiritualist: “Se este fenômeno é verdadeiro ele sugere muitas reflexões importantes. A mente não é uma mera propriedade molecular ordinária organizada de matéria, secretada pelo cérebro… mas é independente de qualquer cérebro físico …” (p.261). Como mencionado na introdução, escritores posteriores tais como Bozzano (n.d.b), Flammarion (1900), e Myers (1903) todos argumentaram em linhas similares.

Rhine estava familiarizado com alguma dessa literatura. Em uma carta que escreveu para o presidente da American Society for Psychical Research em 1923 ele disse: “Tendo lido Human Personality (Personalidade Humana) de Myers e alguns outros livros parecidos, eu fiquei profundamente impressionado com a importância desse assunto para a raça humana” (L. E. Rhine, 1982, p. 92). Rhine tinha um claro conceito tradicional que certamente deu-lhe esperança de encontrar respostas acerca da natureza do ser humano, e não fisicamente. A idéia posterior foi de fato o principio central das idéias de Rhine sobre a natureza de Psi (Beloff, 1982; Iannuzzo, 1983).

O Espiritualismo e a Complexidade do Fenômeno Psíquico

A sobrevivência influenciou a pesquisa psíquica de outra forma, mais sutil. Uma delas é a contribuição de espiritualistas para nosso entendimento da mediunidade e outros fenômenos. Algumas vezes nós pensamos que espiritualistas tiveram uma visão simplista e unitarista sobre a natureza do fenômeno psíquico. Bruno Fantoni (1974), em Magia y Parapsicologia, escreveu:

No inicio os espíritas argumentaram que todos os fenômenos paranormais eram produzidos por seres desencarnados … Com o tempo, eles começaram a admitir a possibilidade de uma colaboração entre o espírito do além e do médium … Finalmente, eles foram forçados a admitir a existência do fenômeno paranormal sem a intervenção do morto e que mesmo nestes fenômenos que originados supostamente no além podia haver elementos vindo do inconsciente dos vivos.

[pp.319-320, minha tradução]

Enquanto a visão de Fantoni pode representar muitos indivíduos, eu acredito que um estudo das primeiras literaturas suporta uma visão modificada desse processo. Isto é, os escritos de alguns espiritualistas mostra uma consciência das outras explanações teóricas do fenômeno da sobrevivência que não agentes desencarnados. De fato, a literatura espiritualista contém uma rica discussão intelectual das diferentes possibilidades. A história da pesquisa psíquica algumas vezes tem sido escrita como a historia do triunfo da ciência sobre as armadilhas do Espiritualismo, mas ha um espaço para argumentar que, desde o começo, o Espiritualismo ofereceu-nos uma variedade de explicações alternativas para o fenômeno em questão. Mais importante, o Espiritualismo forneceu o contexto para o desenvolvimento de muitas idéias que ativamente formaram a pesquisa psíquica conceitualmente. Uma delas foi a idéia psi-entre-vivos como explicação de mediunidade.

Ideias Psi-entre-vivos para explicar Mediunidade

Em seu Journal of Parapsychology no artigo “Parapsicologia, Then and Now,” Louisa E. Rhine (1967) sugeriu que explicações através de ESP entre vivos ficaram somente disponíveis ou ficaram somente realísticas após o trabalho experimental que começou nos anos de 1920s. Rhine teve depois particular atenção para o trabalho na universidade Duke. Na sua visão: “Não foi falta de método que levou ao fim a era da pesquisa da mediunidade na questão da sobrevivência. Foi o estabelecimento da ESP que o fez” (p.238). L. E. Rhine foi mais longe ao dizer que os interessados e otimistas sobre a sobrevivência na década de 1920 ” não poderiam então ter percebido que uma explanação alternativa existia” (p.248). Nesta visão ESP não era bastante bem estabelecida nos dias anteriores para ser uma efetiva contra-explicação para o conteúdo de comunicações mediúnicas verídicas. Há alguma verdade nisto já que posteriores experimentos ESP forneceram mais evidência desse fenômeno e informações adicionais sobre esses trabalhos. Mas Louisa Rhine exagerou, especialmente quando ela disse que não existiam explicações alternativas. Rhine não se deu conta do fato que no inicio do Espiritualismo e da pesquisa psíquica houve uma longa tradição de usar ESP como explicação para dar conta das comunicações mediúnicas. O fato que a evidência para ESP tornou-se melhor depois não está em discussão aqui. O que é importante em termos históricos é que observadores de médiuns convenceram-se da validade das explicações ESP, um processo que era uma realidade para eles. Eu estou argumentando aqui que as primeiras literaturas forneceram exemplos de explicações de psi-entre-vivos, mostrando claramente que essas idéias originaram-se dos próprios espiritualistas, e em alguns casos, de não-espiritualistas que acreditavam na sobrevivência.

Em seu livro An Exposition of Views Respectin the Modern Spirit Manifestations, Adin Ballou (1853) escreveu: “Eu acredito que espíritos dos mortos causam muito desses fenômenos, mas não todos eles. Eu acredito que espíritos encarnados, - i.e., a mente do médium, ou a mente de outras pessoas ao redor do médium - algumas vezes atravessam, corrompem, peculiarizam, ou modifiquem as manifestações e a produção das comunicações” (p.3). Para Ballou estava claro que a mente de indivíduos ao redor do médium poderia influenciar o conteúdo da comunicação, um processo que ele refere-se como em “influências mesméricas ou psicológicas, do controle de mentes próximas [ao médium]” (p.29)

Estas idéias não são exclusivas de Ballou. Elas também podem ser vistas em Andrew Jackson Davis (1853). Em seu livro, The presente Age and Inner Life, Davis escreveu que “”pertencendo aos atributos extraordinários da mente do homem, muitas experiências são por alguns indivíduos consideradas como espiritualmente originadas; quando em verdade, só são causados pelas leis naturais de nosso ser…” (pp. 160-161). Davis apresenta uma tabela em seu livro que lista as possíveis causas do fenômeno mediúnico. Em sua visão 40% tem origem nos “espírito dos mortos”.” O resto inclui fraude, explicações neurológicas ou histéricas, “psicologia-nervosa” ou imaginação, e “simpatia cerebral” ou doenças epidêmicas. Dezoito por cento refere-se ao que chamamos de habilidades psíquicas entre vivos. Isto inclui “eletricidade vital” vindo do corpo dos médiuns e clarividentes. Enquanto essas figuras, como a maioria dos escritos de Davis, foram obtidos através de inspiração de clarividência, o ponto importante aqui é que um líder do novo movimento espiritualista americano oferece explicações alternativas de mediunidade que não seja baseada em espíritos.

Davis argumentou que uma das causas principais da aparente contradição em comunicações mediúnicas - ou seja confusões e aparentes erros - era a recepção simultânea de duas diferentes fontes: espíritos e a mente de pessoas vivas. Ele escreveu: “Um médium pode obter pensamentos de pessoas sentadas no circulo, ou de uma mente em local distante do globo …, e ainda estria totalmente equivocado a respeito da sua fonte” (p.202).

Nos anos posteriores, Henry J. Atkinson (1871, p.535), em um artigo intitulado “Science e Spiritualism”, argumentou que era importante ser claro sobre o agente por trás do fenômeno. Isto é, foi uma ação de espíritos dos mortos ou espíritos dos vivos? Um autor posterior comentou o problema envolvido no estabelecimento de identidade do espírito. Ele disse: “A dificuldade a respeito da identidade do espírito são várias; como por exemplo, o dobro das questões do espírito pessoas vivas [as for instance, in the double, or Spirit-issues from the living person]; de clarividência e transferência de pensamento, ou conhecimento ou transferência de memória …” (Atkinson, 1882, p.249).

O espiritualista inglês William Harrinson argumentou que os pensamentos dos participantes poderiam afetar o conteúdo da comunicação mediúnica. Ele refere-se à “leitura de pensamento, ou … a influencia de uma mente em outra” (Harrison, 1873 p. 434) para dar conta do fenômeno.

Helen Dallas (1916), outro escritor que pode ser descrito como um espiritualista, em seu livro Objections to Spiritualism Answered [Objeções ao Espiritualismo Respondidas] comenta sobre o “fato que pensamentos recebidos telepaticamente daqueles ainda na carne pode misturar-se com, ou ser confundido por mensagens do desencarnado” (p.70). Similarmente, o conhecido pesquisador francês e teórico Gustavo Geley (n.d.) disse que a comunicação mediúnica algumas vezes depende de elementos “evidentemente tomados do médium e do participante da seção, todos eles em proporções variadas” (p. 102, minha tradução)

Outro exemplo interessante foi Ernesto Bozzano, provavelmente o mais conhecido espírita europeu do seu tempo. Bozzano disse mais de uma vez que ESP podia dar conta de alguns casos. Em seu livro Animism and Spiritism [Animismo e Espiritismo], ao referir-se ao fenômeno sugestivo de identidade do espírito, Bozzano disse que: “muitos episódios são explicados por manifestações anímicas” (Bozzano, n.d. a, p.47). Em seus estudos de assombrações, Bozzano (1919/1925) favoreceu explicações relatadas por agentes desencarnados para a maioria dos casos. Entretanto, ele aceitou explicações telepáticas entre vivos para um pequeno numero de casos. Em sua visão, porque “nem todas manifestações entre vivos são de origem telepáticas … também nem todas manifestações de assombrações tem origem nos espíritos” (p.305, minha tradução).

Considerando poltergeists, Bozzano também aceitou algum agente entre vivos. Ele escreveu que:

Há um pequeno número de casos que pode ser explicado através da hipótese “anímica” … a emissão esporádica de telecinese ou energia mediúnica controlada por uma rudimentar origem subconsciente. Alguns casos de pequena complexidade podem ser classificados nessa categoria,… mas pode ser dito que, em geral, manifestações ‘poltergeist’ não são nunca completamente anímicas e nem completamente ‘espíritas’ …

[Bozzano, 1919/1925, p. 311, minha tradução].

Outros acreditaram que o pensamento dos participantes podia afetar o fenômeno da materialização. Assim, por ex., no Spiritualist Newspaper, G. W. Stock escreveu que a forma que aparece nas sessões eram “muito maleável e capaz de ser moldado pelos pensamentos e afeições dos participantes” (Stock, 1877, p. 188). Uma visão similar foi citada em artigo anônimo, “A influencia dos participantes sobre as Manifestações Espirituais,” o qual foi presumidamente escrito por H. Harrison ( A influência, 1877).

De fato, as publicações espiritualistas apresentaram uma variedade de idéias sobre a natureza das materializações as quais salientavam a complexidade das discussões, que não eram limitadas a idéia de uma agente desencarnado. Vários escritores especularam sobre a exteriorização do duplo do médium para dar conta da materialização (e.g., Coleman, 1876; Kislingbury, 1876a, 1876b; Reimers, 1876). Um autor escrevendo sobre as materializações de Katie King disse que Katie “não é um espírito independente, mas o espírito, ou ‘duplo’ do médium ….” (Spirit Forms, 1873, p.452). Ilustrando a variedade de idéias sobre materializações a esse tempo, a espiritualista Emily Kislingbury (1876a, 1876b) sugeriu que a transfiguração do médium poderia explicar alguns dos supostos casos de materializações.

Outra maneira de ver a contribuição teórica do espiritualismo é o contexto em que céticos em sobrevivência também desenvolveram importantes modelos teóricos. Houve muitos escritores que sugeriram que uma substancia fluídica emanada do corpo do médium - magnetismo animal, Od, forças nervosas - poderiam explicar muito dos fenômenos mentais, e em especial, os fenômeno físicos do espiritualismo, sem recorrer a um agente espiritual. Uma variedade de céticos da hipótese de agentes espirituais postulam um modelo exploratório diferente. Eles acreditam que o fenômeno poderia ser explicado por uma força vindo do sistema nervoso do médium. Esta literatura incluiu Spirit Manifestations Examined and Explained [Manifestações de Espíritos Examinados e Explicados] de John Bovee Dods (1854), Philosophy of Mysterious Agents [Filosofia dos Misteriosos Agentes de Edward] C. Rogers (1853), Modern Mysteries Explained and Exposed [Misterios Modernos Expostos e Explicados] de Asa Mahan (1855), e Spiritualism Tested [Espiritualismo Testado] de George Samsin (1860). Algum tempo depois ainda no século XIX, vários outros autores como Edward W. Cox (1872), Gerry G. Fairfield (1875), e Eduard von Hartman (1885), continuaram essa linha de pensamento na qual eles explicavam o fenômeno sem recorrer ao agente desencarnado. Esta linha de raciocínio foi continuada depois já no século XX por pesquisadores como Joseph Maxwell (1903/1905), Enrico Morselli (1908), Schrenck-Notzing (1920/1925), e René Sudre (1926). Todos esses escritores que eu mencionei representam o início do que alguns autores modernos chamam de explicação super-psi para o fenômeno da sobrevivência.

Muitas das controvérsias que surgiram dessas idéias foram ferramentas que esboçaram as suposições de espiritualistas e seus opositores. Em seu esboço do livro Ten Years Investigations into Phenomena if Modern Spiritualism (Dez Anos de Investigações de Fenômenos do Moderno Espiritualismo) Thomas P. Barkas (1862) argumentou que neste conceito de forças nervosas “o homem é convertido em uma espécie maquina eletro-odilico-cerebro-vertebral” (p.65). Na visão de Barkas estas idéias de força psíquica não eram suficientes para explicar o fenômeno. Muitos críticos do modelo da força psíquica expressaram seu ponto de vista. Eles questionaram a habilidade dessas forças para produzir efeitos inteligentes, tais como temos visto em alguns movimentos de objetos e no fenômeno de materializações (ex. Aksakof, 1890/n.d; Dr. Dods e Spiritualism, 1855; Força vs Espiritualismo, 1867; Mary Janr, 1863. Review of What Am I?, 1874).

Entretanto, é importante reconhecer que os próprios espiritualistas também aceitaram a existência da força fluídica, mas enfatizando que eram manipuladas pelos espíritos dos mortos. Um influente conceito foi o do perispírito popularizado na França por Allan Kardec, o fundador do espiritismo. No seu conhecido “Livro dos Espíritos,” publicado em 1857, Kardec (1875) apresenta as comunicações mediúnicas referindo-se a um “fluido universal que forma a parte intermediaria entre espírito e matéria…” (p.9). Esta substância foi chamada de perispírito. Ele faz a interação possível do espírito com o corpo e era o veiculo que os espíritos usavam para criar aparições e alguns fenômenos como movimentos de objetos. Em um livro posterior, Kardec (1876) deu mais detalhes sobre a produção dos fenômenos psíquicos via o perispírito. Ele escreveu:

Quando um objeto é posto em movimento, deslocado, ou elevado ao ar, o espírito não o prende, empurra-o, nem levanta-o, como nós fazemos com as nossas mãos; o espírito, por assim dizer, satura-o com seus próprios fluidos combinados com os do médium, e o objeto, sendo assim vivificado por um momento, age como um ser vivo agiria … [e] segue o impulso comunicado a ele pela vontade do espírito.

(Kardec, 1876, pp.76-77).

Em um “discurso de inspiração” sobre o tópico do Espiritualismo como uma ciência o qual foi publicado no Spiritualist Newspaper, o médium de transe britânico e orador em transe J. J. Morse (1876) discutiu idéias similares às de Kardec sobre as noções do perispírito. Na França, esta linha de pensamento foi mais articulada por Gabriel Delanne (1923) e Leon Denis (1922). Semelhantemente, o bem conhecido espiritualista britânico e editor J. Burns argumentou em 1872 que há uma força em constante operação nos seres vivos que pode sair do corpo em determinadas condições e com certos indivíduos que assim produzem fenômenos como movimentos de objetos. Esta energia era a mesma que a energia nervosa e transportada à vontade ao organismo humano[This energy was the same as nerve energy and it conveyed the will to the human organism]. Na visao de Burns:

“A peculariedade do médium está nele exalar um magnetismo com o qual a atmosfera espiritual envolve o espírito podendo tornar-se inter-esferico [intersphered] …, o de um tornando a envolver-se com o do outro … “

(Reed & Woodward, n.d., p.33).

Em alguns panfletos que publicou, Burns incluiu páginas com instruções sobre como conduzir as seções. Um delas foi chamada “Como Investigar o Fenômeno Espiritual.” Esta página dizia: “Os fenômenos são produzidos por uma força vital emanada pelos participantes, os quais os espíritos usam como um link de conexão entre eles e os objetos” (Appendix, n.d., p.51).

A literatura espiritualista inclui muitas outras menções dessas forças. Em seu livro The Debatable Land, o espiritualista americano Robert Dale Owen (1871) refere-se a ” exudações invisíveis das organizações humanas ” (p.404) para dar conta do fenômeno da materialização. Em referencia ao vapor observado em sessões de materialização, William Station Moses disse no encontro da British National Association of Spiritualists em novembro de 1877: “É o sustento universal, a linha material usada em todas operações desta natureza … é a força vital do médium” (Moses, 1877, p.254).

Escritores com orientação espiritualista também discutiram estas idéias no século XX. Na Inglaterra, em seu livro Spirit Intercourse, James Hewat McKenzie (1916) escreveu que era uma “matéria psico-plástica” que sai do corpo do médium para formar as materializações. Na França, Geley argumentou que o ectoplasma consiste da ” descentralização anatomo-biológica no corpo do médium e um externalização de fatores descentralizados no estado amorfo, sólidos, líquidos ou vaporoso” (Geley, 1924/1927, p.358).

Como podemos ver estas idéias de forças e fluidos não ocorreram somente para os escritores anti-espiritualistas. Os Espiritualistas estiveram ativamente envolvidos na discussão e desenvolvimento dessas idéias do início até os dias de hoje. Este é um ponto importante devido a esta noção - que a força vem do corpo do médium para produzir o fenômeno - foi uma dos principais modelos teóricos da pesquisa psíquica entre o século XIX ate os anos de 1920s (Alvarado, 2001). Porque esse conceito foi identificado com explicações de agentes não-desencarnados, precisamos nos lembrar que não foram somente os céticos que contribuíram para a literatura ao esboçar essas influentes idéias.

Influencias Psicológicas nas Comunicações Espíritas

Espiritualistas sempre reconheceram que o médium pode influenciar as comunicações de diferentes formas. Em um artigo chamado “Influencia Cerebral nas Revelações” publicado no jornal americano The Shekinah, S. B. Brittan (1853) argumentou que as comunicações mediúnicas poderiam ser influenciadas pelo pensamento dos médiuns. Brittan comentou: “Em todas as épocas, revelações do mundo espiritual foram essencialmente modificadas pelas características físicas e mentais das pessoas através das quais elas foram dadas à humanidade. No processo de influxo, os elementos de duas mentes são misturados, e a revelação é o resultado de suas ações conjuntas” (pp.39-40).

No livro de Andrew Jackson Davis (1853) o autor comentou sobre a influencia da mente do médium nas comunicações, especialmente refletindo a educação e os costumes do médium. A mente do médium, escreveu Davis, “é quase certo que inconscientemente altera, modifica, e arranjar todas as impressões, de qualquer fonte recebida, invariavelmente em acordo com o estado e o estilo de conhecimento próprio e de cultura individual” (p.203). Esta influência poderia ser completamente indetectável pelo médium.

Em seu Espiritismo Experimental: O Livro dos Médiuns, o guia para Médiuns e para Evocações, Kardec (1876) escreveu sobre as limitações impostas da capacidade de comunicação dos espíritos com os recursos do médium, incluindo aspectos tais como conhecimento das línguas. Outros também falaram sobre essas questões (ex. Ballou, 1853; Dallas, por exemplo, argumentou que, mesmo durante o transe, a “mente do médium … não é um espelho inanimado sobre o qual outras personalidades podem facilmente gravar as impressões de seus pensamentos; Pode ser assim comparado como um oceano movido por correntes internas e perturbado pelos ventos externos” (p.65).

Houve também uma discussão por autores tais como Aksakof (1890/n.d.) e Delanne (1902), os quais, apesar de defenderem o espírito como agente, admitiam que mecanismos dissociativos poderiam dar conta de alguns fenômenos. Em Recherches sur la Médiumnité (1902) de Delanne, em um estudo focando a escrita automática, ele apontou que poderia haver diferentes explicações para comunicações mediúnicas. Embora ele acreditasse que a fonte da comunicação poderia ser distinguida pelo foco do contexto, mesmo nos melhores médiuns o puro automatismo psicológico poderia estar misturado com mediunidade (p.500). Similarmente, Geley argumentou que, enquanto em transe, a capacidade do médium de livre arbítrio era diminuída até o ponto que a comunicação mediúnica poderia ser afetada por ” sugestões mais ou menos voluntárias dos participantes e a vontade de refletir seus próprios pensamentos” (Geley, n.d., p.108, minha tradução).

Nos Estados Unidos, James H. Hyslop era bem conhecido por seus sistemáticos e detalhados estudos de mediunidade mental. Em seu livro, Contato com o Outro Mundo, Hyslop (1919) argumentou que mesmo nas comunicações com entidades espirituais pode haver contaminação vinda dos vivos: Ele escreveu:

Não está nada claro para os investigadores o fato de que todas as mensagens são afetadas pela mente do médium, normal ou subliminal, de acordo com as circunstâncias em que uma comunicação ocorre. Se a mensagem vem pela consciência normal, a forma da mensagem será profundamente afetada. Memórias, interpretações, e a língua determina a forma da mensagem. Em alguma extensão a vontade subconsciente ira afetá-la da mesma maneira em um transe, quando a consciência normal está suspensa.

[Hyslop,1919, p. 107].

Hyslop (1906a) devotou seu livro, Borderland of Psychical Research, a aqueles fenômenos que não eram parapsicológicos mas que tinham a aparência de serem. Entre estes incluiu problemas da memória, alucinações, e uma variedade de fenômenos dissociativos como personalidades secundárias. O livro, Hyslop disse, pretendeu preparar os estudantes futuros do supernormal para discriminar entre o “normal e o anormal, por um lado, e entre estes dois e o supernormal por outro” (Hyslop, 1906a, p. viii). Ele afirmou claramente que o conhecimento de mecanismos psicológicos era essencial à avaliação apropriada dos fenômenos que podem ser indicativos do supernormal em geral, e da sobrevivência em particular. Em muitas ocasiões, insistiu, não era necessário ir além das explanações psicológicas convencionais. Como ele escreveu:

Não é suficiente que um fenômeno deva ser involuntário ou produzido inconscientemente. Deve ser muito mais para obter as credenciais de supra-normal. Deve carregar o selo do conhecimento adquirido por algum outro processo do que a experiência sensorial. Deve também mostrar a evidência de que mais do que imaginação pode produzi-lo em suas criações subliminais, e nós não temos no presente nenhum critério para determinar os limites desta função. Não importa que características da personalidade independente são exibidas por estados secundários ou pelo sujeito dos fenômenos alegados de terem uma fonte externa, se não mostrarem evidências da identidade pessoal de pessoas falecidas são concernentes à ação subliminal. Doravante a personalidade secundária explica muitos fenômenos que receberam anteriormente uma outra explanação, e o critério para a crença nos espíritos é feito de forma mais rigorosa.

[Hyslop, 1906a, p. 284].

Em um outro livro, Enigmas of Psychical Research [Enigmas da Pesquisa Psíquica], Hyslop (1906b) afirmou que personalidade secundária era um fenômeno mais comum do que o “agente espiritual”(p.343). O que é interessante sobre Hyslop é que ele contribuíu ativamente também ao estudo das capacidades subliminais, aos processos que acreditava interagirem com o supra-normal. Um exemplo é o estudo de Hyslop (1913) sobre as funções do subconsciente no qual sumariou e criticou as idéias de Myers sobre a mente subliminal. Outros estudos ao longo destas linhas incluem as análises de Hyslop das supostas comunicações “marcianas” da Sra. Smead (Hyslop, 1918), e seu estudo de fraude inconsciente na produção de fenômenos físicos na mediunidade da Sra. Burton (Hamilton, Smyth, & Hyslop, 1911).

Um outro exemplo interessante de como os espiritualistas contribuíram com explanações psicológicas de comunicações mediúnicas está na reação de alguns espiritualistas às idéias de Kardec sobre a reencarnação. A tese da reencarnação foi uma parte proeminente do sistema de Kardec. Kardec baseou seus ensinos sobre o espiritismo e a reencarnação nas comunicações mediúnicas (Kardec, 1875, 1876). Mas a idéia da reencarnação não foi bem recebida por muitos leitores, particularmente na Inglaterra. Em 1875 um número de discussões da reencarnação foi publicado bem conhecido English Spiritualist Newspaper (por exemplo, Home, 1875; J., 1875; Kislingbury, 1875; Rouse, 1875). Nas páginas desta publicação, D. D. Home (1875) ridicularizou o conceito baseado na presença demasiada de muitas pessoas que alegam ter sido Napoleão e a ausência de pessoas que alegam vidas precedentes comuns. Mais importante, comunicações mediúnicas com um conteúdo reencarnacionista foram atacadas por dois espiritualistas bem conhecidos: Alexander Aksakof e William Harrison.

Aksakof (1875) criticou a confiança de Kardec nos médiuns psicógrafos porque eles eram bem conhecidos por “passar bem facilmente influência psicológica ou idéias preconcebidas… “(p. 75). Sugeriu que conteúdo reencarnacionista de tais escritas automáticas não eram verdadeiramente espirituais, mas dependia preferivelmente do impacto da sugestão do médium.

Um ataque muito mais forte foi publicado em um importante artigo não assinado Spiritualist Newspaper em 8 de outubro, 1875. Presumivelmente, William Harrison, o editor da publicação, escreveu o artigo. Como o autor afirmou:

Praticamente essa doutrina não tem sido ensinada, até o momento atual, por qualquer médium residente na Inglaterra, e aquelas doutrinas que tem sido ensinadas aqui geralmente (com alguns exceções impressionantes) foram fortemente coloridas pelas opiniões do médium, ou dos participantes; em resumo, pode ser colocado como princípio geral que aproximadamente noventa por cento das mensagens dos espíritos contenham mais dos pensamentos do médium do que dos pensamentos do espírito comunicante. Isto ocorre inconscientemente ao médium, claro… Nós bem sabemos que se a doutrina da reencarnação fosse bem agitada na Inglaterra, os espíritos começarão a ensiná-la, razão pela qual as mentes dos vários médiuns serão postas a zumbir pelos argumentos sobre o assunto levantado pelas pessoas ao redor deles, depois do qual haverá abundância de mensagens de espíritos sobre a reencarnação.[We know full well that if the reincarnation doctrine should be agitated in England plenty of spirits will begin to teach it, the reason being that the minds of the various mediums will be set buzzing by the arguments on the subject mooted by persons around them, after which there will be plenty of spirit messages about reincarnation] [Livro dos Espíritos de Allan Kardec 1875, p.170 ].

Outra especulação anônima, provavelmente escrita por Harrison, pergunta: “Quantas revelações no livro de Allan Kardec tiveram sua presença no grupo?” (The Inductive Method [O Método Indutivo], 1875, p.314). A questão principal aqui não é a reencarnação, mas a crença de alguns espiritualistas de algumas idéias expressadas nas comunicações dos espíritos (nesse caso a reencarnação) poderiam ser produzida artificialmente como uma função de sugestão sobre o médium ou através das crenças do próprio médium.

Comunicacoes Mediúnicas entre vivos

Outra contribuição do contexto da sobrevivência para o entendimento da complexidade do fenômeno Psi foi a discussão das comunicações mediúnicas entre vivos. Longe de ser ignorada pelos espiritualistas, essas comunicações foram discutidas na literatura espiritualista desde o principio. Uma das primeiras menções para esse fenômeno aparece no livro de Ballou mencionado anteriormente. Ele escreveu:

“As repostas foram dadas, - fornecendo seus nomes, relacionamento com os vivos, e varias comunicações, - mais tarde pode-se ver que pessoas tomadas como mortas estavam vivas na carne!”

(Ballou, 1853, p.29).

Em suas Letters and Tracts on Spiritualism [Cartas e Tratados do Espiritualismo], Judge John Worth Edmonds (11874) discutiu a existência desses casos. Em uma carta de outubro de 1857, Edmonds menciona um caso de uma comunicação de um homem que não parecia ter mais de 50 anos. Ele resumiu o caso como se segue:

Eu não o via há vários anos; não estava em meu pensamento à época, e ele era desconhecido ao médium. Ele ainda se auto identificou como inconfundível, não somente por sua características peculiares, mas pela referencia a questões conhecidas somente por ele e por mim”

(Edmonds, 1874, p.116).

Tempos depois, Allan Kardec (1876) mencionou a evocação de espíritos de vivos. Tanto Kardec quanto sua tradutora Anna Blackwell, apresentaram casos de evocação de espíritos de vivos (Kardec, 1876, pp. 350-353). Na visão de Kardec, obtidas através de comunicações mediúnicas:

“O momento mais favorável para a evocação de uma pessoa encarnada é durante o seu sono natural; porque seu espírito, estando relativamente livre, pode vir tão facilmente ao evocador quanto ir para algum outro local”

(Kardec, 1876, p.345) [9].

Artigos posteriores publicados na década de 1870 por outros autores discutiram a existência da comunicação entre vivos. Isto inclui Nehrer (1874) em “Apparitions of Incarnated Spirits” [Aparições de espíritos encarnados], e “The Double” [O Duplo] (1875) de Damiani, ambos no jornal Human Nature.

[9] Os casos de Blackwell e Kardec - e outros exemplos de evocação de espíritos de vivos no Jornal Revista Espírita (Etudes, 1860/2001) por Allan Kardec - não eram de forma nenhuma evidenciais. Outros, no entanto, eram (Revisões desses casos aparecem em Bozzano, n.d.b; Curnow, 1927; Dallas, 1924).

Em 1881, no jornal Light [Luz], George Wyld escreveu:

“Espíritos de vivos podem, sob certas condições, entrar no mundo espiritual e agir em todos aspectos como se eles fosse espíritos emancipados da carne.”

Na década de 1890 o espiritualista britânico William T. Stead praticou a escrita automática (Stead, 1893a, 1893b, 1894). Ele recebeu mensagens de pessoas supostamente falecidas e vivas também. Um exemplo desse automatismo telepático foi apresentado em seu pequeno livro How I Know that the Dead Return [Como Eu Sei Que Os Mortos Retornam], publicado em 1909. Uma senhora amiga de Stead estava num fim de semana em Haslemere, cerca de trinta milhas de Londres. Na segunda-feira, Stead dispôs-se a usar sua escrita automática para ver se ele descobria se ela havia deixado Londres. Ele recebeu a seguinte mensagem:

Eu sinto muito dizer-lhe que eu tive uma experiência muito dolorosa, da qual eu estou envergonhada para falar. Eu deixei Haslemere em 2.27 p.m. em uma carruagem de segunda classe, na qual haviam duas senhoras e um cavalheiro. Quando o trem parou em Godalming as senhoras desceram, e eu fiquei só com o senhor. Apos o trem partir ele saiu do seu assento e aproximou-se de mim. Eu fiquei alarmada e repeli-o. Ele continuou a aproximar-se, e tentou me beijar. Eu fiquei furiosa. Nós brigamos. Eu peguei seu guarda-chuva e bati nele, mas quebrou, e eu estava com medo que ele pudesse me dominar, quando o trem começou a sair lentamente da Estação Guilford. Ele lutou, afastou-se de mim, e antes que o trem tivesse parado na plataforma ele pulou e saiu correndo. Fiquei muito chateada mas fiquei com o guarda-chuva.

[Stead, 1909, pp.18-19]

A Senhora confirmou posteriormente a estória com a exceção de um detalhe. O guarda-chuva era dela, e não do atacante.

Outra fascinante contribuição veio do viajante astral Vicent Turvey. Em seu livro, The Beginnings of Seerhip (n.d., ca 1909), Turvey disse que projeta o seu corpo e pode comunicar-se através de médiuns. Foi relatado que os acompanhantes reconhecem Turvey pelo conteúdo da comunicação.

A suposição feita por todos esses autores foi que assim como era possível que os espíritos assim julgados dos mortos podiam se comunicar através de médiuns, também o espírito de pessoas vivas podiam fazer o mesmo sobre condições apropriadas. Estas idéias deveriam ser vistas no contexto de outras crenças. Noutras vezes muitos escritores tem discutido o conceito da excursão da alma, ou do duplo humano. Durante o século XIX alguns autores como Crowe (1848), Kardec (1876), Moses (M.A. Oxon, 1876), Neher (1874), e Owen (1860) discutiram a idéia e apresentaram casos de tais fenômenos como aparições dos vivos. Claramente se acreditou que o espírito dos vivos podiam fazer coisas similares aos espíritos dos mortos.

A discussão desses incidentes ilustra quanto interesse na sobrevivência em geral, e no Espiritualismo em particular, contribuiu para o entendimento e complexidade das comunicações mediúnicas.

Observações Conclusivas

Eu argumentei neste artigo que o conceito da sobrevivência, refratado através das lentes do espiritualismo e da prática da mediunidade, contribuiu num contexto condutivo para o desenvolvimento de diferentes aspectos da parapsicologia. Enquanto algumas coisas são bem conhecidas, tentei apresentar materiais que geralmente não são discutidos em nossa literatura.

Tanto a fundação da SPR e o envolvimento precoce de J. B. Rhine em Parapsicologia podem, em grande parte, ter traçado conceitos sobre a sobrevivência e sobre a questão maior da natureza do ser humano. Para a SPR a idéia da sobrevivência teve uma influência positiva nas pesquisas e na teoria. Isto é, os primeiros pesquisadores da SPR e apropriaram de fenômenos como as aparições, casas assombradas e mediunidade do contexto da sobrevivência que o Espiritualismo apresentou na Inglaterra e isso formou a agenda de pesquisa da Sociedade.

No caso de Rhine, não há duvida que, em larga extensão, o interesse na sobrevivência levou-o para esse campo e para a Duke University. Mas eventualmente teve um efeito “contrário”. Que é, a sobrevivência levou-o depois para o trabalho em ESP experimental não relacionado com a idéia de vida apos a morte e, de fato, J. B. Rhine eventualmente chegou a conclusão que a sobrevivência era um problema não verificável. Este é um exemplo de como uma idéia particular ou contexto pode influenciar no curso da historia contribuindo para um efeito diferente do que era esperado. Então, assim como a mediunidade influenciou tanto o desenvolvimento do conceito da mente subconsciente (Ellenberger, 1970), quanto alguns dos diagnósticos psiquiátricos (Le Maléfan, 1999), a questão da sobrevivência influenciou a moderna parapsicologia experimental. Eu não vou afirmar que o contexto da sobrevivência foi o único fator que guiou a “nova” parapsicologia que Rhine e associados desenvolveram através de seus trabalhos experimentais (p.ex., Mauskopf & McVaugh, 1980; L. E. Rhine, 1971). Mas foi certamente uma das forças iniciais principais e deveria ser reconhecido como tal.

[10] Para discussões sobre as idéias de Rhine sobre sobrevivência e sua pesquisa ESP veja Chari (1982) e Palmer (1982).

As contribuições dos espiritualistas nessa empreitada foi mais direta. Entre essas houve discussões de Psi entre vivos e da explicação psicológicas para o fenômeno, bem com os registros da existência da comunicação mediúnica entre vivos. Espiritualistas influenciaram ativamente a construção desses conceitos, e posto mais amplamente, contribuíram para a consciência da complexidade do fenômeno Psi.

Outro exemplo de um efeito “contrário” foi o trabalho inicial de Myers com a SPR. Cedo em sua carreira Myers publicou artigos que sugeriam que o automatismo e a telepatia podiam dar conta de alguma suposta evidência para a sobrevivência em comunicações mediúnicas (p.ex. Myers, 1884). Neste estagio da sua carreira a idéia da sobrevivência levou Myers a desenvolver uma psicologia do subliminar que, enquanto incitada pela sobrevivência, não adotou tal explicação para o fenômeno. Enquanto Rhine abandonou o estudo de médiuns, Myers continuou a fazê-lo. Mas como Rhine, Myers inicialmente não acreditava na sobrevivência. Isto foi mudado depois em sua carreira (p.ex. Myers, 1903).

Há outros efeitos da sobrevivência diretos, indiretos e não esperados, que eu não discuti. Alguns podem ser o desenvolvimento da metodologia de livre resposta e estudos instrumentais. Os primeiros métodos de análise de livre resposta poderiam ser vistos como uma conseqüência de tentativas para avaliar a sobrevivência pelo estabelecimento da presença de informações verídicas. O uso de instrumentos não foi desenvolvido diretamente pela idéia da sobrevivência, mas foi certamente motivado pelo estudo da mediunidade.Tais idéias aguardam estudo futuro.

Alguns podem dizer que o inicio da parapsicologia aconteceu quando o campo esteve apto a conquistar espaço suplantando supersticiosas idéias como sobrevivência, e tais primitivas e ineficientes metodologias de estudo de seções. Mas há uma forma diferente de ver esse desenvolvimento. Em vez do pensamento de que a parapsicologia progrediu por ter descartado o metafísico e o espiritual, podemos afirmar o oposto. A mudança ocorreu em parte graças à contribuição de idéias tais como a sobrevivência à morte corporal, e não simplesmente a despeito delas.

This is similar to the suggestions of some historians of science and medicine as regards the contribution of the role of the Hermetic tradition, mesmerism, and phrenology to science and medicine. The way the influence was transmitted and the way in which it was received is secondary to this argument. The point is that we should be careful in accepting ideas that present science as the simple conquest over what some regard now as unscientific concepts. Without denying the essential role of research, especially if it is systematic and programmatic, the growth of science cannot be accounted for solely by research findings, and certainly neither can the growth of parapsychology. A variety of such extra-scientific or social factors as the training and personality of scientists, and the views of what is acceptable or not are known to be influential on the course of science. Similarly, such ideas as survival of bodily death have had an effect as well.

Isto é similar à sugestão de alguns historiadores de ciência e medicina quando consideram a contribuição da regra da tradição Hermética, mesmerismo, e frenologia para a ciência e medicina. O modo que a influência foi transmitida e a maneira pela qual foi recebida é secundário para este argumento. O ponto é que temos que ter cuidado em aceitar idéias como que a ciência atual é uma simples conquista sobre o que alguns consideram agora como conceitos nao-científicos. Sem negar o papel essencial de pesquisa, especialmente se é sistemático e programático, o crescimento da ciência não pode ser explicados unicamente por resultados de pesquisa, e certamente também não o crescimento da parapsicologia. Uma variedade de tais fatores extra-científicos ou sociais como o treinamento e personalidade de cientistas, e os pareceres do que é aceitável ou não é sabido ser influente no curso da ciência. Semelhantemente, tais idéias como sobrevivência à morte corpórea possuíram um efeito também.

Naturalmente nós necessitamos ser críticos da influência da sobrevivência. Eu não estou alegando que este foi o único fator nem reivindico que não haja nenhum mérito na mudança do modelo de sobrevivência predominante na parapsicologia para um mais secular baseado em um que relacione a função psíquica às variáveis psicológicas e físicas. Estou somente preocupado em reconhecer os aspectos importantes de nossa historia que são esquecido às vezes por parceiros modernos [11].

[11] Além disso, nós necessitamos recordar que muitos membros do público em geral estão interessados nisto e acreditam na sobrevivência à morte. O ponto é que questões importantes como esta não estão limitadas às opiniões do cientista treinado, porém nós pensamos que os cientistas são capazes de avaliar a evidência.

Os parapsicólogos cientificamente treinados sofrem desta falta de memória histórica por uma variedade de razões. Algum focam em questões tais como a fraude, que eram comuns entre muitos médiuns físicos. Outros focam em problemas metodológicos, tais como as ambigüidades na avaliação da fonte da informação verídica e do papel do acaso dentro das comunicações mediúnicas. Para tais investigadores, é difícil ver além da reputação de fraude e das ambigüidades da evidência da sobrevivência. Nosso passado é percebido sendo muito difícil, muito sujo – para usar o argumento do tubo de ensaio sujo – para ser útil para a pesquisa. Conseqüentemente, não somente a área de sobrevivência é ignorada, mas não há nenhum interesse na aprendizagem sobre os primórdios de nosso campo. Enquanto eu acredito que nós necessitamos ser cuidadosos para não cair em extremos, certamente existe alguma verdade nestas perspectivas.

Além disso, alguns críticos e parapsicólogos modernos vêem conexão entre a parapsicologia e as idéias da espiritualidade e sobrevivência da morte corporal como problemática para nosso campo. James Alcock (1981, 1987) discutiu que os parapsicólogos estão interessados meramente em encontrar a alma e não são reais cientistas. Nesta visão, o interesse no conceito da sobrevivência e na real pesquisa sobre o tópico são vistos como uma validação desta força metapsíquica que diz motivar os parapsicólogos. Mais recentemente, Robert L. Morris (2000) afirmou que a parapsicologia está conectada a de origens metapsíquicas “problemáticas”. Isto, Morris argumenta, é um tipo de problema de relações públicas para a parapsicologia. Se nós pessoalmente encontramos conexões da parapsicologia com o ocultismo, com o espiritualismo, e coisas do tipo, é uma questão que cada um de nós necessita resolver. Os trabalhadores no campo reagem a este problema de acordo com seu treinamento, objetivos e suas visões do propósito do campo. Mas um melindre sobre a sobrevivência e o seu lugar em nossa historia força-nos a reconhecer quão rico é o impacto histórico da sobrevivência na parapsicologia, e quão muito além de nos dar o ponto e uma agenda inicial este impacto, de fato, vai.

Eu espero que eu não seja mal entendido em meus objetivos. Minha finalidade não foi glorificar o espiritualismo nem o conceito da sobrevivência. Eu não estou discutindo que estes eram os únicos fatores agindo. De fato, eu espero que sua influência tornar-se-á mais visível aos parapsicólogos contemporâneos. Meu objetivo é difícil de conseguir porque alguns dos pontos discutidos neste artigo não estão claros a menos que você tenha acesso à literatura difícil de obter. Mas é importante avaliar a história da pesquisa psíquica em que sobrevivência e espiritualismo são somente estágios ao longo da estrada para a parapsicologia científica. Apear desta não ser uma visão completamente incorreta, não é suficiente. Conceitos de sobrevivência em particular e o Espiritualismo em geral não são meros antecedentes nem os meros estágios que foram substituídos. Na verdade são iniciadores ricos e complexos e contribuintes a uma variedade de desenvolvimentos.

Pode-se certamente argumentar que um artigo similar poderia ter sido escrito sobre como a sobrevivência retardou o crescimento da parapsicologia. Eu estou certo que alguns argumentos e exemplos podem ser encontrados para defender esta posição também. Muito mais trabalho necessita ser feito para explorar a influência da sobrevivência no desenvolvimento da parapsicologia em particular, para não mencionar a influência de outras tradições conceituais como dualismo e vitalismo. Uma abordagem pode usar biografias focalizando as vidas de investigadores psíquicos a favor e contra a sobrevivência. Outro trabalho pode investigar questões como o desenvolvimento do conceito da mediunidade e das idéias sobre o processo por trás das comunicações mediúnicas.

Para concluir, é meu desejo que eu tenha tido sucesso em relembrar para meus leitores sobre a importância da sobrevivência para a parapsicologia. Apesar da sobrevivência não ser tão importante hoje como costumava ser na parapsicologia, a influencia passada é um exemplo dos muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento desse campo.

Agradecimentos e Dedicatória

A pesquisa para este trabalho foi possível graças aos ricos recursos da biblioteca da Eileen J. Garrett Library of the Parapsychology Foundation. Eu gostaria de agradecer a Lisette Coly pelas úteis sugestões editoriais.

Quando eu terminava de escrever este artigo a Cidade de Nova Iorque foi atacada por terroristas. Eu gostaria de dedicar o artigo à memória a todas vítimas do ataque.

Parapsychology Foundation,

228 East 71st Street,

New York, NY, 10021.

Abreviação das Referências

Journal of the Society for Psychical Research - JSPR

Proceedings of the Society for Psychical Research - ProcSPR

Journal of the American Society for Psychical Research - JASPR

Proceedings of the American Society for Psychical Research - ProcASPR

Journal of Parapsychology - JP

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Artigo disponível em http://www.survivalafterdeath.org/articles/alvarado/concept.htm

Artigo traduzido por Maurício Mendonça e revisado por Vitor Moura Visoni


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